Desesperado, homem diz que vai matar o filho drogado

Maurício diz que pode matar o próprio filho

Maurício diz que pode matar o próprio filho

“Se  as autoridades não me ajudarem, juro que vou matar meu único filho. Já não agüento mais. Ele quebra tudo dentro de casa, nos ameaça de morte e nos faz passar vergonha. O Corpo de Bombeiros esteve lá em casa na semana passada, mas os militares recuaram porque ele os encarou com uma faca de pão na mão”.

A ameaça de tal tragédia  deve ser encarada não apenas como prenúncio de assassinato em família, mas na realidade, como um grito de socorro, uma súplica de apoio e foi proferida pelo aposentado Maurício Ferreira Santos, de 69 anos, na manhã da última quarta-feira, no programa do André Martins, na Rádio Capital AM, chamando a atenção para o drama que ele e a esposa, a também aposentada   Maria do Nascimento Santos, de 80 anos, enfrentam com o filho, Hilton César do Nascimento Santos, de 40 anos, entregue às drogas desde os 15 anos, quando começou com a maconha.

O blogue esteve na residência do casal, na rua 13 de Maio 66, uma das transversais da Avenida Thales Neto, próximo  à feira do  João de Deus. Foi uma conversa entrecortada por emoções com Maurício, numa casa simples, de três cômodos, quintal e banheiro dentro do imóvel.

-Concordo que fui exagerado, mas a vontade que dá é essa. Não nego que, em julho deste ano, cheguei a lhe passar o facão. O problema das drogas, seu repórter, é mais sério do que muita gente imagina, só quem sabe é quem enfrenta essa desgraça  na família-, disse Maurício.

De baixa estatura, magro, cabelos completamente brancos e bastante comunicativo, Maurício Ferreira afirma que o filho Hilton se iniciou nas drogas aos 15 anos, quando ele e a mulher descobriram que  estava fumando maconha com um grupo da escola.

“Fizemos de tudo para que ele deixasse o vício, mas de nada adiantaram nossos pedidos. Ele fumava cada vez mais. Mesmo assim, terminou o segundo grau (atual ensino médio) e chegou a trabalhar por algum tempo com vendas”, destaca o pai de Hilton.

INFERNO DENTRO DE CASA

O calvário da Maurício e da esposa começou exatamente quando Hilton passou a usar crack. “ Lhe digo que a partir daí, nossa casa foi transformada num verdadeiro inferno. Ele já vendeu dois aparelhos de televisão, relógios, quadros da paredes, discos de vinil, que guardava de lembrança, e até jarros de planta da mãe, para sustentar o vício”, afirma  o aposentado, fitando o jornalista nos olhos e deixando escorrer um filete de lágrimas.

Além dos problemas em casa, Maurício diz que chega a imaginar que qualquer dia irão lhe dar a notícia do assassinato do filho. “Sei que esse é um caminho sem volta. Droga é a verdadeira porta do inferno. Dias destes, ele invadiu um armarinho ali na avenida (Thales Neto) e apanhou algumas peças de roupa e saiu correndo. Foi perseguido por um grupo, mas um amigo da família interveio e ele escapou do linchamento”, revelou Maurício.

Os olhos miúdos e investigativos de Maurício ficam marejados quando ele viaja pelo tempo e diz que chegou em São Luis quando tinha 10 anos de idade, num pau-de-arara, trazido por uma amiga da família, de Caxias.

“Trabalhei de tudo  o que o senhor pode imaginar, desde criança. Fui funcionário da Girafa (indústria que fabricava sabão com o mesmo nome, que era localizada no João Paulo), na Telma, e por último, na Cimeq, por onde me aposentei. Construí  família e tivemos esse único filho. Nosso sonho era de que estudasse, se formasse e fosse nosso orgulho, mas acabamos perdendo o filho para as drogas. Também perdemos  o nosso sossego”, ressalta.

Depois de muitos apelos pelas emissoras de rádio, ele foi até ao quartel do Corpo de Bombeiros, próximo à Praça da Bíblia e, na manhã de sexta-feira (12), uma equipe resgatou Hilton no João de Deus, quando já se encaminhava para um dos inúmeros pontos de drogas ali existente. Ele foi encaminhado para o hospital psiquiátrico Nina Rodrigues, no Monte Castelo. Seu Maurício afirma que ainda sonha na recuperação do filho, embora considere isso muito difícil. “Só um milagre divino, porque ele não tem vontade própria e já está há muito tempo nessa situação”, finaliza.

HUMILHAÇÃO

         Maurício e a esposa passaram o fim de semana tranqüilos, sem problemas o filho, mas a frustração viria na segunda-feira (15), quando o casal foi visitar  o interno. É que uma assistente social e um médico, cujos nomes decidiram conceder alta médica a Hilton.

Questionada  sobre as razões da liberação, já que o rapaz ainda apresentava problemas de agressividade, a assistente social foi ríspida: “Aqui não é a casa dele, ele tem que ir embora”.

Frustrado e humilhado, Mauricio levou o filho embora e voltou a encarar os mesmos problemas e diz que vive a iminência de uma tragédia em casa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *