Senador abre mão de mandato se Dirceu ficar preso mais de um ano

Senador Mário Couto, no plenário

GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA

Depois de chamar os senadores de “ladrões” e sugerir a criação do “Dia do Mensalão”, o senador Mário Couto (PSDB-PA) fez hoje uma aposta em que abre mão do seu mandato se o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) ficar preso em regime fechado por mais de um ano.
Em discurso no plenário do Senado, Couto disse que o ex-ministro não vai ficar “atrás das grades” pelo tempo determinado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
“Eu aposto meu mandato, se for necessário, se o Dirceu vai passar mais de um ano na cadeia. E ainda vai escrever um livro assim: ‘Os meus dias na cadeia’. E vai vender muito livro. E vai ganhar muito dinheiro. Esse é o nosso país”, afirmou.
O STF condenou Dirceu a 10 anos e 10 meses de prisão no julgamento do mensalão, além de R$ 670 mil em multa. Com isso, ele terá que cumprir inicialmente a pena na cadeia. A lei estabelece que penas acima de 8 anos devem ser cumpridas inicialmente em regime fechado.

Por formação de quadrilha, Dirceu foi condenado a 2 anos e 11 meses de prisão. Pela corrupção ativa pela compra de apoio político no início do governo Lula (2003-2011), ele pegou 7 anos e 11 meses de cadeia. Segundo criminalistas, ele terá que enfrentar pelo menos 1 ano e 9 meses na prisão antes de mudar de regime, passando para o semiaberto.

Couto subiu à tribuna para defender a aprovação do seu projeto que institui o dia 12 de novembro como o “Dia do Mensalão”. A data, segundo o senador, tem que ser lembrada por ser quando o STF condenou Dirceu e o ex-ministro José Genoino por envolvimento no esquema do mensalão.

“Precisamos marcar, grifar esse dia, para que nesse dia todos os brasileiros possam pensar no que aconteceu neste país, possam pensar na atitude do Supremo Tribunal Federal. E que sirva de exemplo para todos os brasileiros que nascem neste país”, afirmou.

Dizendo-se “revoltado” com os desvios de recursos públicos no país, Couto afirmou que a corrupção chega a R$ 100 bilhões por ano no Brasil. O senador ainda criticou a participação de servidores do governo em esquema de venda de pareceres e tráfico de influência desmontado pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro.

“Estão roubando dentro dos gabinetes da Presidência da República. Não é só o mensalão, é a sem-vergonhice geral neste País. Roubem, podem roubar. Abriram as portas.”

Nenhum dos poucos senadores presentes no plenário comentou o discurso de Couto. Há um mês, ele sofreu críticas dos colegas ao cobrar do STF investigações sobre o Senado – que na opinião do tucano é formado por “ladrões” que não conseguem justificar patrimônios com o salário de R$ 26,7 mil recebido pelos congressistas.

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