Recados para ela

Olá, minha fofura, muito bom dia! Escrevo-te estas poucas e mal traçadas, só para saber se continua numa boa aí ao lado do Criador. Por aqui, cidadã, o assunto é só a campanha. Posso te informar que estou muito feliz. Sei que, seja qual for o vencedor para a disputa pela Prefeitura, São Luís vai ingressar no seleto grupo das cidades do Primeiro Mundo. As propostas dos homens são muito boas. Não haverá mais fila em porta de hospitais, todas as ruas, becos e vielas serão asfaltados, todos os ônibus terão ar-condicionado e jamais andarão superlotados, pequenos empresários terão total apoio da administração municipal e o MP jamais irá escorraçar vendedores ambulantes ou donos de bancas de revistas na capital maranhense.

Também, Bibi, a Prefeitura irá ter forte atuação na Segurança Pública, mesmo sendo esse setor uma prerrogativa do Estado. Tô maravilhado com o Como disse o astronauta  norte-americano Neil Armstrong , ao desembarcar do módulo lunar da Apollo 11 naquele 20 de julho de 1969: “Um pequeno passo para o homem,  mas um grande salto para a humanidade”.

Assim poderá dizer o próximo prefeito, caso consiga realizar pelo menos 30% do que estão prometendo. É só mudar a frase. “Um pequeno passo para esse prefeito, mas um grande salto para São Luís”.

Nossa capital será brilhante, linda de morrer.  Quem assistiu ao debate do Imirante pôde comprovar, muito embora alguns dos candidatos tenham perdido tempo em se digladiarem, como no caso do Duarte Júnior com Neto Evangelista e o Eduardo Braide, que foi colocado nas cordas pela maioria dos opositores.

E olha, cidadã, que ainda não vi nenhum deles nas feiras  e mercados, se deliciando com mocotó, sarrabulho e aqueles gordurosos pastéis, para elogiar os cozinheiros e depois sair  correndo para a farmácia em busca de Eparex ou  outros medicamentos protetores do “figueiredo”.

Bem, mãe, disputa política é disputa política e vale tudo numa campanha, como dizem os mais experientes. Vamos agora às mais importantes da semana.

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O Ministério Público Estadual escorregou mais uma vez na bola por aqui. Determinou a retirada das antigas barracas de  jornais e revistas do Renascença, promovendo prejuízos de dezenas de pais e mães de família. O MP daqui sempre se mostrou arrogante com os mais pobres por aqui.

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Vou te dar um outro exemplo: Anos atrás, o MP, apoiado pela Polícia Militar, chegava ali no Anel Viário dando pontapé nas panelas de mingau e mocotó das pobres senhoras desempregadas que buscavam seu sustento com essa venda.

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O problema, cidadã, é que o MP não tem qualquer prerrogativa para isso. Se encontra o erro, tem que fazer o comunicado é ao Judiciário. É esse o poder que decide toda e qualquer questão de irregularidade. Só que, por estas bandas, os arrojados promotores se transformam em acusadores, julgadores e executores. Uma esculhambação. Mas essa atitude do Ministério Público do Maranhão só vale para pobres e desamparados.

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Ainda bem que a Justiça acordou a tempo e revogou  a insidiosa atitude dessa instituição que imagina ser a dina do mundo aqui no Maranhão. Como diz minha avó Chiquita: “Cada qual no seu cada qual”.

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Ah, cidadã, está circulando aí nas redes sociais a história de um candidato a vereador da cidade de Timon, que estaria oferecendo algumas horas de sexo com a própria esposa, para quem lhe garantir votos. Botaram até nome do cidadão, que seria do PT.

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Não vou repetir aqui, porque pode ser fake. Mas teve um blogueiro que colocou a história como sendo totalmente verdadeira. Já imaginou se neguinho bota pra eleger esse cabra? Coitada da esposa dele.

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Falando nessa história de corno conformado, existe por aqui o relato boca a boca de uma cidadã, que já foi executiva, casada com um ex-parlamentar, já falecido mque, segundo dizem, gostava de uma experiência conjugal, principalmente com um saudoso que foi homem forte do Maranhão.

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Me disse certa vez o saudoso Mauro Bezerra, jornalistas dos bons, e que foi deputado, secretário municipal e estadual, que certa feita,  numa campanha estadual, ali pela região Leste, a dita cuja e o marido estavam na caravana do líder.

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Se reuniram na casa da mãe do homem forte e lá pelas tantas, o próprio homem forte, que deveria ser o centro das atenções desapareceu, assim como a cidadã. Aí, o marido da dita, saiu à sua procura e a encontrou na maior intimidade num dos quartos do casarão colonial, com o homem forte. Fechou a porta e saiu pé ante pé, preocupado para que a esposa do homem  forte não desse aquele flagra.

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Tava batendo um papo com duas vendedoras de uma loja de eletro eletrônico na quinta-feira, no Shopping Tropical, enquanto esperava a Elineusa que ia comprar outra coisa ali próximo, quando o assunto da violência veio à tona.

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Uma reside na Vila Embratel e outra no Sol e Mar. Dois bairros periféricos, de limites opostos. As situações são idênticas. Pelo que as duas me disseram, o tráfico de drogas é a principal praga do Maranhão, principalmente com o domínio das facções.

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Uma delas me disse que o pai tinha um sítio na zona rural. Teve de vender, porque um grupo de faccionados teria dito que iam tomar conta do imóvel. É assim que está nossa cidade, minha pretinha.

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Aquele sonho de chácara na zona rural no final de semana, é coisa do passado. Não existe mais. Estamos sob o domínio das facções, que promovem a maior brutalidade. Matam uma pessoa como se estivessem executando um animal selvagem, o que também é proibido por lei.

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Nesta semana, por exemplo, ali no Residencial Albino Soeiro, mataram a tiros uma menina de apenas 15 anos. Seu corpo foi encontrado com perfurações de balas calibre 38 e com o cabelo cortado, como se fosse um recado de facção.

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Vivemos num clima de medo. Sentar na porta de casa ao cair da noite para um bate papo com a vizinhança é coisa  que virou saudade. A bandidagem, não nos permite. Só pedindo aí para o Criador, Bibi, para que essa situação venha a ser revertida. Só nos resta também um grito de socorro.

Bem, minha fofa, com essa, teu pretinho vai ficando por aqui, garantindo retorno na próxima semana, se Deus quiser. E ele quer, porque sempre foi bacana com o teu pimpolho.

Beijão desse filhote que jamais deixará de te amar

Djalma

N.E – Bibi é Benedita Rodrigues, mãe do editor. Ela faleceu em São Luís aos 28 anos de idade, na Santa Casa de Misericórdia, no dia 8 de dezembro de 1965.

 

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