O EFEITO ELEIÇÕES 

*Osmar Gomes dos Santos

O Brasil é um país com dimensões, riquezas, culturas, tradições e outras características extremamente peculiares, que resultam em uma conjuntura social igualmente singular e em permanente ebulição. Nesse cenário dinâmico e multicultural, um ingrediente contribuiu diretamente para apimentar ainda mais o caldeirão social: as eleições.

Sou sincero em dizer que me sentia um tanto cético quanto à efetiva participação popular neste pleito eleitoral, haja vista nossa história recente que gerou grande descrédito nas  instituições e nos seus representantes. Nesse limiar do pensamento descobri que estava deveras enganado, ainda bem!

A eleição têm um poder quase místico de mexer com todos os pilares da sociedade, em todas as suas camadas sociais. Faço um parêntese para justificar que isso se deve ao fato da mesma estar imbricada com o campo político, que exerce efeito direto sobre os demais campos. Na conjuntura brasileira atual, não poderia ser outra a dinâmica, haja vista que as decisões mais importantes – os rumos da nação – passam pelo campo político.

Esse campo, em especial, com todas as suas nuances e vertentes, ferve com as articulações e arranjos em torno de alianças e projetos políticos para os próximos anos. Diante deste cenário, surgem as pesquisas de opinião, que tentam colher o pensamento médio da população e sinalizar o potencial de votos deste ou daquele candidato.

Os acontecimentos políticos e os resultados das pesquisas impactam diretamente o campo econômico, mais notadamente quando se trata da eleição presidencial. Ao sinalizar a possível vitória de candidato “A” ou “B”, a racionalidade dá lugar a euforia e os atores sociais do campo econômico passam a atuar como jogadores sobre um tabuleiro de incertezas.

Manifestações mais enérgicas, declarações polêmicas, opiniões progressivas, a manutenção de políticas públicas, a mudança radical na gestão, a movimentação nas pesquisas. A correlação desses fatores reflete diretamente no mercado, a bolsa fica agitada, investidores avançam ou recuam e o câmbio varia para mais ou para menos.

Nesta conjuntura incerta, o resultado mais sentido na combinação desses fatores é a alta do dólar, que acarreta impactos imediatos em toda a cadeia produtiva, principalmente em função do atrelamento dos derivados de petróleo à moeda internacional. Forma-se, aí, o cenário perfeito para entrar em campo o componente mais importante da corrida eleitoral: a participação popular.

Certo de que não se pode virar as costas ao processo eleitoral – especialmente neste pleito, em meio à crise que o país passa –, os cidadãos estão assumindo a  posição de protagonistas do embate democrático. O brasileiro despertou definitivamente para o poder transformador exercido por meio do seu voto. Sabe que o atendimento de seus anseios passa, necessariamente, pelo voto computado nas urnas.

Um indicativo de que essa linha de raciocínio se sustenta pode ser visto nas pesquisas eleitorais, uma vez que elas comprovam a diminuição de indecisos e dos que não opinam. Não se coloca em questão aqui os índices obtidos pelos candidatos, mas apenas o aumento daqueles que demonstram efetivamente vontade de participar do processo eleitoral.

Esse é o efeito positivo que as eleições trazem de forma mais pujante: provocar o cidadão a participar. Embora posições mais acaloradas sejam questionáveis, é interessante ver os debates voltarem às portas dos bares, às filas de supermercados, ao transporte público, às portas de escolas, às universidades e até mesmo ocupar lugar em horário nobre dentro do âmbito familiar.

 

Assim, as eleições têm efeito mais que positivo, ao passo que provoca as pessoas a pensarem e debaterem a boa política. Não se trata da politica partidária ou mera politicagem, mas daquela segundo a essência se dá pela via do contrato social, que nos mantém integrados enquanto sociedade em busca de interesses comuns.

As eleições 2018 já valeram a pena antes mesmo de seu desfecho, pois resgatou aquilo que nos constitui enquanto sociedade, que é o debate acerca do bem estar social. O resultado caberá a cada eleitor, que decidirá de forma autônoma, haja vista que todo voto, no meu particular entendimento, é eivado de racionalidade e coerência com a realidade daquele que vota. Cada um vota conforme suas convicções, portanto, de forma consciente.

Viva a nossa democracia e o nosso direito de poder escolher de forma independente. Viva as eleições, desejoso que trará o bem a  todos nós.

*Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.

 

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *