Moradores de Santa Maria comentam tragédia em boate na Campus Party

Mesmo com a dor de ver amigos e vizinhos morrendo, vítimas do incêndio que matou 231 pessoas na boate Kiss em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, dois moradores da cidade viajaram até São Paulo para participar da Campus Party 2013. O evento “nerd” acontece na capital paulista até domingo (3).

Segundo o diretor da Campus Party, Mario Teza, há nove campuseiros de Santa Maria no evento.

Alan Velasques Santos, de 24 anos, e Cristian Piero, de 26 anos, saíram de Santa Maria, na madrugada desta segunda-feira (28), depois da tragédia que aconteceu na cidade, para ir à Campus Party. Como vão participar do evento pela primeira vez e com as despesas pagas pela empresa em que trabalham, não puderam cancelar a viagem para ir ao velório de muitos amigos que morreram no incêndio.

Eles moram, estudam e trabalham em Santa Maria. “A cidade está fantasma. Minha familia doou alimentos para ajudar os parentes das vítimas”, contou Velasques, que já foi à boate Kiss diversas vezes. Ele afirma que shows pirotécnicos na casa era comuns e não aconteciam apenas nas apresentações da banda Gurizada Fandangueira.

O jovem afirmou que após o início do namoro deixou de ir na boate e que até cogitou ir à festa no sábado (26), quando aconteceu a tragédia. Sua família fez doações para as famílias que perderam parentes no incêndio.

O campuseiro Thiago Salvador, de 31 anos, está hospedando um amigo de Santa Maria na sua casa em Porto Alegre há dois meses. Na sexta-feira (25), ele veio a São Paulo para participar da Campus Party pela primeira vez. No outro dia, seu amigo foi para Santa Maria para visitar a família. “Acordei no domingo e vi as notícias pelo Twitter. Logo liguei para ele, que estava bem. Ele foi em outra festa naquele sábado”, contou Salvador.

Incêndio

O incêndio começou por volta das 2h30 de domingo, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico. Segundo relatos de testemunhas, faíscas de um equipamento conhecido como “sputnik” atingiram a espuma do isolamento acústico, no teto da boate, dando início ao fogo, que se espalhou pelo estabelecimento em poucos minutos.

Por meio dos seus advogados, a boate Kiss se pronunciou sobre a tragédia, classificando como “uma “fatalidade”.

A festa “Agromerados” reunia estudantes da Universidade Federal de Santa Maria, dos cursos de pedagogia, agronomia, medicina veterinária, zootecnia e dois cursos técnicos.

A presidente Dilma Rousseff visitou Santa Maria no domingo e decretou luto oficial de três dias.

Pelo menos 101 das vítimas identificadas eram estudantes da Universidade Federal de Santa Maria, segundo informou a instituição em sua página na internet.
O comandante do Corpo de Bombeiros da região central do Rio Grande do Sul, tenente-coronel Moisés da Silva Fuch, disse que o alvará de funcionamento da boate estava vencido desde agosto do ano passado.

Público
Segundo informações da casa noturna, a capacidade máxima é para mil clientes, mas o número de total de pessoas no interior da boate no momento do incêndio ainda é desconhecido. O Corpo de Bombeiros estima que o número era maior, perto de 1,5 mil.

O capitão da Brigada Militar Edi Paulo Garcia disse que a maioria das vítimas tentou escapar pelo banheiro do estabelecimento e acabou morrendo. “Tirei mais de 180 pessoas dos banheiros. Eles estavam tentando fugir”, disse.

Resgate
Muitas pessoas que conseguiram sair da boate ajudaram a socorrer as vítimas. “A gente puxava as pessoas pelo cabelo, pela roupa, muita gente saía só de calcinha e cueca, muitas sem camiseta, talvez para se proteger da fumaça”, disse o jovem Murilo de Toledo Tieche

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