Juiz maranhense ameaçado de morte fica sem vida social

O juiz, sendo entrevistado pelo blogueiro

 “Medo eu não tenho, não irei jamais modificar minha rotina de trabalho, mas tenho de me precaver. Por isso, joguei minha vida social no limbo. Não faço mais as

caminhadas na orla marítima, deixei de freqüentar  a praia, que era   meu lazer favorito e evito bares e restaurantes. É um preço muito alto que venho pagando há mais de três anos, por conta das minhas atitudes na Justiça”.

A revelação, em tom de desabafo, foi feita na tarde de quarta-feira, ao blogueiro, durante entrevista ao programa Notícias da Capital, na Rádio Capital AM, pelo juiz Jamil Aguiar, titular da 1ª Vara das Execuções Penais, ao admitir que sofre ameaças de morte através de bilhetes.  O caso, segundo o magistrado,  está sendo investigado pela Secretaria de Segurança Pública. Mesmo assim, ele rejeita seguranças no dia a dia.

Jamil Aguiar afirma que  as ameaças a ele e a outros juízes, no Maranhão eem outros Estados, decorrem da mudança do perfil dos presos, principalmente no Maranhão.

-Antigamente,  cadeia aqui no Estado era para pretos, pobres e prostitutas, como se falava de forma pejorativa. Hoje, esse cenário foi alterado e o sistema prisional agora abriga detentos diferenciados, como traficante de drogas, assaltantes de bancos. São criminosos  internacionais, que agem de forma articulada -, diz Jamil Aguiar.

O juiz interagiu com vários ouvintes, ao ser abordado sobre os mais variados temas e revelou que há uma diferença entre o indulto e a saída temporária dos presos.

“Indulto é um ato do presidente da República, que concede perdão ao preso de acordo com a situação dele, enquanto a saída temporária, é decidido pelo juiz, e sempre acontece em datas festivas, como a Semana Santa, Dia das Mães,  Dias dos Pais, Natal e Ano Novo”, orientou, afirmando que até a imprensa faz confusão sobre o assunto.

O magistrado assinalou ainda que é alvo de ameaças, porque a Vara que dirige trabalha com condenados de regime fechado, geralmente os mais perigosos, os mais frios, os mais sanguinários.

Falou ainda sobre as deficiências do sistema prisional do Maranhão, com superpopulação carcerária, instalações deficientes e outros problemas, que ajudam na eclosão de motins e disse que isso o levou a fazer a interdição este ano do presídio de Pedrinhas.

Para o juiz , é necessário uma coligação de forças  para que venha ocorrer mudanças drásticas e urgentes no sistema carcerários do Maranhão, que é um verdadeiro barril de pólvora, prestes a explodir a qualquer momento.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *