Entrevista/ Vereador Marcial Lima – “Não sou da oposição e nem da situação, sou vereador de São Luis”

 

(Por Djalma Rodrigues)

Aos 50 anos, o jornalista, radialista e vereador de São Luis Marcial Lima (PEN), exibe um fôlego de adolescente. Apaixonado pela comunicação, acorda na madrugada para apresentar, na Rádio Mirante AM o programa “Acorda Maranhão”, que vai ao ar de segunda a sexta das 5h às 7h30 da manhã, onde faz denúncia, ouve queixas e conversa com ouvintes sobre os mais variados assuntos.

Nascido na cidade de Grajaú, é irmão do prefeito Mercial Arruda, que exerce o quarto mandato, de forma alternada. O vereador do PEN cursou Comunicação Social na Universidade Estadual da Paraíba, habilitando-se em Jornalismo e Radialismo. Retornou ao Maranhão em 1999 e, em  2000 ingressou no Sistema Mirante, passando a apresentar aos domingos pela manhã o programa “Domingo Mirante” (esse programa ela apresenta ainda atualmente), e posteriormente passou para os quadros da TV Mirante, como repórter do “Bom Dia Mirante”.

Por recomendação da Central Globo, suas afiliadas não  mantém no ar apresentadores ou repórteres detentores de mandatos eletivos. Por enquanto, está licenciado da TV, uma vez que se elegeu vereador de São Luis em outubro do ano passado, pela coligação PEN/PTB. Chegou à Câmara Municipal a bordo de 5007 votos e, mesmo como parlamentar, continua com o mesmo ritmo frenético de trabalho.

É casado, desde o ano de 1992  com a assistente social Maria do Socorro Barbosa de Arruda, que conheceu  na Universidade, no final da década de 1980. Dessa união, resultou um fruto, que é a universitária Mariana Barbosa de Arruda, do curso de Arquitetura.

Nessa entrevista ao ATOS E FATOS, Marcial Lima fala de suas observações, do seu trabalho e da paixão pela comunicação.

ATOS E FATOS – De onde vem tanta energia, para começar na madrugada na rádio, encontros com as comunidades e o exercício parlamentar?

MARCIAL LIMA- Olha, sempre fui assim. Lá na Paraíba, comecei no sistema Borborema, vinculado ao SBT, nos mesmo moldes da Mirante, aglutinando rádio, jornal e TV. Na realidade, comecei na Rádio Sociedade da Paraíba, do Diários Associados e que hoje é a Rádio Cariri, mas sempre no início da manhã. Quando me integrei no grupo Mirante, fui repórter do Roberto Fernandes e depois fui para a TV, para ser repórter do Bom Dia Mirante, que era um pouco mais tarde do que é atualmente. Antes começava as 6h 30m e agora passou para as 6h  em função do advento do jornalístico Hora Um, da TV Globo, o que obrigou as afiliadas a se adequarem ao horário.

O mais importante de tudo isso é a vontade de trabalhar e gostar da profissão. Posso afirmar que sou um apaixonado pela  Comunicação, área que escolhi, área que foi e é a minha vocação. Daí vem essa lida diária, sem que me provoque qualquer sobrecarga, qualquer dissabor, ou seja motivo de cansaço.

ATOS E FATOS- Atuando como comunicador, o senhor é na realidade o estilingue e como vereador, a vidraça. Ocorre que o senhor está agora como estilingue e vidraça, nessa última condição, já vem levando pedradas?

MARCIAL LIMA– Na verdade, no meu caso, o que aumentaram foram as cobranças, até porque a rádio a  televisão sempre me projetaram. Não é segredo para ninguém que a cidade sofre com as suas carências e isso resulta em pedidos, em reivindicações. Como o povo passou a me conhecer através da  tela da TV e pelas onda da rádio, agora, como vereador, sou muito solicitado, na tentativa de equacionar os mais diversificados tipo de problemas.

Atualmente, quando ligo para algum secretário municipal, como o Canindé Barros, da SMTT, ou o Antonio Araújo, da Semosp, elas já retrucam: “É o Marcial Lima vereador ou o radialista”. Por aí você pode observar como é a minha situação atualmente. Pedradas não tenho levado, mas sou mais solicitado e as cobranças aumentaram, e muito.

ATOS E FATOS-  O senhor agora é ocupante de duas tribunas. A radiofônica e a parlamentar. Dentre as duas, qual a que lhe causa mais problema e a que lhe provoca mais satisfação?

MARCIAL LIMA- Não posso transformar o rádio numa tribuna política porque sou profissional de rádio, seria aético de minha parte. Fui repórter do Geraldo Castro no Abrindo o Verbo, mostrando descaso e levando informações, mas hoje é diferente, estou no estúdio, com apoio de um grupo de repórteres.

Muita coisa que capto na rádio, levo para a tribuna da Câmara, como o caso da reserva do Batatã,  sobre o abastecimento d’água e, mais recentemente, o problema dos rodoviários, que são obrigados a arcarem com as despesas de peças de reposição dos ônibus, quando são danificadas, por conta dos problemas de infra-estrutura de São Luis, além de outras questões. Mas cada uma dessas tribunas que você citou têm estão alinhadas de acordo com a sua importância, sem que uma seja usada de forma errônea. Sei muito bem dividir uma da outra.

ATOS E FATOS- Falando nessa questão de rodoviários que pagam pelas peças danificadas, há um outro problema. Além dos rodoviários, os frentistas e servidores de uma grande rede de farmácias estão denunciando que são obrigados a reporem aos patrões o dinheiro quando são vítimas de assaltos. A Câmara Municipal não poderia verificar essa situação com mais atenção?

MARCIAL LIMA- Claro que sim. Não sabia dessa problemática com os funcionários da rede de farmácias, mas quanto aos frentistas e rodoviários, estou elaborando um projeto de lei, para que eles deixem de serem assaltados duas vezes. Num dos artigos, ficará estabelecido que, enquanto a Polícia não identificar quem são realmente os autores do assalto, ninguém pode ser responsabilizado pelo crime.

É muito injusto o trabalhador ser penalizado por um crime que não cometeu. E caso ele tenha cometido o crime, a pena não é devolução de dinheiro, mas sim a prisão e depois a condenação pela Justiça. A Câmara Municipal está sim preocupada com essa situação. Entendemos que os empresários não podem agir dessa forma com seus funcionários.

É até um crime de calúnia, um crime de injúria e de difamação contra essas pessoas. Conheço um rodoviário, o Chico, do Jardim São Cristóvão, que já foi assaltado 16 vezes. Já pagou 16 indenizações. É até difícil dimensionar os problemas psicológicos  em situações como essa. Digo que 90 por cento dos assaltos não são registrados. São aqueles em que só tomam os bens dos passageiros. Isso não entra na estatística do SET. O número de assaltos a ônibus é superior ao que é apresentado nas estatísticas do SET e do Sindicato dos Rodoviários.

ATOS E FATOS- Como é que o senhor avalia a Câmara Municipal nesse início de legislatura. Nesse começo do seu primeiro mandato?

MARCIAL LIMA-  É muito cedo ainda para uma avaliação. Veio janeiro ainda com o recesso. Só vejo que a Câmara deve mudar desse local, porque mesmo com o trabalho do presidente Astro,  o prédio não é adequado. Para que se tenha uma ideia, meu gabinete ainda depende de reparos.

Observo companheiros com muita vontade de trabalhar, extremamente interessados, mas advogo a mudança do Legislativo para um outro local mais adequado. Venho de movimentos estudantis e sindicais e me sinto à vontade na Câmara Municipal, Na minha opinião, essa Câmara, esse conjunto de vereadores terá muita repercussão positiva.

ATOS E FATOS- O senhor se posiciona como um vereador de oposição ou da situação?

MARCIAL LIMA- Me considero um vereador de São  Luis, que luta, que batalha pela cidade, pela comunidade. Não comungo com esses rótulos de oposição, situação, esquerda e direita. Fui eleito pelo  povo e a ele devo satisfação. Estou aqui para discutir os problemas da população. Jamais poderia me indispor contra o projeto Edivaldo Holanda com relação às praças, tenho que ajudá-lo, mas ao mesmo tempo, critico-o por conta dos problemas de infraestrutura, da Educação, da Saúde e de outras áreas.

Não fui eleito para brigar com ninguém, conquistei esse mandato para ajudar a cidade e, por conta disso, estou empenhado em buscar apoio junto à Prefeitura, ao governo do Estado, ao Governo Federal, aos nossos senadores, deputados federais e estaduais, para que ajudem a nossa cidade. Sou um homem de diálogo e dessa forma é que vou exercer o mandato na Câmara de São Luis.

ATOS E FATOS- Quais as principais demandas das comunidades junto ao vereador?

MARCIAL LIMA- Emprego. O desemprego é um  dos grandes problemas de São Luis. Sou procurado diariamente por pessoas que lutam por uma vaga no mercado de trabalho. E aí estão inclusos dentistas, engenheiros, assistentes sociais, advogados e outros profissionais de nível superior.

Isso é compreensível por conta da crise que atinge o Brasil inteiro. A construção civil sofre uma grave retração e isso proporciona esse número elevado de desempregados. Essa situação vem gerando um elevado número de pessoas a nos procurarem e a outros vereadores, com o sonho de uma colocação no mercado, o que está ficando cada vez mais difícil.

ATOS E FATOS- E quais os principais problemas que o senhor observa em São Luis?

MARCIAL LIMA- São muitos os problemas da cidade. Se você observar a área de Segurança, que é um dever do Estado, há uma necessidade de se elevar o contingente, tanto na Polícia Civil como na Polícia Militar. Muitos investigadores estão deixando a Polícia Civil e migrando para outras áreas, porque consideram o salário inicial muito irrisório, na faixa de pouco mais de R$ 4 mil, para quem tem dedicação exclusiva.

O secretário de Segurança, Jeferson Portela é trabalhador e perspicaz, mas a situação é dramática. Recentemente prenderam uma dupla especializada em latrocínio. O problema é que os bandidos passam pouco tempo na prisão. Sempre são liberados via habeas corpus. O sistema tem de melhorar.

A Educação tem centenas de estudantes fora da sala de aula. Na Saúde, a secretária Helena Duaillibe não pode esconder os problemas nos dois Socorrões e em postos de saúde, enquanto na infraestrutura, posso apontar de imediato, a situação do retorno do Anel Viário, a buraqueira da cidade e a falta de uma entrada na cidade que seja marcada por um portal condizente com a importância de nossa capital. São muitos os problemas, porque, ao longo das décadas, se importou muito com obras eleitoreiras, que não resistem ao tempo.

 

 

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