Romário: ‘Del Nero será o primeiro convocado da CPI do Futebol’

Senador Romário

Senador Romário

Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro

O senador Romário (PSB-RJ) conseguiu tirar do papel a CPI do Futebol. Proposta do ex-jogador desde seu primeiro mandato como parlamentar, a comissão parlamentar de inquérito para investigação de suspeitas de corrupção da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e outras entidades ligadas ao esporte enfim foi aprovada pelo Senado nesta quinta-feira (28).

A aprovação da CPI foi comemorada por Romário em discurso no plenário na Casa nesta tarde. O senador, agora, espera assumir a relatoria da comissão para ter certeza que “tudo o que for apurado seja devidamente registrado”. E, para “moralizar de uma vez o futebol brasileiro”, Romário adianta: “[Marco Polo] Del Nero será o primeiro convocado a depor na CPI.”

Segundo o senador, o atual presidente da CBF tem muito a explicar na CPI. É suspeito de ter recebido propinas de negociações da confederação para venda de direitos da Copa do Brasil e Copa América. Por isso, deveria até se afastar do comando da entidade para poder se defender dos fatos que pesam contra ele: “Se o Brasil fosse um país sério, ele já tinha anunciado sua saída.”

Romário falou com o UOL Esporte. Leia os principais trechos da entrevista.

UOL Esporte: Senador, a CPI que o senhor propôs visa a investigar a CBF?
Romário: Não só a CBF. O objetivo maior da CPI é moralizar o futebol brasileiro como um todo. A CPI, aliás, vai chamar-se CPI do Futebol e não CPI da CBF. Quero, sim, ouvir Ricardo Teixeira [ex-presidente da CBF] e o Marco Polo Del Nero. Eles comandam o futebol brasileiro há anos e têm muito a explicar. Del Nero será o primeiro convocado. Quanto ao [o ex-presidente da CBF, José Maria] Marin, já nem há mais o que suspeitar. Está preso. Mas a CPI vai muito além da CBF.

UOL Esporte: O que mais a CPI vai investigar?
Romário: Vamos investigar as 27 federações, os clubes, tudo. Quero repaginar de uma vez por todas o futebol brasileiro. Quero seja exposto tudo o que é verdade e inverdade sobre o futebol.

UOL Esporte: Como a CPI vai investigar entidades privadas, como a CBF e os clubes? Isso não será um problema?
Romário: Esse argumento sempre é usado por pessoas da CBF quando trata-se da ação do Estado na entidade. Agora, o futebol é uma paixão nacional. É um componente forte da sociedade e da cultura brasileira. Eu entendo que, em determinados pontos do futebol, o Estado não deve agir. Mas há outros em que o Estado tem que atuar. Esses caras estão aí fraudando a Receita, enriquecendo ilegalmente. O Estado precisa coibir.

UOL Esporte: Qual será seu papel nessa CPI? O senhor quer a presidência?
Romário: Não, eu quero a relatoria. Os partidos ainda têm que indicar seus membros para a comissão. Eu acredito que o meu partido, o PSB, irá me indicar. Depois, ainda haverá uma negociação sobre quem ocupa que função. Eu quero a relatoria. Quero ter certeza que tudo o que for apurado será devidamente registrado. Só assim, a CPI poderá ter resultados no futuro.

UOL Esporte: Quando começam os depoimentos?
Romário: Eu espero que na semana que vem. Se não for na semana que vem, no máximo, na próxima. A CPI será instalada o mais rápido possível.

UOL Esporte: O senhor teme que a Bancada da Bola atrapalhe os trabalhos?
Romário: Eu sou da Bancada da Bola – afinal, eu joguei bola. Existe também uma Bancada da CBF. Agora, eu acho que não tem mais como atrapalhar uma CPI como essa. São muitas suspeitas a apurar.

 

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