O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de “coisa de imbecil” o comportamento do líder do governo no Senado, Delcidio do Amaral (PT-MS), preso nesta quarta-feira (25) no âmbito da Lava Jato sob acusação de tentar atrapalhar as investigações.
Lula manifestou sua irritação durante almoço na sede da CUT nesta quinta-feira (26). Nas conversas, Lula demonstrou perplexidade: “Que loucura! Que idiota”, repetiu.
O presidente do PT, Rui Falcão, presente no mesmo evento, afirmou que há diferença entre o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto e o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), ambos presos no âmbito da Operação Lava Jato.
Questionado por que não manifestou ao senador, preso nesta quarta (25) acusado de atrapalhar as investigações do esquema de corrupção na Petrobras, a mesma solidariedade dedicada a Vaccari, Rui afirmou: “Existe uma diferença clara entre atividade partidária e não partidária”.
Após a prisão de Delcídio, o presidente do PT emitiu nota para dizer que o partido “não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade” a ele.
Segundo Falcão, que se diz “perplexo” com os fatos que levaram o Supremo Tribunal Federal a ordenar a prisão do senador, as tratativas atribuídas a Delcídio “não têm qualquer relação com sua atividade partidária, seja como parlamentar ou como simples filiado”. Na avaliação do PT, Vaccari agiu em nome do partido. Delcídio, não.
Lula deixou a sede da CUT sem dar entrevista: “o Rui já falou”, disse.
EXPULSÃO
Já o presidente do PT de São Paulo, Emidio de Souza, defendeu a expulsão do senador. Ele afirmou que alguns casos exigem reação imediata, como “o que houve em São Paulo com o envolvimento de um deputado com o crime organizado”.
Essa foi uma referência a Luiz Moura, que é suspeito de envolvimento com o PCC.
Emidio disse ainda que “a bancada do PT deve se explicar” sobre as críticas à nota em que o partido nega solidariedade a Delcídio. “Apoio a nota [de Falcão]. Se não, a opinião pública nos confunde com atos delituosos”, afirmou, reconhecendo que o “prejuízo ao governo é evidente”.
Falcão preferiu não comentar as críticas que recebeu da bancada, mas disse que a reunião da executiva do partido trará consequências práticas ao senador. Ele não falou se será a expulsão defendida por Emidio, apesar de, na nota de quarta, sinalizar com a hipótese de abertura de um processo na comissão de ética do PT, o que poderia culminar com a expulsão de Delcídio.
“É natural [essa reação negativa da bancada]. Só vou me manifestar agora na reunião da Executiva do partido”, disse, recomendando que os jornalistas ouçam o líder da bancada sobre a reação à nota.
Falcão disse que ainda não há data para a reunião em que será discutida a situação de Delcídio.