Empregada doméstica procura filho deixado há quase 40 anos com o pai no Maranhão

Na modesta casa no Jardim Campo Alegre, em Queimados, na Baixada Fluminense, Maria José e o filho caçula, o carroceiro Armildo, alimentam a esperança de reencontrar Cláudio. Foto: Cléber Júnior / Cléber Júnior

filho e mãe

Maria José: ‘’Não tinha condição de cuidar dele. Somos muito pobres’’ Foto: Cléber Júnior / Cléber Júnior

Quando vai à Via Dutra colher capim para alimentar os seus cavalos, Armildo Santos Machado puxa conversa com pedestres. Reza para que um deles seja seu irmão. Ou tenha ouvido falar dele. Movido pela vontade de realizar o maior desejo da mãe, o carroceiro de Queimados tenta encontrar Cláudio Martins do Nascimento. Filho do meio de Maria José Machado, ele foi entregue com seis meses ao pai, em São Luís do Maranhão, há quase 40 anos, e nunca mais foi visto por ela.

— Não tinha condição de cuidar dele. Somos muito pobres — lamenta a empregada doméstica, de 61 anos, que já tinha um filho na época, Jean, que ficou com a avó no Maranhão.

O namoro com o pai de Cláudio, Sebastião, durou três anos. Ele era mais velho do que ela, casado e dono de uma serralheria. Logo após o nascimento de Cláudio, terminaram a relação extraconjugal de forma turbulenta, e ele pediu para ficar com a criança. Diante da pobreza, ela cedeu. O garoto foi aceito pela mulher de Sebastião, que ajudou a criá-lo. Maria José veio para o Rio de Janeiro, na esperança de melhorar de vida. Aqui nasceu Armildo, de 31 anos. Ele cresceu ouvindo sobre o irmão que nunca viu.

— Torço muito para que ele esteja bem e que tenha crescido num lar feliz — comenta o irmão, que está disposto a tudo para localizar Cláudio: — Quero fazer o que puder para ajudar a nossa mãe, ela é a pessoa que eu mais amo na vida.

Em uma casa muito modesta de paredes amarelas e cor-de-rosa, no Jardim Campo Alegre, os dois não perdem a esperança de localizá-lo. Maria José sonha com o que vai dizer ao filho.

— Esse dia será o mais importante da minha vida. Ao estar frente a frente, talvez não reconheça, mas o meu coração de mãe vai dizer: é ele. Eu te amo — diz ela, com os olhos marejados.

Pistas são muito escassas

Sem fotos ou certidão de nascimento, as pistas do paradeiro de Cláudio são escassas. O que se conhece são cenários da história, como a serralheria de Sebastião, na Av. Kennedy, em São Luís, onde Maria José morava.

Sebastião, a mulher e Cláudio, além da filha do casal com o marido, mudaram do Maranhão para Limoeiro, em Pernambuco. Quando pensa na mãe postiça que acolheu seu filho, Maria José só pensa em agradecer.

— Mãe de verdade é quem cria. Eu devo muito a ela — afirma a doméstica.

Hoje, se estiver vivo, Cláudio tem entre 35 e 37 anos — Maria José não lembra o ano de nascimento. Como deve ser parecido com os irmãos, é moreno e corpulento.

— Fui criado sozinho e um irmão é diferente de um melhor amigo. É o meu sangue, uma parte da minha mãe — diz Armildo.

 

 

*Estagiária sob a supervisão de Celso Oliveira

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