O Maranhão está em verdadeiro estado de greve. Primeiro foram os delegados de Polícia, que passaram mais de 100 dias com as atividades paralisadas, fizeram acordo com o governo e suspenderam o movimento por dois meses. Com a garantia de que serão inseridos na carreira jurídica, uma das reivindicações, decidiram retoanar ao trabalho.
Desde a última quinta-feira (24), policiais militares e bombeiros tomaram o pátio da Assembléia Legislativa, onde ainda estão acampados, exigindo melhores salários e condições de trabalho. o TJ considerou o movimento ilegal, mas os manifestantes permanecem em estado de vigília.
A governadora Roseana Sarney pediu apoio da Força Nacional e do Exército e a presidente Dilma prontamente atendeu a revindicação da chefe do Executivo maranhense. Anteontem, foi a vez dos policiais civis deflagrarem outro movimento grevista, juntando-se aos militares.
O governo não abre canal de diálogo com os manifestantes, que podem ter mais um reforço, já que os peritos do Instituto de Criminalística também anunciam greve. O Estado paralisa parte de suas atividades. O presidente da Assembleia Legislativa, Arnaldo Melo, não tem autoridade suficiente para iniciar um acordo que venha a acabar com o problema.
A bancada federal do Maranhão dá as costas para o problema, com exceção dos deputados Domingos Dutra (PT), Ribamar Alves (PSB) e Weverton Rocha (PDT). Este último tenta expiar os seus pecados. Nas ruas de São Luís, o cenário lembra maio de 1964, com policiais do Exercito fortemente armados policiando as ruas.
Dos três senadores maranhenses (Cafeteira, Lobão Filho e Clóvis Fecury), não se tem notícia sobre qualquer articulação que vise por fim ao conflito. Enquanto isso, o presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, deputado Mendonça Prado (DEM-SE), tenta uma saída sem prejuízo para o governo e para os grevistas.
A manifestação dos grevistas militares ganha reforço direto e indireto a cada dia. São movimentações que partem do seio militar, da sociedade doando mantimentos alimentares, e da classe política.
Como se tentassem apagar incêndio com gasolina, o comando da PM abre IPM para expulsar os militares grevistas, acirrado mais ainda os ânimo. A imprensa nacional começa novamente a voltar as atenções para o Maranhão, que constantemente é alvo do noticiário, como o Estado mais miserável da Nação, conforme constatação do IBGE.
UJma vergonha para os maranhenses que tem um governo que tenta ganhar na base da força, desprovido de articulação. O chefe da Casa Civil, que ensaia uma candidatura ao governo, o ex-prefeito de Rib amar, Luiz Fernando, desapareceu durante o conflito, assim como o senador João Alberto, atualmente ocupando a Secretaria de Programas Especiais.
O Maranhão, pelo visto, está órfão de líderes. Tanto isso é verdade que, com exceção da bancada da Oposição na Assembléia, os primeiros a manifestarem apoio aos grevistas foram o presidente da Embratur, Flávio Dino, através de nota e o também ex-deputado federal Roberto Rocha, que esteve pessoalmente com os manifestantes.
A reboque do movimento, os boateiros de plantão entram em cena, revelando supostos arrastões que nunca se consolidaram, provocando medo e tensão entre a sociedade. O bom senso falta nesse momento, porque o Palácio dos Leões busca uma saída a seu modo, pela prepotência, subjugando os grevistas. Resta rezar e ficar à espera de bons tempos.