Herói brasileiro (maranhense) Senta a Pua na ditadura militar!

* Herberth de Jesus Santos
(Ás da FAB, na 2.ª Guerra Mundial, Rui Moreira Lima (foto) solicita Comissão da Verdade mais rigorosa. Golpe de 1964 foi tramado por U$S 5 milhões . O também legendário primo William) Morre o Último Herói Brasileiro — foi a manchete do jornal O Estado do Maranhão, dada pelo diretor de Redação, Adalberto Areias, ao falecimento (13.6.1981) do brigadeiro (fluminense) Eduardo Gomes. No necrológio, via telex, o pranteado na Revolta dos 18 do Forte Copacabana (1922), no Rio; contra a Intentona Comunista (1935); brigadeiro, em 1941, na criação de bases aéreas e do Correio Aéreo Nacional; e, marechal-do-Ar, ministro da Aeronáutica, em 1955, no Governo Café Filho. Presenciei ao parto da edição, com o secretário de Redação e o diagramador, os dois já saudosos, Reginaldo Correia (Sargento Garcia) e Edu Corrêa, o editor de política (Francisco) Couto Correia, de nacional (J. França) e os repórteres Djalma Rodrigues (geral) e Renato Souza (de polícia), e Valdir Rios, depois que os irmãos Júlio Rodrigues e João Litho, então meus colegas do Sioge, hoje, capitães da indústria na Lithograf, apostaram no meu taco, no matutino, que, em mudança redacional, precisava de um copidesque. Foi assim que acresci meus rendimentos, saindo de noitinha da chefia da Revisão do Sioge, e, n´O Estado, em correção de um texto, quanto às normas gramaticais e adequação do estilo, antes de ir para a composição. Ali, o chefão esbanjou sua experiência da grande imprensa, e municiei meu currículo de egresso do Curso de Comunicação (Jornalismo) da Ufma, iniciado na Reportagem de O imparcial (1980) e culminado no Diário do Norte (de chefe de Reportagem a editor-geral), com bons articulistas, no apogeu da nossa Imprensa, no decênio, modéstia à parte, quando também fornecemos nossa colaboração, onde o diretor de Redação, Wady Hadad, adorava ser chamado de Braço-de-Radiola, Souzinha (editor de polícia), de Capacete, e Carlos Andrade (diagramador), de Risadinha. Talvez Areias (paraense, escolado no Jornal do Brasil e n´O Estado de São Paulo), ou a Nação, tachada de sem-memória, haja esquecido as derrapagens do reverenciado, no sistema ditatorial que apeou João Goulart (Jango), eleito legalmente, do poder central: ora, ministro da Aeronáutica do marechal Castelo Branco, assinou com este, em 1965, a denunciada fraudulenta liquidação da Panair, a nossa mais prestigiosa empresa aérea no Mundo, para levantar a Varig. O deputado Ulysses Guimarães (derrotado, em 1974, pelo gen. Ernesto Geisel, em pleito presidencial) parafraseou Eduardo Gomes em seu desabafo, de 1972, quiçá, assistindo ao regime de chumbo ser prodigioso em torturas e cair na vala da corrupção, também na Ponte Rio-Niterói, Coroa-Brastel, Tucuruí, Transamazônica, Lutfalla, etc.: “Só na liberdade se criam valores estáveis para o desenvolvimento e justiça social.” A Cobra Tá Fumando! Rui e William Entre Jovens de São Luís — Àquele tempo, era mais conhecido, aqui, o heroísmo do major-brigadeiro Rui (Barbosa) Moreira Lima, desde 1968, sempre que emergia, em sessões de Clubes de Jovens de São Luís, na Igreja de São Pantaleão, seu primo (também nascido em Colinas-MA), o legendário médico e comunista convicto Wiliam Moreira Lima, que, no auge da repressão, passou mais de 100 dias preso no 24.º BC, sob acusação de pelejar pela reforma agrária. Em nossa concepção juvenil, eram uma filmagem as 94 missões do tenente da FAB (Força Aérea Brasileira), na 2.ª Grande Guerra, com Senta a Pua (lema e símbolo, na fuselagem das aeronaves), título que escreveria sobre o Brasil, na Itália (1944-5), com a FEB (Força Expedicionária Brasileira), na sentença de A Cobra Tá Fumando!, já sem “É mais fácil uma cobra fumar que o Brasil entrar na guerra”. Comandante da Base de Santa Cruz, no Rio, num caça, em 31.3.1964, foi à interceptação das tropas do gal. Mourão Filho, deslocadas de Minas Gerais para derrubar Jango. Sem ordem para atirar, regressou, com sua cassação e luta pelos companheiros perseguidos. Os nacionalistas (de crânio e seriedade) foram exilados e a politicagem prosperou com os militares opressores. Guiado Pela Carta do Pai, Juiz em Caxias (MA), à Salmo de Salomão — Salta aos olhos, sua obediência à carta, de 30.4.1939, chegada no Rio, do seu pai, Bento Moreira Lima, juiz de Direito da Comarca de Caxias (MA), e que, em São Luís, desembargador, foi presidente do TJ. Remeteu-nos a um salmo do Rei Salomão ao filho Roboão, na pacificação das doze tribos de Judá (Israel): “Rui, és cadete, mais tarde, general. Agora, deves dobrar os teus esforços, estudar muito, obediência aos teus superiores, lealdade aos companheiros, dignidade no desempenho do que te foi confiado, atitudes justas e não arbitrárias. Sê um patriota verdadeiro e não te esqueças de que a força deve ser sempre empregada a serviço do Direito. O povo desarmado merece o respeito das forças armadas. Estas não devem esquecer que é este povo que deve inspirá-las nos momentos graves; e, nas loucuras coletivas, deves ser prudente, não atentando contra a vida de teus concidadãos. O soldado não deve ser covarde e nem fanfarrão. A honra para ele deve ser um imperativo e nunca ser malcompreendida (…)” A Alma da Panair na Resistência ao Arbítrio — Lemos que em todo 22 de outubro, ex-funcionários da Panair concentram-se no Aeroporto Santos Dumont (RJ), onde localizava-se a mais bem-sucedida empresa nacional do ramo, em reminiscência ao seu aniversário. Já devem ter lembrado que ela caiu com o Golpe de 1964, que o embaixador americano, no Brasil, Lincoln Gordon, negociou com Kennedy, na Casa Branca, por U$S 8 milhões, e ficou por 5, consoante obra publicada. E que Rui Moreira Lima, à Revista Época, em 2011, com a asa da carreira cortada pelo arbítrio, sem anistia geral, pede a prisão dos torturadores, “covardes e infames”; e que Eduardo Gomes ascendeu a Patrono da FAB, “post-mortem”, em 1984. Entre Chumbo Grosso e “Ora, me Comprem um Bode!” — Em O Estado, onde reluzia a advertência do Sargento Garcia, num cartaz, “Ser chefe é carregar um saco de serpentes, sem o direito de matar nenhuma”! , pelo sim, pelo não, Renato Souza, com suas matérias, todo o santo dia, corrigidas, “bateu” uma de um telex, num assalto, em São Paulo, com ambientação de São Luís, para dissimular sua intenção. Aí, o copidesque só anexou vírgulas e crases, nas laudas, deixando o texto intacto. Ele reconheceu, na Redação, o meu trabalho, tanto que eu seria, anos depois, editor do seu corajoso semanário Chumbo Grosso. Até hoje, na rádio em que dar o ar da sua graça, com audiência acentuada, RS saúda nossa sinceridade, em minha entrevista, ou citação de meus livros. Desacerto, ele fecha com seu bordão contumaz: “Ora, me comprem um bode!”— expressão que vem de “bode na sala”, quando um homem, liso, quis vender um deles, colocando-o em melhor visualização, na casa. Foi pior a emenda do que o soneto, com os balidos, dejetos e a fedentina empestando o ambiente, e necas de freguesia! Daí a cajadada numa adversidade: “Ora, me comprem um bode”! Renato pode até sentar a pua, agora, em homenagem ao nonagenário patriota conterrâneo, no Rio, que está combatendo, com lucidez, pela punição dos algozes de idealistas brasileiros indefesos, querendo uma Comissão da Verdade da Presidência da República, , em ação, inflexível, em Brasília.

(*)Jornalista e escritor

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