Recados para ela

 

Ei, Bibi, muito bom dia! Espero que e estas poucas e mal traçadas venham a encontra-la no bem bom  por aí. A Covid não tem dado trégua. Muitas mortes pelo mundo todo. O Brasil, é o campeão de óbitos. No Maranhão, há dias que são registradas 39 mortes a cada 24 horas. O governador Flávio Dino está às tontas. Quando fecha um setor, a categoria vem em cima, com a faca nos dentes. Ele remancheia e faz concessões, a exemplo de bares e restaurantes, que determinou a reabertura após a ameaça de que os serviços delivery seriam suspensos.

Uma luz no fim do túnel se acendeu esta semana, quando o  governador de São Paulo, João Dória anunciou que o Instituto Butantan desenvolveu a vacina Butantanvac e pediu à Anvisa liberação para os experimentos iniciais em humanos. A vacina foi desenvolvida com apoio do Vietnã. Tem tudo para dar certo. Um alento para o nosso sofrido povo, e também populações de outros países. Acho que devem acabar com essa história de politização e ideoligização da  imunização. Viu? Até rimou!

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Semana passada, o amigo Omar Cortez, lá da FAMEM, a  exemplo de centenas de leitores, afirmou ter achado interessante as peripécias do golpista, Claudemir Coimbra, o Michele, aqui relatadas. Sugeriu que fizesse o mesmo com outros “artistas” da crônica policial do passado.

Pois bem, vamos falar um pouco de Gastão, um batedor de carteira do bairro do João Paulo, que atuava em parceria com  a irmã, a prostituta Enedina, ainda viva, segundo me relataram.

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Gastão nasceu naquele bairro e se transformou num dos mais lendários ladrões de São Luís, na década de 1970. Era especialista, além de bater carteiras  na Rua Grande, de roubar produtos de lojas e enganar incautos que caíssem em suas lábias.

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Era um daqueles que quando pego em flagrante e perseguido por populares aos gritos de “pega ladrão! Pega ladrão !” também emitia os mesmos avisos e confundia a população, porque ninguém sabia quem realmente era o marginal.

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Também era um dos mais exímios na arte de cortar bolsos de passageiros dentro de ônibus, para lhes afanar a carteira. Não relaxava  roubar rouba em  varal, ou qualquer objeto que visse fosse fácil de afanar.

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Com a irmã Enedina, que mantinha quarto de aluguel no Buraco do Tatu, na zona do meretrício do João Paulo, tinha um artifício. Esses quartinhos eram separados um do outro por tábuas de compensado.

Por esse motivo é que dupla alugava dois quartos. Um ao lado do outro. Ela levava os parceiros sexuais e estrategicamente coloca as calças da vítima, pendurada próximo onde havia um buraco na tábua, por onde Gastão, do outro lado, tirava os pertences que estavam na carteira dos “otários”.

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E foi por isso que sua carreira chegou ao fim. Certa tarde de terça-feira, Enedina combina com Gastão, que ela levaria um  valente famoso para a armadilha. Tratava-se do açougueiro conhecido por Maçarico. Era daqueles que que não levavam desaforo para casa. Resolvia tudo na base da bala ou da faca.

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Enedina e Maçarico estavam na hora do “pega pra capar”. O açougueiro percebeu que suas calças estavam se mexendo no compensado e rapidamente correu para ver o que era. Tirou as calças  e viu o buraco, percebendo que era  Gastão. Pelo orifício da tábua, meteu o cano do revólver. Apenas um tiro. Gastão virou ex-bandido. Assim terminava a carreira desse lendário marginal.

 

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Tenho uma coleção de nomes a retratar. Tudo por conta do período em que fui repórter policial. Muitas lembranças. O Biaman Prado, um dos maiores fotógrafos que conheci, tanto pela qualidade do trabalho, como pela coragem, foi meu parceiro em muitas reportagens interessantes.

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Lembro de uma, ocorrida também no  João Paulo, em que a Polícia executou um assaltante. Coremos para o velório do bandido, numa área joão paulina. Situação complicada para nós dois. Fomos recebidos na base do insulto, com os amigos do morto, quase todos bêbados e drogados, nos ameaçando.

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Nossa sorte é que bem ao lado do velório, residia um cidadão que trabalhava na gráfica do Jornal de Hoje e percebendo o perigo que estávamos correndo, foi lá e nos resgatou. Fomos para a sua residência, até que o motorista, que estava dentro do carro, mas afastado, chegou e fomos embora, mas sempre sendo insultados pela turba.

Ah, mãe, quando a gente pensa que já viu de tudo, é quando aparece uma daquelas que contado não tem graça. L[a em tua cidade, Bibi, Cururupu, o prefeito Aldo Lopes (PSB), que foi eleito com a promessa de fazer tudo diferente da ex-prefeita Professora Rosinha (PCdoB), apareceu com uma possível licitação um pouco estranha, em plena pandemia do novo coronavírus.

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Ao invés de investir em leitos para o tratamento de Covid-19, Aldo Lopes tratou de fazer uma licitação para compra de “camisinhas”. De acordo com o edital licitatório publicado o Diário Oficial, a possível compra de camisinhas custaria aos cofres públicos mais de R$ 1 milhão de reais.

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Os produtos, sem lubrificantes seriam adquiridos pela Secretaria Municipal de Saúde. São 15 mil caixas de preservativos, no valor exato de R$ 1.382.760,00 (uma milhão, trezentos e oitenta e dois mil, setecentos e sessenta reais).

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Já a Prefeitura de Mirador fez um contrato com a Distribuidora Ceará para fornecimento de 10 mil pastas de creme Nistatina, que serve para tratamento de infecções vaginais causadas por fungos, a exemplo da candidíase, monília ou sapinho na parte íntima.

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A preocupação da prefeita Domingas Cabral é louvável de querer cuidar das mulheres da sua cidade, que tem uma população de 21 mil habitantes, sendo cerca de 12 mil do sexo feminino.

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O que não pegou bem foi o volume dos medicamentos, dando a entender que que ampla maioria delas tem problemas vaginais. O creme, que é um antibiótico, custa a unidade R$ 11,63, mas como a compra foi de 10 mil pastas, saiu por um total de R$ 116,3 mil. conforme a Ata de Registro de Preços. Será que existe alguma sintonia entre os dois prefeitos.

Bem, cidadã, com essa, vamos ficando por aqui neste domingo, garantindo que na próxima semana estaremos de volta, se Deus quiser. E ele quer, porque sempre foi bacana com esse teu pretinho.

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Beijão desse filhote que jamais deixará de te amar

Djalma

N.E- Bibi é Benedita Rodrigues, mãe do editor. Ela faleceu aos 28 anos de idade, em São Luís, no dia 8 de dezembro de 1965.

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