24º BC organiza Marcha Barão de Caxias de São Luís a Caxias, lembrando a Balaiada

O 24º Batalhão de Caçadores realizará no período de 30 de julho a 1º de agosto uma marcha motorizada, a pé e fluvial, intitulada de “Marcha Barão de Caxias”, saindo de São Luís e chegando no município de Caxias, passando por diversas cidades do interior do Maranhão.

Esta atividade objetiva, prioritariamente, reviver um fato histórico do Exército, do Maranhão e, do próprio Brasil, a atuação do Patrono do Exército- Luís Alves de Lima e Silva na “GUERRA DA BALAIADA”.

Além disso, o Batalhão realizará um Levantamento Estratégico de Área e um reconhecimento dos municípios, com vistas ao possível emprego nas eleições deste ano. As principais atividades serão o contato com as autoridades instituídas, a fiscalização de produtos controlados (explosivos, armas e munições), o patrulhamento a pé e motorizado, a ação cívico-social por meio de atendimentos médicos-odontológicos e apresentações da Banda de Música, dentre outras.

 1.      Antecedentes da Balaiada

O período da história do Brasil denominado Regencial (1831-1840) é marcado pela existência de lutas sangrentas nas províncias, como resultado dos conflitos entre brasileiros e portugueses, os anseios de autonomia em confronto com a centralização política e as precárias condições sócio-econômicas em que viviam as classes subalternas.

O momento caracterizou-se também pelas experiências de autonomia, república e formação político-partidária, além dos gritos de liberdade que eclodiram em diversas províncias. O cenário era de racismo, disputas políticas, descaso das autoridades com a massa trabalhadora, crise econômica, fraudes eleitorais, desconfiança e ódio, conflito e violência.

No Maranhão, ocorreu a Balaiada ou Guerra dos Bem-te-vis, movimento social e popular que envolveu diversas camadas da população, camponeses, vaqueiros, escravos, negros forros, mas também, profissionais liberais e intelectuais.  A revolta eclodiu em função de alguns aspectos:

  1. Econômicos

Em meados de 1838, a economia maranhense apoiava-se na cultura pecuária e na algodoeira. Esta última estava em decadência desde que o algodão norte-americano reconquistara os mercados europeus.

Durante seu período de prosperidade (fins do século XVIII e início do XIX), o algodão havia atraído para a região um numeroso contingente de escravos e, com a crise, ninguém sabia como lidar com aquela multidão negra.

A pecuária, por sua vez, mobilizara boa quantidade de sertanejos semi-assalariados, que, aliados aos escravos rebeldes, ajudariam a impulsionar a futura rebelião.

  1. Políticos

A vida política da província reduzia-se às disputas entre Liberais e Conservadores.

Sob o estímulo do Ato Institucional, que proporcionou maior autonomia às províncias, os partidos disputavam, em tons violentos, o poder. De um lado, os conservadores, integrados por portugueses, contrários à situação, nas mãos do Partido Liberal ou cabano. A arena das disputas eram os pasquins e jornais que circulavam na época.

Quando os liberais pretenderam aumentar o poder dos prefeitos, com a promulgação da “Lei dos Prefeitos e Vice-prefeitos”, como forma de fortalecer seu próprio controle sobre a província, provocaram, com a medida, graves ressentimentos entre os “bem-te-vis”, criando um clima propício às convulsões sociais, que contribuíram para precipitar o conflito.

2.      O Movimento

A Balaiada configurou-se, assim, como uma sucessão de levantes de vaqueiros e rebeliões de escravos, testemunhando a resistência popular à ordem escravista e à dominação dos proprietários rurais, mas incapaz de oferecer uma alternativa a essa dominação. Além disso, qualquer proposta unitária era deliberadamente combatida pelos bem-te-vis.

As colunas dos balaios atacavam as fazendas do interior, enquanto que os escravos aproveitavam-se da instabilidade para fugir em massa, organizando quilombos. No entanto, quilombolas e sertanejos permaneceram desunidos, sem articular objetivos comuns.

Apesar dessas debilidades, em julho de 1839, os rebeldes ocuparam Caxias, segunda cidade da província, onde formaram um governo de bem-te-vis.

Depois que esgotaram e saquearam os recursos de sua sustentação em Caxias, a evacuaram e partiram à procura de outras vilas e cidades mais rentáveis para pilhar. Os bandos espalharam-se pelo Maranhão, levando medo, insegurança e desordem por onde passavam, chegando, mais de uma vez, a ameaçar São Luís.

É preciso ressaltar que, por muito tempo, a história discriminou o movimento dos balaios, denominando esta revolta como sendo somente de “bandidos”, “facínoras” e “miseráveis”. Entretanto, a historiografia atual busca um novo olhar sobre a balaiada, também do prisma daquela população oprimida que se revoltou com as arbitrariedades dos donos do poder local.

O movimento foi liderado pelo vaqueiro Raimundo Gomes, pelo fabricante de balaios Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, pelo chefe de um quilombo o Negro Cosme e os jornalistas José Cândido de Morais e Silva e João Francisco Lisboa.

 3.      A Pacificação

Em função da instabilidade política vigente na província do Maranhão e pela experiência adquirida nos conflitos externos e internos durante o período regencial, foi nomeado para novo presidente e comandante das armas da Província do Maranhão, o Cel LUÍS ALVES DE LIMA E SILVA.

O Coronel estava credenciado pelo seu talento militar, revelado na Guerra da Independência da Bahia, na Guerra da Cisplatina em 1825-1828, no subcomando do Batalhão Sagrado e na organização e comando, por cerca de nove anos, da instituição que constitui, hoje, a Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Ao futuro Patrono do Exército foi dada a missão de pacificar o Maranhão, ficando a ele subordinadas todas as tropas em operação naquela província e mais as do Piauí e Ceará, onde lhe foi concedida licença prévia de conduzir operações militares se necessárias a sua missão.

Em 7 de fevereiro de 1840, ele assumiu suas funções em meio à euforia geral. Dirigiu sua primeira proclamação aos maranhenses, dizendo-lhes a que vinha:

“Maranhenses! Mais militar do que político, eu quero até ignorar os nomes dos partidos que entre vós existem. Deveis conhecer as necessidades e as vantagens da paz, condição de riqueza e prosperidade dos povos e, confiando na divina providência, que tantas vezes nos tem salvado, espero achar em vós tudo o que for mister para o triunfo de nossa santa causa.”

“E, confiando na Divina Providência, que por tantas vezes nos tem salvado, espero encontrar em vós, maranhenses, tudo o que for necessário para o triunfo de nossa causa.”

Esta proclamação, espalhada por todos os recantos do Maranhão, terminou resultando na aceitação do interventor imperial pelos partidos e povo maranhense.

A capacidade e a competência profissional, aliadas a ampla visão administrativa do Cel Luís Alves ficaram notórias com a identificação das deficiências e dos óbices que a província possuía. Este fato é retratado no discurso que realiza na abertura da “Assemblea Legislativa Provincial”, em 03 de maio de 1840, quando destaca aspectos que necessitam aperfeiçoamentos nas áreas da instrução pública (Educação), administração da justiça (Judiciário), Corpo Policial (Polícia), Guarda Nacional (Exército), Religião, Santa Casa de Misericórdia (Saúde), Obras Públicas, Orçamento, entre outros.

Após reestruturar a administração da província e organizar as tropas, colocando o governo do Maranhão a funcionar a contento, deixou São Luís e foi dirigir pessoalmente as operações.

Os revoltosos maranhenses ligados aos bem-te-vis eram estimados em 2 mil na comarca de Brejo e cerca de igual efetivo na comarca de Pastos Bons, além de grupos esparsos em torno da cidade de Caxias. Não possuíam bases fixas, pois sua estratégia era de guerrilha rural, atacando pontos fracos das defesas do governo.

Em resposta a esta estratégia, o Comandante das Armas resolveu manter guarnecidas as vilas e cidades que eram alvo dos revoltosos. Criou uma Divisão Pacificadora dividida em três colunas operacionais:

  • a 1ª Coluna, comandada pelo tenente-coronel Sérgio de Oliveira, ocupou as comarcas de Caxias e Pastos Bons;
  • a 2ª Coluna, comandada pelo tenente-coronel João Thomaz Henrique, atuou nas regiões de Vargem Grande e Brejo;
  • a 3ª Coluna, comandada pelo coronel Souza Pinto Magalhães, ocupou a Vila Icatu e as margens do rio Mearim.

E foi a partir desses pontos-fortes que o Pacificador passou a combater a Balaiada, usando com frequência o cerco a contingentes rebeldes, com a estratégia de sempre ser mais forte em todas as partes, o que minou, aos poucos, as forças dos balaios.

A partir daí priorizou ações diplomáticas ou de relações públicas em nome do Imperador e da Igreja. E acenou aos rebeldes com concessões. Mas nem todos se sensibilizaram e continuaram as operações de rescaldo por quase cinco meses até 19 de janeiro de 1841, data da pacificação do Maranhão.

Ao passar o governo do Maranhão ao Dr. Antônio Miranda, Caxias lançou esta proclamação:

Não existe hoje um só grupo de rebeldes armados. Restabeleceu-se a ordem. Fui sempre respeitado e odedecido. Todos os empregados e chefes de repartição desvelaram-se em cumprir os seus deveres durante o tempo de meu governo. Não me ufano de haver mudado corações e sufocado antigos ódios de partidos, ou antes de famílias, os quais se por um tempo se acalmam, tal como a peste se desenvolvem por motivos que não podemos prever ou não nos é dado dissipar.”

A atitude legalista, a concessão da anistia, o prestígio às autoridades instituídas, a aversão ao roubo e ao peculato e a garantia à propriedade privada foram marcas indeléveis da atuação do Cel Luís Alves no episódio da balaiada.

Pacificou a província, restitui o poder às autoridades locais e regressou ao Rio de Janeiro para receber nova missão de pacificação na região sul do Brasil – a Revolução Farroupilha.

Pelas vitórias no Maranhão, foi promovido a oficial-general como Brigadeiro, recebeu seu primeiro título nobiliárquico, o de Barão de Caxias, em homenagem à cidade maranhense.

Este título também ornamenta a denominação histórica do 24º Batalhão de Caçadores desde 1997 – O “BATALHÃO BARÃO DE CAXIAS”.

Convidamos este conceituado veículo de comunicação da sociedade maranhense para cobrir e divulgar todas as etapas desta atividade e, inclusive, com a cobertura in loco no trajeto de 03 (três) dias, mediante coordenação com a Seção de Relações Públicas.

É a oportunidade que temos para apresentar à população ludovicense e maranhense uma passagem da história do Brasil e que marca a eterna ligação do Exército Brasileiro com o Estado do Maranhão.

(Assessoria de Comunicação do 24º BC)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *