E-mail pra dona Bibi

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Olá, gatinha, muito bom dia e mil beijos! No aguardo de que estas poucas e mal traçadas venham a encontrá-la no bem bom por aí, vou logo te adiantando que por estas plagas, continua tudo igual. Nem a visita do Papa Francisco freou a sanha dos vândalos, que, a título de protestos contra o que não sabem, se danam a depredar tudo o que veem pela frente e a promoverem saques.

O Papa. Ah, o Papa Francisco… Esse argentino foi eleito para mudar o cenário da Igreja Católica, caso tenha tempo suficiente e o apoio dos outros ministros de Cristo. Acompanhei o desempenho do santo homem no Rio de Janeiro e confesso que me emocionei com a performance dele.

A começar pelo embarque na Itália rumo ao Rio. Ele mesmo carregava sua maleta de viagem.  Em sua visita, muitas surpresas. Primeiro, reduziu o que antes era uma extensa comitiva, quase à metade. Pediu para tirarem os vidros blindados no papamóvel e fez um fuzuê danado no Brasil.

Trocou o solidéu com um anônimo, beijou crianças, visitou uma família carente na favela. Quem não soubesse do que se tratava poderia imaginar até que era um político em busca de votos. O cidadão mostrou carisma logo na chegada com um inesquecível discurso, onde disse: “Não trago ouro nem prata, mas Jesus no coração”. Conquistou o Brasil inteiro logo de cara. Vida longa ao Papa!

Falando em Papa, Bibi, vou te relatar como o poder público maranhense é insensível a tudo e a todos. Bens sabes que o Papa João Paulo II esteve em São Luis, exatamente  no dia 14 de outubro de 1991, ministrando uma gigantesca missa campal no Aterro do Bacanga, onde foi construído o Papódromo, especialmente para essa finalidade.

Pois bem , Bibi de Deus. João Paulo II foi o primeiro Sumo Pontífice a visitar o Maranhão. Está sendo santificado pelo Vaticano, com a atribuição de pelo menos dois milagres. Eu pensei, morena, que fossem preservar aquela local, transformá-lo num santuário, já que  João Paulo vai virar santo.

Qual nada! O Papódromo está entregue às traças. No mais completo abandono, onde drogados fazem de morada. Até um assassinato ali aconteceu. Pode até ser pecado, mas confesso que fiquei com inveja dos matogrossenses. Em Campo Grande, João Paulo II rezou uma missa e o local foi transformado numa bela “Praça do Papa”.

Fazer o quê? No Maranhão não se dá bola para a história, nada é preservado. Se olhares o “Memorial de Bandeira Tribuzi”, construído na Ponta D’Areia, no governo de Luiz Rocha, vai entender muito bem o que falo. Uma bela construção de concreto armado, para manutenção do acervo do grande Bandeira Tribuzi,  um poeta dos melhores, jornalista brilhante, autor do hino de Louvação a São Luis e competente economista, responsável pela montagem do plano de governo de José Sarney, em 1965.

O homem foi fundador, junto com Sarney, do jornal O Estado do Maranhão. O senador sempre esteve no comando do poder no Maranhão, com apenas os hiatos de Zé Reinaldo e Jackson Lago, mas nem por isso Tribuzi mereceu pelo menos respeito à  sua memória por parte do antigo aliado. Uma lástima.

A Lívia passou o sábado saltitando de alegria. Foi o aniversário da tia e madrinha dela, a Rafaela, em Imperatriz. Parecia que a pimpolha era que estava aniversariando. São muito agarradas, apesar da distância. Bem, agora, vamos às mais importantes.

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Olha, Bibi, a onda de protesto contra tudo e contra todos está na moda. Em São Luís, o que a gente jamais poderia imaginar, está acontecendo. Funcionários do grupo Mateus deflagraram greve desde a última sexta-feira.

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Reclamam de trabalho escravo. São explorados à exaustão. Ganham pouco e trabalham muito. Os incentivos são irrisórios, talvez justificando aí o rápido crescimento dos empreendimentos do empresário Ilson Mateus.

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No sábado pela manhã, passei no supermercado da Cohama e lá estavam os funcionários. O piquete formado, megafone em punho, denunciando todas as mazelas a que são submetidos os funcionários do grupo. Quem imaginaria uma situação dessa, minha fofa?

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A Câmara Municipal está ocupada desde a última terça-feira, por facções do PSTU, PSOL e outros partidos nanicos, incentivados por alguns políticos que querem botar lenha na fogueira. Para sitiarem o Legislativo Municipal, utilizaram um estratagema inteligente.

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Primeiro arregimentaram alguns moradores da Vila Apaco, sob o argumento de que estavam reivindicando melhorias na infraestrutura do bairro. Em seguida, espalharam que iriam acampar em  frente ao Palácio de La Ravardière, sede da Prefeitura.

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A mentira era em dose dupla. Os moradores da Vila Apaco, quando perceberam a manobra, no mesmo dia, caíram fora. Onde já se viu morador de periferia de Hilux, laptop, e outros acessórios de informática da última geração.

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Um grupo de vereadores foi lá conversar com a rapaziada, mas de nada adiantou. Eles não deixam os vereadores se manifestarem na própria casa. Um chamou todo mundo de vagabundo, um certo Maxuel, sendo repreendido até pelos colegas.

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Na pauta de reivindicações, dá pra se vê a utopia dessa rapaziada. Mudança no Cofins, no Simples, criação de empresa de transporte coletivo  na rede pública, redução de salários de vereadores e  outras baboseiras.

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Na sexta-feira, um  estudante secundarista que havia sido “recrutado” na Vila Apaco, botou a boca no trombone. Disse que à noite, os ocupantes transformam o plenário e outras dependências da Câmara num verdadeiro bordel.

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Segundo o estudante, Bibi, a rapaziada pratica sexo entre pessoas do mesmo sexo, e a o grogue dá no meio da canela. E ai de quem vá se intrometer na ação deles. É assim que está por aqui, minha fofa, um verdadeiro Deus-nos acuda!. Pelo visto, tá faltando ordem generalizada é no Brasil inteiro. Desse jeito, boi não berra. Manifestação é uma coisa. Esculhambação é diferente.

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Olha, gatinha, com essa, teu pretinho vai se despedindo por  aqui, garantindo que retorna na próxima semana, se Deus quiser. E ele, com certeza quer, porque é legal com teu paquerrucho.

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Beijão do teu filhote amado

Djalma

 

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