Delcídio negociou nome para gerência com orçamento de R$ 1 bilhão na Petrobra

delcidio

Na mesma reunião em que discutiu o pagamento de R$ 4 milhões pelo silêncio do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, além de apoio logístico para ele fugir para a Espanha, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) negociou a indicação de um nome para assumir uma gerência da estatal. Com orçamento de R$ 1 bilhão, a gerência de Tecnologia da Informação (TI) foi escolhida pelo senador petista por ser “menos visada”.

“Tem que fazer a Gerência de TI. Porque a Gerência de TI, ela não não tá… ela não é atividade fim. É atividade meio. E ninguém enche o saco”, disse o senador petista em conversa com o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro. “Eu vou ver direitinho isso(…) porque TI não está na linha de frente e ó (…) É o que você falou. Tem o orçamento de 1 bilhão”, completou.

A conversa sobre nomeações da Petrobras foi iniciada pelo advogado, que chegou a indicar um candidato assumir a diretoria. Ele também questionou o senador sobre a possibilidade de emplacar dois outros nomes, não identificados, que foram referendados pelo petista.

“Deixa eu te fazer uma pergunta. Aqueles dois nomes… É possível ou não é possível?”, questionou Ribeiro. “É possível!”, respondeu Delcídio, revelando ainda ter influência sobre a estatal. Antes de ser eleito senador, Delcídio Amaral foi diretor da Petrobras. É atribuída a ele a indicação do nome de Cerveró para a estatal.

Cerveró confirma ‘prejuízo intencional’ para financiar campanha de Lula

Cerveró abriu o bico

Cerveró abriu o bico

Esquema consistia em perfuração de poços sem petróleo no exterior, por exemplo, para que pagamentos milionários fossem desviados para campanhas no Brasil. Segundo a revista Veja, caso é detalhado em delação premiada do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró

 

A decisão da diretoria internacional da Petrobras de explorar petróleo foi planejada para provocar um “prejuízo intencional” em que sobras de dinheiro, segundo delação premiada sob sigilo na Operação Lava Jato, chegaram a US$ 700 milhões e serviram para abastecer campanhas eleitorais no Brasil, entre elas a campanha à reeleição do então presidente Lula. Segundo reportagem da revista Veja deste fim de semana, a revelação foi feita em delação premiada prestada em abril de 2014 por um funcionário de carreira da estatal, em versão agora reforçada também por colaboração judicial do ex-diretor da petrolífera Nestor Cerveró.

Sentenciado duas vezes pelo juiz federal Sérgio Moro a penas que, somadas, ultrapassam 17 anos de prisão, Cerveró negocia, na intenção de reduzir o peso das condenações, a colaboração premiada que pode confirmar os relatos do delator – cujo nome é mantido em sigilo por determinação das autoridades da Lava Jato. A delação sigilosa se concentrou justamente na atuação de Cerveró, “apadrinhado por caciques do PT e do PMDB”, à frente da diretoria internacional da Petrobras.

 

Em 2006, informa Veja, “[…] a Petrobras pagou 300 milhões de dólares ao governo de Luanda pelo direito de explorar um campo petrolífero em águas profundas nas costas de Angola. Cerveró disse ter ouvido de Manuel Domingos Vicente – então presidente do Conselho de Administração da Sonangol, a estatal angolana do petróleo – que até 50 milhões de reais oriundos de propinas produzidas pelo negócio foram mandados de volta para o Brasil com o objetivo de irrigar os cofres da campanha de Lula. Cerveró fez registrar em um dos anexos: ‘Manoel Vicente foi explícito em afirmar que desses US$ 300 milhões pagos pela Petrobras à Sonangol retornaram ao Brasil como propina para financiamento da campanha presidencial do PT valores entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões’”.

 

Ainda segundo a reportagem, Cerveró informou aos investigadores da Lava Jato que os negócios entre Brasil e Angola eram conduzidos por membros da cúpula dos dois governos. O ex-diretor disse também que o negociador do lado brasileiro foi o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda), àquela época integrante do Conselho de Administração da Petrobras.

 

“Quando da assinatura do contrato, Palocci já havia sido demitido do cargo de ministro devido ao escândalo da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. A Petrobras pagou cerca de 500 milhões de dólares e gastou mais 200 milhões de dólares para explorar quatro blocos de petróleo em Angola. A empresa perfurou poços secos e teve gigantesco prejuízo com a operação em Angola, mas, como explicou Cerveró, isso pouco importou, pois o objetivo era cozinhar os números e deles arrancar propinas para financiar a campanha presidencial de Lula”, acrescenta a revista.

Prefeitura de Ribamar antecipa pagamento da segunda parcela do 13º salário

gil cutrim

 

 

A Prefeitura de São José de Ribamar, através da Secretaria Municipal de Planejamento, Administração e Finanças (SEMPAF), antecipou para o dia 18 de dezembro o pagamento da segunda parcela do 13º salário dos servidores públicos municipais. O pagamento estava programado somente para a semana do Natal.

A antecipação foi uma determinação do prefeito Gil Cutrim (PDT) e visa oferecer maior suporte financeiro aos funcionários neste período de festas de fim de ano. Objetiva, ainda, aquecer o comércio local e movimentar a economia da cidade.

Mesmo diante da crise financeira que continua prejudicado os municípios maranhenses, São José de Ribamar mantém em dia os salários dos servidores.

“Possuímos uma programação orçamentária e financeira a qual seguimos rigorosamente visando justamente manter em dia o pagamento dos salários, a execução de outras obrigações do município e o calendário de obras e serviços que estão em andamento”, explicou o prefeito.

A Prefeitura já implantou várias outras ações de valorização dos servidores municipais da cidade, tais como concessão de três reajustes salariais para os profissionais do magistério (um de 15%, outro de 22% e o terceiro de 8%); implantação de reajuste salarial (ou reposicionamento) para os servidores efetivos, de acordo com o tempo de serviço prestado; concessão de promoções e progressões para professores; criação do novo Estatuto do Servidor Público de São José de Ribamar; instalação da Junta Médica dos servidores municipais; implantação do Portal do Servidor (www.saojosederibamar.ma.gov.br/servidor); implantação do Plano de Carreiras, Cargos e Remuneração; dentre outras.

Salário – Na próxima segunda-feira (30), a Prefeitura efetuará o pagamento dos salários dos funcionários referente a este mês de novembro.

 

 

Lula chama Delcídio de imbecil e idiota

Lula e delcidio

 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de “coisa de imbecil” o comportamento do líder do governo no Senado, Delcidio do Amaral (PT-MS), preso nesta quarta-feira (25) no âmbito da Lava Jato sob acusação de tentar atrapalhar as investigações.

Lula manifestou sua irritação durante almoço na sede da CUT nesta quinta-feira (26). Nas conversas, Lula demonstrou perplexidade: “Que loucura! Que idiota”, repetiu.

O presidente do PT, Rui Falcão, presente no mesmo evento, afirmou que há diferença entre o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto e o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), ambos presos no âmbito da Operação Lava Jato.

Questionado por que não manifestou ao senador, preso nesta quarta (25) acusado de atrapalhar as investigações do esquema de corrupção na Petrobras, a mesma solidariedade dedicada a Vaccari, Rui afirmou: “Existe uma diferença clara entre atividade partidária e não partidária”.

Após a prisão de Delcídio, o presidente do PT emitiu nota para dizer que o partido “não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade” a ele.

Segundo Falcão, que se diz “perplexo” com os fatos que levaram o Supremo Tribunal Federal a ordenar a prisão do senador, as tratativas atribuídas a Delcídio “não têm qualquer relação com sua atividade partidária, seja como parlamentar ou como simples filiado”. Na avaliação do PT, Vaccari agiu em nome do partido. Delcídio, não.

Lula deixou a sede da CUT sem dar entrevista: “o Rui já falou”, disse.

EXPULSÃO

Já o presidente do PT de São Paulo, Emidio de Souza, defendeu a expulsão do senador. Ele afirmou que alguns casos exigem reação imediata, como “o que houve em São Paulo com o envolvimento de um deputado com o crime organizado”.

 

 

Essa foi uma referência a Luiz Moura, que é suspeito de envolvimento com o PCC.

Emidio disse ainda que “a bancada do PT deve se explicar” sobre as críticas à nota em que o partido nega solidariedade a Delcídio. “Apoio a nota [de Falcão]. Se não, a opinião pública nos confunde com atos delituosos”, afirmou, reconhecendo que o “prejuízo ao governo é evidente”.

Falcão preferiu não comentar as críticas que recebeu da bancada, mas disse que a reunião da executiva do partido trará consequências práticas ao senador. Ele não falou se será a expulsão defendida por Emidio, apesar de, na nota de quarta, sinalizar com a hipótese de abertura de um processo na comissão de ética do PT, o que poderia culminar com a expulsão de Delcídio.

“É natural [essa reação negativa da bancada]. Só vou me manifestar agora na reunião da Executiva do partido”, disse, recomendando que os jornalistas ouçam o líder da bancada sobre a reação à nota.

Falcão disse que ainda não há data para a reunião em que será discutida a situação de Delcídio.

Fernando Sarney assume lugar de Del Nero na Fifa

fernando sarney

Marco Polo Del Nero não faz mais parte do Comitê Executivo da Fifa. A decisão foi tomada em reunião da cúpula da Conmebol na sede da CBF, no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (26).

O mandatário da CBF entregou uma carta de renúncia durante encontro do comitê executivo da Conmebol – que indica seus representantes na Fifa – e o documento foi aceito por unanimidade entre os presentes.

 

Na carta, Del Nero indicou que sua cadeira no Comitê Executivo da Fifa será ocupada por Fernando Sarney, filho de José Sarney e um dos quatro vice-presidentes da CBF. A sugestão também foi aceita.

 

A troca será oficializada na próxima semana, durante reunião do comitê da Fifa, em Zurique. Sarney, inclusive, já viajará para este encontro. O novo integrante brasileiro no órgão herdará ainda um salário anual de 200 mil dólares (R$ 750 mil) concedido pela Federação Internacional.

 

Em breve nota publicada no seu site, a CBF confirmou a renúncia e explicou a decisão de Marco Polo. “Del Nero informa também que permanecerá com sua cadeira no Comitê Executivo da Conmebol e que, neste momento, optou por dar atenção integral aos debates e temas do futebol brasileiro”, disse o comunicado.

 

Del Nero faltou a todos os compromissos internacionais da Fifa desde maio, quando teve início o escândalo de corrupção que abalou o futebol mundial. Na ocasião, sete dirigentes de alto escalão foram presos, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marín, às vésperas do congresso geral da entidade em Zurique. No mesmo dia das prisões, Del Nero voltou ao Brasil e não viajou mais ao exterior.

 

Devido às ausências, a Conmebol não contava mais com Del Nero. Investigado pelo FBI, o dirigente tem evitado até mesmo eventos no Brasil, como a entrega do título brasileiro ao elenco corintiano, na Arena Corinthians, no último domingo (22).

 

Embora tenha renunciado ao cargo na Fifa, Del Nero seguirá no comando da CBF. Ele alega ter deixado o posto no Comitê Executivo devido ao excesso de compromissos à frente do futebol brasileiro e da Conmebol. A renúncia, na verdade, foi uma maneira de evitar maior constrangimento, já que o dirigente seria afastado de qualquer maneira pela entidade sul-americana.

 

Os integrantes do Comitê Executivo são indicados pelas respectivas Confederações, assim acontecendo com Del Nero, que tinha uma cadeira no comitê oferecida pela Conmebol.

 

Agora a entidade sul-americana busca novos integrantes para oferecer ao Comitê Executivo. Além de Del Nero, recentemente a Conmebol perdeu outro importante membro na Fifa: o colombiano Luis Bedoya, que renunciou ao cargo e à presidência da Federação Colombiana de Futebol.

Senadores que votaram por manter prisão de Delcídio

senado

Acir Gurgacz (PDT-RO)

Aécio Neves (PSDB-MG)
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP)
Ana Amélia (PP-RS)
Antônio Carlos Valadares (PSB-SE)
Ataídes Oliveira (PSDB-TO)
Benedito de Lira (PP-AL)
Blairo Maggi (PMDB-MT)
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Cristovam Buarque (PDT-DF)
Dalírio Beber (PSDB-SC)
Dário Berger (PMDB-SC)
Davi Acolumbre (DEM-AP)
Douglas Cintra (PTB-PE)
Eduardo Amorim (PSC-SE)
Elmano Ferrer (PTB-PI)
Eunício Oliveira (PMDB-CE)
Fernando Coelho (PSB-PE)
Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN)
Hélio José (PSB-DF)
Ivo Cassol (PP-RO)
Jader Barbalho (PMDB-PA)
João Capiberibe (PSB-AP)
José Agripino (DEM-RN)
José Maranhão (PMDB-PB)
José Medeiros (PPS-MT)
José Serra (PSDB-SP)
Lasier Martins (PDT-RS)
Lídice da Mata (PSB-BA)
Lúcia Vania (PSB-GO)
Magno Malta (PR-ES)
Marcelo Crivella (PRB-RJ)
Marta Suplicy (PMDB-SP)
Omar Aziz (PSD-AM)
Otto Alencar (PSD-BA)
Paulo Bauer (PSDB-SC)
Paulo Paim (PT-RS)
Raimundo Lira (PMDB-PB)
Randolfe Rodrigues (REDE-AP)
Reguffe (PDT-DF)
Ricardo Ferraço (PMDB-ES)
Ricardo Franco (DEM-SE)
Roberto Requião (PMDB-PR)
Romário (PSB-RJ)
Romero Jucá (PMDB-RR)
Ronaldo Caiado (DEM-GO)
Rose de Freitas (PMDB-ES)
Sandra Braga (PMDB-AM)
Sérgio Petecão (PSD-AC)
Simone Tebet (PMDB-MS)
Tasso Jereisseti (PSDB-CE)
Valdir Raupp (PMDB-RO)
Vanessa Graziotin (PCdoB-AM)
Vicentinho Alves (PR-TO)
Waldemir Moka (PMDB-MS)
Walter Pinheiro (PT-BA)
Wilder Morais (PP-GO)
Zezé Perrella (PDT-MG)

Veja quem votou pela liberação de Delcídio

senado 2

BRASÍLIA — Entre os senadores petistas, apenas Paulo Paim (PT-RS) e Walter Pinheiro (PT-BA) não votaram pelo relaxamento da prisão de Delcídio Amaral (PT-MS). O presidente do PP, Ciro Nogueira (PI) não votou, e o senador Edison Lobão (PMDB-MA) , investigado na Lava-Jato, se absteve.

Veja a lista completa dos 13 senadores que votaram pela liberação de Delcídio:

Ângela Portela (PT-RR)

Donizetti Nogueira (PT-TO)

Fernando Collor (PTB-AL)

Gleisi Hoffman (PT-PR)

Humberto Costa (PT-PE)

João Alberto Souza (PMDB-MA

Jorge Viana (PT-AC)

José Pimentel (PT-CE)

Lindbergh Farias (PT-RJ)

Paulo Rocha (PT-PA)

Regina Souza (PT-PI)

Roberto Rocha (PSB-MA)

Telmário Mota (PDT-RR)

 

 

Em votação aberta, Senado mantém prisão de Delcídio

Plenário do Senado finaliza votação da redação final da reforma política, que agora volta para a Câmara (Wilson Dias/Agência Brasil)

 

Por 59 votos a 13 e uma abstenção, o Senado decidiu em votação aberta manter a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), preso na manhã desta quarta-feira (25) sob acusação do Ministério Público Federal de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato. Setenta e quatro parlamentares estiveram presentes na sessão.

 

Antes de a prisão do petista ser colocada em plenário, os parlamentares decidiram pelo voto aberto por 52 votos a 20, com uma abstenção – o presidente da Casa não vota. O PT foi a única bancada a determinar orientação em favor do voto secreto. Dois senadores petistas não seguiram o partido: Paulo Paim (RS) e Walter Pinheiro (BA) optaram pelo voto aberto.

 

Além dos outros nove petistas, optaram pelo voto secreto Jader Barbalho (PMDB-PA), Ivo Cassol (PP-RO), Benedito de Lira (PP-AL), Douglas Cintra (PTB-PE), Edison Lobão (PMDB-MA), Fernando Collor (PTB-AL), João Alberto Souza (PMDB-AL), Telmário Mota (PDT-RR), Valdir Raupp (PMDB-RO), Zezé Perrella (PDT-MG) e Vicentinho Alves (PR-TO). Eunício de Oliveira (PMDB-CE) foi o único que se absteve.

 

Durante a sessão, Renan Calheiros criticou a nota do PT sobre a prisão de Delcídio do Amaral e a classificou o documento como “oportunista e covarde”.

 

Por que o Senado votou sobre a prisão?

De acordo com a Constituição Federal, deputados federais e senadores não podem ser presos, a não ser em flagrante de crime inafiançável, na qual estaria inserida a detenção de Delcídio. “O próprio Ministério Público sabia da dificuldade de uma prisão preventiva a um parlamentar no exercício do mandato”, disse o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), antes do início da votação.

 

“O crime não é inafiançável. No entanto, o STF lançou mão do inciso 324 do código penal para dar caráter a isso. Não se trataria de crime inafiançável, mas de circunstância que veda a fiança. Dadas essas circunstâncias, caberá ao plenário do Senado Federal definir sobre a prisão”, afirmou o presidente do Senado.

 

A prisão havia sido ordenada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki, o que levou o caso à 2ª Turma para a análise dos demais ministros. A decisão de confirmar a prisão foi unânime. Votaram a favor da medida determinada por Teori os ministros Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Dias Toffoli.

 

Investigação do Ministério Público Federal apontou que o senador chegou a oferecer uma mesada de R$ 50 mil ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, além de um plano para que o ex-executivo pudesse fugir do país. O objetivo de Delcídio, segundo a Procuradoria, era evitar que Cerveró fizesse delação premiada, dando detalhes à Justiça do envolvimento dele em irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.

 Oposição pediu voto aberto

O regimento da Casa previa o voto secreto, mas, antes da votação, a oposição pediu que a decisão fosse tomada em aberto. “Se em caso de cassação já o fizemos, por que não em um caso de prisão como esse?”, questionou o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). “Não é momento de satisfação para os senadores da Casa, que convivem com Delcídio, mas é preciso separar as relações pessoais”, disse Randolfe Rodrigues (Rede-AP). “O voto secreto é exceção, não regra.”

O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) defendeu o voto secreto, assim como José Pimentel (PT-CE), que substituiu Delcídio do Amaral na liderança do governo. “Sou daqueles que aprendi que, entre a vontade do legislador e a legislação, devemos ficar com a legislação para ficar com a segurança jurídica.”

PT abandona Delcídio à própria sorte

Rui Falcão, presidente nacional do PT

Rui Falcão, presidente nacional do PT

 

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, divulgou nota nesta quarta-feira (25) na qual afirmou estar perplexo com os fatos que levaram à prisão do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral(PT-MS). Para Falcão, os fatos atribuídos ao senador não têm relação com o partido e, por isso, o PT não se vê obrigado a qualquer “gesto de solidariedade” a Delcídio.

Leia a nota do presidente do PT na íntegra:

O presidente Nacional do PT, perplexo com os fatos que ensejaram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de ordenar a prisão do Senador Delcídio do Amaral, tem a dizer o seguinte:

1- Nenhuma das tratativas atribuídas ao senador têm qualquer relação com sua atividade partidária, seja como parlamentar ou como simples filiado;

2- Por isso mesmo, o PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade;

3- A presidência do PT estará convocando, em curto espaço de tempo, reunião da Comissão Executiva Nacional para adotar medidas que a direção partidária julgar cabíveis.

Brasília, 25 de novembro de 2015

Rui Falcão
Presidente Nacional do PT

 

 

ÁUDIO: ouça a gravação que embasou a prisão do senador Delcídio do Amaral

https://youtu.be/gfSWqXSxwpk

Uma gravação com 1 hora e 35 minutos revela como o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), ofereceu R$ 50 mil mensais ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para que ele não fechasse acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal

– Ouça acima a íntegra do áudio

Ouça ao final trechos selecionados dos diálogos

No diálogo ocorrido no dia 4 de novembro em um quarto do hotel Royal Tulip, em Brasília, o petista também propôs ao filho de Cerveró, Bernardo Cerveró, que, se o ex-diretor realmente optasse por um acordo com os procuradores da República, ele não o citasse.

A gravação embasou a prisão de Delcídio nesta quarta-feira (25) pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. O parlamentar petista é acusado pela PGR de estar atrapalhando as investigações.

A gravação foi feita em um celular de Bernardo. Além de Delcídio e do filho de Cerveró, também participou do encontro o advogado Edson Ribeiro, que era responsável pela defesa de Cerveró na Lava Jato.

No dia 19, a Procuradoria Geral da República recebeu o áudio com a íntegra da conversa por meio de uma advogada de Bernardo, que atuou no acordo com o Ministério Público.

No dia seguinte, Cerveró e o filho prestaram depoimento, separadamente, aos procuradores da República, segundo apurou o Blog. Os depoimentos ajudaram na conclusão do pedido de prisão do senador do PT, do banqueiro, do advogado Edson Ribeiro e do chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira.

Ribeiro é acusado de participação no crime de obstrução de Justiça apontado pelo MPF, juntamente com Delcídio e o banqueiro André Esteves – dono do Banco BTG Pactual, que foi preso pela PF nesta quarta no Rio. Ribeiro estava à frente da defesa de Cerveró, mas foi acusado por investigadores de fazer um “jogo duplo” no caso. Há um pedido de prisão contra o advogado ainda não cumprido.

O ex-diretor da área internacional da Petrobras fechou acordo de delação premiada em 18 de novembro. O acordo precisa ser homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Veja abaixo a transcrição de trechos da conversa:

Pagamento mensal de R$ 50 mil a Cerveró
Advogado Edson Ribeiro: Só pra colocar. O que que eu combinei com o Nestor que ele negaria tudo com relação a você [Delcídio] e tudo com relação ao (…). Tudo. Não é isso?” […] “Tá acertado isso. Então não vai ter. Não tendo delação, ficaria acertado isso. Não tendo delação. Tá? E se houvesse delação, ele também excluiria.

Delcídio do Amaral: É isso […] E aí a gente encaminha as coisas conforme o combinado. Vê como é que vai ser a operação de que jeito contratualmente, aquilo tudo que eu conversei com você.

Delcídio do Amaral: Bernardo, esse é o compromisso que foi assumido, né? E nós vamos honrar.

Interferência no STF
No pedido de prisão enviado ao STF, Janot transcreve trechos das conversas de Delcídio do Amaral com o filho de Nestor Cerveró. Em um dos trechos, o senador diz que precisa “centrar fogo no STF”, referindo-se a ministros com quem teria conversado para tentar blindar o ex-diretor da Petrobras.

Delcídio do Amaral: Eu acho que nós temos que centrar fogo no STF agora, eu conversei com o Teori [Zavascki], conversei com o [Dias] Toffoli, pedi para o Toffoli conversar com o Gilmar [Mendes], o Michel [Temer] conversou com o Gilmar também, porque o Michel tá muito preocupado com o [Jorge] Zelada, e eu vou conversar com o Gilmar também.

Após a PGR disponibilizar trechos das conversas de Delcídio que serviram como base para a prisão dele, a assessoria de imprensa do vice-presidente Michel Temer informou que ele “jamais” tratou desse tipo de tema com Delcídio do Amaral.

Além disso, após sessão do STF, o ministro Dias Toffoli declarou que a Corte “não vai aceitar nenhum tipo de intrusão nas investigações que estão em curso” e o ministro Gilmar Mendes negou ter recebido “apelo” para ajudar Cerveró. “Não tive oportunidade de receber qualquer referência em relação a esse fato”, disse.

Plano de fuga
Em outro trecho da conversa entre Delcídio e o filho de Cerveró, o petista afirma que o “foco” deve ser tirar o ex-diretor da Petrobras da prisão. “Agora a hora que ele sair tem que ir embora mesmo”, sugere o senador.

Logo depois, o filho de Cerveró diz ao petista que estava pensando em uma rota de fuga pela Venezuela e que o “melhor jeito” seria fugir em um barco. Pouco depois, Delcídio sugere, então, que a melhor rota de fuga seria pelo Paraguai.

Delcídio do Amaral: Tem que pegar um Falcon 50 [modelo de avião], alguma coisa assim. Aí vai direto, vai embora. Desce na Espanha”. […] “Falcon 50, o cara sai daqui e vai direto até lá.

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OUTROS TRECHOS DE DIÁLOGOS

DELCÍDIO: Agora, agora, Edson e Bernardo, é eu acho que nós temos que centrar fogo no STF agora, eu conversei com o Teori, conversei com o Toffoli, pedi pro Toffoli conversar com o Gilmar, o Michel conversou com o Gilmar também, porque o Michel tá muito preocupado com o Zelada, e eu vou conversar com o Gilmar também.

EDSON: Tá.

DELCÍDIO: Porque o Gilmar ele oscila muito, uma hora ele tá bem, outra hora ele tá ruim e eu sou um dos poucos caras…

EDSON: Quem seria a melhor pessoa pra falar com ele, Renan, ou Sarney…

DELCÍDIO: Quem?

EDSON: Falar com o Gilmar

DELCÍDIO: Com o Gilmar, não, eu acho que o Renan conversaria bem com ele.

 EDSON: Eu também acho, o Renan, é preocupante a situação do Renan.

 DELCÍDIO: Eu acho que, mas por que, tem mais coisas do Renan? Não tem…

 EDSON: Não, mas o…, acho que o Fernando fala nele, não fala?

 DELCÍDIO: Fala, mas fala remetendo ao Nestor.

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EDSON: É. Eu tô com aquele outro HC que tá na mão do Fachin.

DELCÍDIO: Tá com, tá com o Fachin?

EDSON: Tá. [vozes sobrepostas]

DELCÍDIO: Ah é você me falou (…)

EDSON: Que é pra anular (…)

DELCÍDIO: Conversar com Fachin.

EDSON: Se a gente anula aquilo, a situação de todos tá resolvido por que aí eu vou anular em cadeia, eu anulo a dele, Paulo Roberto, anulo a do Fernando Baiano. [vozes sobrepostas]

EDSON: A do Fernando Baiano eu anulo.

DIOGO: É pra anular a delação premiada.

EDSON: Eu peço aí, aí, oh só. [vozes sobrepostas]

EDSON: Paulo Roberto, por que, por que foi homologada pelo Supremo, aí eu consigo anular a do Ricardo Pessoa, enquanto Supremo também eu peço suspensão e anulo aquela porcaria também em situação idêntica. Consigo anular a do Fernando Baiano, a do Barusco e a do Júlio Camargo. Pô cara!

DELCÍDIO: E tá com o Fachin? Eu tô precisando fazer uma visita pra ele lá hein!

EDSON: Essa é a melhor por que acaba a operação. Por que se na decisão disser que não anula apenas [vozes sobrepostas]

DIOGO: É a 130 a 106?

EDSON: eu tenho aqui, eu tenho aqui (…) espaços, por que se isso aqui for anulado e se a decisão disser a partir [vozes sobrepostas].

DELCÍDIO: Você quer atender?

EDSON: Não, é mensagem, mas a partir da anulação tudo resta nulo, tudo.

DELCÍDIO: Isso tá com o Fachin?

EDSON: E o bom, a nossa tese é cível, e ele é civilista.

DIOGO: Exatamente. EDSON: Isso foi a melhor coisa que aconteceu (…) foi pô, Fachin (…) [vozes sobrepostas]

BERNARDO: O problema é ele, ele, tem a possibilidade de ele redistribuir uma porra assim?

EDSON: Não!

BERNARDO: Não!

DIOGO: Não, não, acho que não!

EDSON: É ele. Não tem jeito!

DELCÍDIO: Diogo, nós precisamos, nós precisamos marcar isso logo com o Fachin, viu!

DIOGO: Hum rum!

DELCÍDIO: Fala com o Tarcisio lá.

DIOGO: Tá!

DELCÍDIO: Pra ver se eu faço uma visita pro Fachin.

EDSON: Esse todo mundo devia cair em cima e pedir por que resolve tudo

DELCÍDIO: Esse mata tudo… Quer dizer sobre o ponto de vista jurídico em função do HC só tá faltando o Gilmar.

DIOGO: Han rã!

DELCÍDIO: E eu vou essa ideia do Edson é boa, e eu vou falar com Renan também … é, é, e na verdade tá tá Renato e e

EDSON: Isto, são os dois

DELCÍDIO: E Nestor está na mesma, na mesma, (…)

EDSON: E aí vai servir para Zelada também que é igual [vozes sobrepostas]

DELCÍDIO: E outra é falar com Tarcísio para marcar um café meu com Fachin … é importante isso.

EDSON: Nesse o Zelada vai junto. Ele vai dar extensão pro Zelada.

DELCÍDIO: Aí puxa… Bom, depois, havendo a soltura aí são outros quinhentos que tem que avaliar.

EDSON: Isso aí.

BERNARDO: Sim, a gente a gente operacionaliza rapidamente e a gente só vai precisar do…

EDSON: Eu preciso mantê-lo aqui por enquanto, mas eu quero examinar analisar muito calmo essa situação do TRF, questão de tempo.

BERNARDO: É, acho que vai depender muito do resultado desse HC, por que até [vozes sobrepostas] sim (…)

EDSON: Só depende do HC.

BERNARDO: Não, do do Fachin, por que aí (…) é sinal que a coisa aí ele (…) teria mais motivo pra ficar.

EDSON: Ah, sim!

BERNARDO: Se se se começar a anulação.

EDSON: Tudo anulado não tem porque fugir porra. Não vai dar nada pra ninguém… Bom, então é … Eu não falei com Kakay, eu falei por alto com Kakay. Eu encontrei com ele num restaurante no Leblon, ele até me pediu uma cópia desse HC, eu não mandei a cópia pra ele, tá, eu esperei falar com vocês pra saber se falo ou não falo com ele … por que eu tenho medo.

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DELCÍDIO: Hoje eu falo, porque acho que o foco é o seguinte, tirar; agora a hora que ele sair tem que ir embora mesmo.

BERNARDO: É, eu já até pensei, a gente tava pensando em ir pela Venezuela, mas acho que… deve se sair, sai com tornozeleira, tem que tirar a tornozeleira e entrar, acho que o melhor jeito seria um barco… É, mais porque aí chega na Espanha, pelo menos você não passa por imigração na Espanha. De barco, de barco você deve ter como chegar…

EDSON: Cara é muito longe.

DELCÍDIO: Pois é, mas a idéia é sair de onde de lá?

BERNARDO: Não, da Venezuela, ou da…

EDSON: É muito longe.

DELCÍDIO: Não, não…..

BERNARDO: Não, mas o pessoal faz cara, eu tenho um amigo que trouxe um veleiro agora de…

EDSON: Não, tudo bem, (vai matar o teu velho).

BERNARDO: É … mas não sei, acho que…

EDSON: [risos] … Pô, ficar preso (…)

BERNARDO: Pegar um veleiro bom…

DELCÍDIO: Não mas a saída pra ele melhor, é a saída pelo Paraguai…

BERNARDO: Mercosul…

EDSON: Mercosul, porque o pessoal tem convenções no Mercosul, a informação é muito rápida.

DELCÍDIO: É? E

EDSON: É

EDSON: E ao inverso… seria melhor, porque ele tá no Paraná, atravessa o Paraguai…

DELCÍDIO: A fronteira seca…

EDSON: (…) Entendeu, e vai embora, eu já levei muita gente por ali, mas tem convênio, quando você sai com o passaporte, mesmo…

DELCÍDIO: Eles trocam…

EDSON: (…) Rápido, Venezuela não tá no Mercosul, então a informação é mais demorada, um pouco mais demorada, então quanto mais você dificultar, melhor.

DELCÍDIO: Mas ele tando com tornozeleira como é que ele deslocaria?

BERNARDO: Não, aí tem que tirar a tornozeleira, vai apitar e já tira na hora que tiver, ou a gente conseguir alguém que…

EDSON: Isto a gente vai ter que examinar.

BERNARDO: É…

EDSON: Por que a minha expectativa é que o Moro faça uma nova preventiva, se bem que não existe motivo nenhum DIOGO: É isto que eu tô pensando.

BERNARDO: Mas isto não impediu ele no passado…

EDSON: O ideal seria, ele sai, deixa (com a lei), tranquilo, se o Moro vier com uma nova preventiva, sem motivo nenhum, a gente faz até uma reclamação no Supremo, entendeu…

DELCÍDIO: Eu acho que a gente…

EDSON: Tecnicamente o ideal é não fugir agora.

DELCÍDIO: Edson, a gente tem que fazer o possível pro Nestor ter tranquilidade aqui.

EDSON: É.

DELCÍDIO: Até por questões de caráter familiar…

BERNARDO: É, a gente já evitou dele…

EDSON: se o Supremo solta, não vai ter nenhum elemento, o grande problema é que os processos estão correndo rápido, né [sopreposição de falas]…

DELCÍDIO: Você acha que eles estão tentando encaminhar pra terminar isto ou não?

EDSON: Sim.

DELCÍDIO: A idéia, impressão de vocês é esta?

EDSON: Tá correndo, então já vai julgar segunda instância agora do Nestor, as sondas, aí eu tenho recurso especial extraordinário que não tem efeito suspensivo, então meu medo qual é? Que o tribunal julgue e determine a prisão, entendeu, e aí eu vou ter que entrar com outro HC pra enviar (…), embora eu tenha…

DELCÍDIO: Que tribunal que julga?

EDSON: TRF 4, Porto Alegre, esse é meu medo, entendeu…

DELCÍDIO: TRF 4 (…)

EDSON: E aí se determinar a prisão meu amigo, vai dividir (…), eu vou ter que entrar com outro HC, e aí tem recurso especial e extraordinário me dá o efeito suspensivo, mas enquanto isto corre outro tormento pro teu pai, então eu vou analisar muito bem esta questão, esses dias agora, a gente vê horário, tudo certinho, o que que dá pra fazer, até um avião particular, embora pra lá, talvez seja o ideal, entendeu…

BERNARDO: É…

EDSON: Não sei o custo disso, vou apurar tudo isso eu tenho amigos que tem empresa de taxi aéreo, de aviação, entendeu, ver com eles qual o custo disto, a gente bota no avião e vai embora.

DIOGO: Mas estes de pequeno porte eles cruzam?

EDSON: vai até… Hã…

DIOGO: Estes de pequeno porte eles cruzam?

BERNARDO: Deve parar na Madeira, alguma coisa assim

EDSON: Depende, se você pegar um…

DELCÍDIO: Não, depende do avião.

EDSON: Citation

DELCÍDIO: Não, não Citation tem que parar no meio…, tem que pegar um Falcon 50, alguma coisa assim…

DIOGO: Mas pára na Venezuela…

DELCÍDIO: Aí vai direto, vai embora…

EDSON: Se for direto ótimo.

DELCÍDIO: Desce na Espanha

DIOGO: Sai daqui já desce lá

DELCÍDIO: Falcon 50, o cara sai daqui e vai direto até lá…

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DELCÍDIO: Bom, aí eu cheguei lá, sentei com o André, falei ó André eu tô com o pessoal… é, eu já conversei com a turma, … já falei com o Edson, vou conversar com o Bernardo, é, eu acho que é importante agora a gente encaminhar definitivamente aquilo que nós conversamos. É, você mesmo me procurou, né, até pra (distoriar) que ele me procurou, ele tava preocupado, né, especialmente com relação aquela operação (…) dos postos, né.

BERNARDO: Sim.

DELCÍDIO: É, aí e eu procurei o Edson, a gente entende que você tava e nós também nos distanciamos quando vocês deram o sinal também, nós.

BERNARDO: Sim.

DELCÍDIO: Ficamos de longe até em função do que tava acontecendo lá, e o próprio as próprias ações do Nestor e nós procuramos respeitar, por isso que nós distanciamos, né, por que nesse momento quem.

EDSON: É, foi até pedido do Bernardo.

DELCÍDIO: Pedido de vocês. Quem tem a temperatura das coisas melhor que isso, são vocês. Ele disse não Delcídio, não tem problema nenhum, oh, eu tô interessado, eu preciso resolver isso, oh, o meu banco é enorme se eu tiver problema com o meu banco eu tô fudido, só para (distoriar) vai que você não conhece essa estória, oh eu quero ajudar, quero atender o advogado, quero atender a família, ajudo, sou companheiro, pá pá. E a conversa fluiu bem. A única coisa que eu achei estranho foi o seguinte: é no meio da, por que banqueiro vocês conhecem, vocês sabem como é que banqueiro é foda, né. Ele quer ajuda, ele quer apoio, ele dá apoio, mas ele chora as pitangas e vai criando, onde ele puder enganchar, ele engancha. Ele trouxe um paper, aquele paper.

EDSON: Hum!

DELCÍDIO: É, do Nestor. Mas com anotações que suponho tem a ver com as do Nestor. Vocês chegaram a ter acesso algum documento assim?

EDSON: Eu não, você viu?

BERNARDO: Ele fazia mas ficava com ele na cela.

DELCÍDIO: Pois é, então ou alguém reproduziu isso.

BERNARDO: Esse, esse que é o lance… o que foi vazado a gente acha que pode ter sido vazado ali de dentro, Youssef na cela com ele, uma coisa assim.

DELCÍDIO: Por que aí.

BERNARDO: Mas, não sei.

DELCÍDIO: Ele complementa

DIOGO: Até mesmo o que a gente tem, ele vem complementando.

DELCÍDIO: E ele vem complementando. Então vou dar um exemplo.

EDSON: Olha só… O que eu tenho é o original porque a Alessi me passou e passou pra vocês.

DELCÍDIO: Pois é, mas esse, tem anotações a mão.

EDSON: Tinha umas anotaçõezinhas do Nestor (…) num tem jeito

DELCÍDIO: Aí… ele pegou. Porque eu não tinha. Não tinha falado nada que eu tinha o documento. Num falei nada. Dentro daquilo que nós combinamos. Num falei porra nenhuma. Aí ele falou olha, Delcidio ta aqui ó. Aí ele pegou e viu lá no (embandeiramento) Você disse que não ia falar. Ai porque eu peguei… dei uma desviada né. Eu sabia há muito tempo…

BERNARDO: Mas eu não sei porque tem uma versão que ficou com a Alessi. Eu até tenho um e-mail com Edson falando isso, que é a versão que a gente apresentou para os procuradores. São tópicos e tem muita coisa que não vai.

DELCÍDIO: Não mas esse que ele tava é igual a esse do Edson

DIOGO: Era de 44 (páginas)

BERNARDO: Eu falei (…) não vamo tirar. A gente tira.

EDSON: … Foi aquele caderno que a Alessi me entregou e eu entreguei pra quem? Pra você ou pro Riera? Pra você…

BERNARDO: Pro Riera.

EDSON: Direto. Então é o mesmo

BERNARDO: Pode ter sido.

EDSON: Então quer dizer… Foi esse que foi entregue à Procuradoria?

BERNARDO: Não

EDSON: Não foi?

BERNARDO: Não.

EDSON: É menos?

BERNARDO: É menos.

DELCÍDIO: Essa tese do Bernardo pode ter acontecido que tiraram de lá da cela.

BERNARDO: Sim. Só pode.

EDSON: De qualquer maneira…

BERNARDO: Porque o Fernando… (Vozes Sobrepostas)

EDSON: Só pra colocar. O que que eu combinei com o Nestor que ele negaria tudo com relação a você e tudo com relação ao (…)1 . Tudo. Não é isso?

BERNARDO: Sim

EDSON: Tá acertado isso. Então não vai ter. Não tendo delação, ficaria acertado isso. Não tendo delação. Tá? E se houvesse delação, ele também excluiria. Não

DELCÍDIO: É isso.

EDSON: É isto.

DELCÍDIO: Bom, aí mas porque que eu to falando isso.

EDSON: Porque aí não tem nada assinado.

BERNARDO: É, basicamente isso.

EDSON: Não e mais existe um termo de confidencialidade que mesmo que tenha a letra do Nestor… um grafotécnico… o grafotécnico só pode ser feito no original… Depois desse termo se o MP fizer ele tá ocorrendo em crime. Ele tá vedado. Então valor probatório nenhum. Isso vira prova nula.

DELCÍDIO: Mas Édson, entendo… coloque na situação… Ele pegou porque…. Vocês conhecem o André Esteves ou não?

EDSON: Não

DELCÍDIO: André tem 43 anos.

BERNARDO: É novo.

DELCÍDIO: É um puta de um gênio cara. Você conversa com ele é uma máquina, uma locomotiva o cara. Aí ele oh Delcídio, porra! porque que eu… me veio a isso… Como ele chegou a isso eu não sei te dizer. Não sei. … fiquei na minha… e eu fingi surpresa. Porra André, você conseguiu como? E aí ele mostrou o paper e com anotações. Então por exemplo… aí ele foi virando as páginas e eu fui vendo… No paper que você me mandou tem lá por exemplo: o Jorge Lúcio, Jader e Renan. Aí tem uma anotação que eu suponho que é do Nestor e bota assim (Del)2… no caso, então supostamente, corrigir. Depois…

BERNARDO: Eu saberia… saberia identificar a letra dele né…

DIOGO: É pois é, eu não tenho…

DELCÍDIO: Eu não podia nem pedir isso

BERNARDO: Não, o que? Tem o que? Essas anotações?

DELCÍDIO: Não, mas você tem essa anotação?

EDSON: Eu tenho e você conhece.

BERNARDO: Isso já foi mexido

DELCÍDIO: Não, não, não… Mas esse documento o Edson é o documento padrão. (não é digitado)

EDSON: Vamos ver se é isso aqui…

DELCÍDIO: Mas aí, eu comecei a ver, e eu achei, eu comecei, quando eu fui vendo, aí ele viu, viu BTG e tal não sei o que. É.. eu falei porra Delcídio, não fala nada. Olha eu desconheço, eu vou checar direitinho, o advogado dele tá fora, né. É.. eu eu não tenho falado com… até citei o teu nome, perdoe-me Bernardo citei o teu nome. O…

BERNARDO: Eu entrei nesse processo mais para o final, nas primeiras reuniões eu tava. Falei não, eu preciso ajudar aqui pra conduzir até porque a gente passou a conversar. Mas…

DELCÍDIO: Bom, mas aí eu comecei a ver… é…é.. e ele folheando, aí eu olhava, lia, fingia que tava lendo, né. Eu já tinha visto, já tinha me dado, tinha mandado. Mas aí, e comecei a ver as anotações e eu peguei todas elas e aí eu fui olhando página por página as anotações, né. Tem várias anotações. É, tem várias anotações e o que me chamou atenção que eu achei que poderia ser, é… é… é… a letra do Nestor, na última página dá uma olhada…na última página. tem assim ó, é… acordo 2005 Suíça.

BERNARDO: Hurum.

DELCÍDIO: Aí, ele bota assim ALSTOM.

BERNARDO: Hum!

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DELCIDIO: Agora, então… o que eu queria combinar com vocês… … Que eu vou ter que voltar pro meu inferno lá. (Risos discretos). É, é … eu amanhã tô lá, aí nós já agendamos. Eu vou tentar ver se a gente faz uma conversa no Rio de Janeiro.

EDSON: Ok.

DELCIDIO: É melhor. E aí a gente encaminha as coisas conforme o combinado. Vê como é que vai ser a operação de que jeito contratualmente, aquilo tudo que eu conversei com você.

BERNARDO: É…sim… tá ok.

DELCIDIO: E aí, Bernardo…

EDSON: Mas fala, pode falar.

BERNARDO: Não, aquela questão de talvez botar no contrato…

EDSON: fazer um contrato de honorários incluindo a parte…

BERNARDO: Talvez

EDSON: … botar uma coisa só?

DELCIDIO: É, eu, eu acho, amanhã eu vou terminar de conversar com eles, porque eu confesso que eu levei um susto quando ele veio com aquele negócio lá. Ou seja, eles têm informação…

EDSON: É até bom que seja no contrato, comigo porque aí a gente tem garantia.

DELCIDIO: É…

EDSON: … de que isso vai acontecer, senão executa, papapá,

BERNARDO: … no longo prazo é… Bom, a gente tá trabalhando então com (…) é claro que a gente quer que ele saia, mas se for o caso de ficar dois anos não precisa saber que esses dois anos vão…

DELCIDIO: Claro!

BERNARDO: … vão… a gente vai estar assistido.

DELCIDIO: Não, não, não tem… Bernardo… Esse é o compromisso que foi assumido, né?…E nós vamos honrar

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AUDIO
Ouça trechos do diálogo entre Delcídio e o Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró:

https://youtu.be/SvFgD3wQa6c