Dom Belisário condena violência que provoca até fechamento de igrejas em São Luis

Dom Belisário sendo entrevistado por este blogueiro, na Rádio cAPITAL

Dom Belisário sendo entrevistado por este blogueiro, na Rádio cAPITAL

As igrejas da Sé, do Carmo, Rosário dos Pretos, Santo Antônio e São João,são, também alvos da violência que permeiam o Centro Histórico de São Luís. Por conta desse flagelo, esses templos religiosos não abrem mais à noite para as missas ou reuniões.
A informação foi dada pelo arcebispo metropolitano, Dom, José
Belisário, vice-presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em entrevista a este blogueiro, no programa Notícias da Capital, na Rádio Capital AM, no início da noite da última quarta-feira. Durante a entrevista, Dom Belisário respondeu ainda a questionamentos do apresentador e de ouvintes, relacionados à crise no sistema carcerário do Maranhão e, também sobre celibato,pedofilia na Igreja e as reformas introduzidas pelo Papa Francisco. Na entrevista, o líder religioso foi questionado por diversos ouvintes. Veja o resumo da entrevista:
É verdade que as igrejas do centro da cidade são fechadas agora no começo da noite, por conta da violência?
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Dom Belisário
– Infelizmente é verdade. O Centro Histórico de São Luis apresenta um cenário aterrorizante partir do fechamento do comércio. Em decorrência, as Igrejas da Sé, do Carmo, Rosário dos Pretos, São João Batista e Santo Antonio cerram as portas e não podem realizar qualquer evento a partir das 19 horas.
São Luis passa por um momento de angústia, com relação aos últimos acontecimentos no Complexo Penitenciário, com mortes, motins e outras situações de violência. Como a Igreja acompanha essa situação?

Dom Belisário-Todos os meses de janeiro, realizamos um encontro dos bispos maranhenses, onde é feita uma análise da conjuntura. Esse ano, fizemos o encontro na segunda semana deste mês, que resultou na Carta denominada “Ao povo de Deus e a todas as pessoas de boa vontade”. Na missiva, é feita uma reflexão sobre o problema carcerário no Maranhão.
Pedimos o empenho da sociedade no combate a esse flagelo, isso porque essa violência que assola o Maranhão e o Brasil, é a mesma que expulsa o homem do campo, que extermina a nossa juventude e a mesma que abala as nossas estruturas sociais.

A Igreja não custou muito a se manifestar a respeito dessa situação?

Dom Belisário- Não, de jeito nenhum! Temos a Pastoral Carcerária, que atua permanentemente junto aos presídios e os alertas sobre os problemas no Complexo Penitenciário do Maranhão são feitos com freqüência. Essa pastoral aglutina religiosos e leigos. Observa-se que essa questão de Pedrinhas é fruto de um conjunto de fatores negativos, como a falta de atenção do poder público, uma distribuição de renda extremamente injusta, como podemos observar nas visitas que fazemos às periferias. São cenários preocupantes que observamos em nosso trabalho de evangelização. Constatamos o desemprego, a falta de estrutura, de educação, da saúde e um abandono muito acentuado. Mas a Igreja está presente.

A morte da menina Ana Clara, queimada no incêndio a um ônibus, como foi vista pela Igreja?

Dom Belisário – Numa entrevista que concedida à Rádio do Vaticano, disse que a pequena Ana Clara é um anjo de Deus, no sentido original da palavra, ela é uma verdadeira mártir. Esperamos que a violência não venha a produzir mais mártires como a Ana Clara. O episódio foi muito dolorido.
A Igreja Católica está perdendo fiéis no Brasil para as igrejas evangélicas, conforme dados de pesquisas. E no Maranhão?
Dom Belisário – As igrejas evangélicas crescem em bairros da periferia, onde há conglomerados. A Igreja Católica, na realidade, se descuidou um pouco, mas o maior problema é na região Amazônica, por conta das dificuldades de acesso. Mas a Igreja continua firme, aqui no Maranhão, procuramos está presentes em todos os municípios, em todos os bairros. Neste domingo (26), por exemplo, estaremos instalando a paróquia de Nossa Senhora do Rosário, no bairro João de Deus. Porém, há uma questão a ressaltar. A Igreja Católica não usa de proselitismo para conquistar fiéis, conforme ensinamento de Jesus Cristo.

Falando em Jesus Cristo, a ciência andou questionamento a existência dele, pela falta de evidência arqueológica…

Dom Belisário – Isso foi no século XIX, mas, agora, nenhum cientista questiona mais a existência do Cristo Histórico. Até então, eles reconheciam apenas o Cristo da Fé. Cristo hoje é reconhecido por todos, embora não tenha deixado escritos de sua lavra. Mas essa polêmica hoje é irrelevante, a partir dos Evangelhos, das Cartas de Paulo e de outros registros históricos. Cristo é realidade.
O Papa Francisco vem adotando medidas corajosas, como a expulsão de padres acusados de pedofilia, assunto que era tabu na Igreja. Como o senhor vê essas ações do Sumo Pontífice?

Dom Belisário- Em apenas um ano, o Papa Francisco se tornou uma figura internacional. Foi eleito pela revista Times como o Homem do Ano. Isso graças à sua sensibilidade, competência e o carisma que lhe são peculiares. Bento XVI, por exemplo, combateu a pedofilia com unhas e dentes na Igreja, mas sua luta não obteve a repercussão que a ação de Francisco conquistou. Pedofilia é um grave delito e aqueles que incorrerem nesse erro devem ser afastados da Igreja.
O celibato já não deveria ter sido banido da Igreja, tanto para padres como para freiras?

Dom Belisário – Olha, o celibato para padres não é uma imposição, uma proibição da Igreja, apenas um costume que se enraizou ao longo dos séculos. Agora quanto às freiras, o problema é que eles fazem o voto de castidade quando ingressam na vida religiosa.

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