O que faço pelo País que quero?

*Carlos Nina

A Globo lançou uma campanha com um apelo para que as pessoas enviassem para a emissora vídeos mostrando os lugares bonitos de suas cidades. Ideia inteligente para o Canal interagir com os telespectadores. O apelo inicial, porém, foi ingênuo ou direcionado para mostrar um Brasil bonito e “aliviar” as mazelas veiculadas em seus próprios noticiários e estimuladas em suas produções.

Não colou! Alguns incautos ainda caíram na armadilha. Mas logo a emissora percebeu que não poderia represar a avalanche de mensagens que, diferentemente de belezas, mostravam o lado podre do País, resultante de omissão, descaso e corrupção, termo este que se tornou lugar comum em quase todos os vídeos.

Ao contrário do que pretendia a Globo, os telespectadores não se deixaram usar para falsear a realidade. Optaram por mostrar a verdade, registrando, de todos os cantos do País, a insatisfação com as autoridades, que usam seus cargos em benefício pessoal, apropriando-se do patrimônio público.

Quem tem ouvido as mensagens já sabe o que vai escutar: todos querem um País sem corrupção, com educação e serviços de saúde de qualidade, segurança pública; onde seus filhos tenham boa escola; os doentes sejam atendidos com respeito na rede pública; todos possam caminhar nas ruas, praças e estradas sem receio de violência; os professores sejam remunerados com dignidade; a propriedade privada seja respeitada. Enfim, onde parlamentares, prefeitos, governadores e administradores públicos usem as verbas públicas no desenvolvimento do Estado, para estimular a criação de empregos, em benefício da população, e não para enriquecimento próprio ou compra de votos para suas reeleições.

O que a Globo está recebendo são gritos de indignação de quem ainda acredita na tal Constituição Cidadã, que, desde 1988, anunciou que a República visaria a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, o desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza e da marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais, a promoção do bem de todos.

As pessoas têm mostrado que não são idiotas, como supõem os responsáveis pela grade de programas      da emissora e de seu conteúdo.

John Kennedy, ex-presidente americano, disse em discurso: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por seu país.” Circunstância que leva ao ponto mais importante: – O que posso fazer para construir o País que eu quero?

Pode começar pelo voto. O destino do Brasil depende de seu voto. Com ele você poderá manter o País nessa rota de caos para a qual foi mergulhado ou mudar esse rumo, na direção da esperança de dias melhores.

O momento lembra o que disse Francisco Manuel Barroso da Silva, Chefe-de-Divisão da Marinha, no comando da Esquadra Brasileira na Guerra da Tríplice Aliança (Argentina, Brasil e Uruguai) contra o Paraguai, na Batalha Naval do Riachuelo, no auge da luta, em 11 de junho de 1865:

“O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever!

 

*Advogado

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