Waldir Maranhão disse à PF que pediu apoio político a doleiro Youssef

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O presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), disse à Polícia Federal que em 2011 buscou apoio político do doleiro Alberto Youssef para sua candidatura a líder da bancada do PP (Partido Progressista).

Maranhão afirmou que conhecia Youssef apenas pelo apelido, “Primo”, e que só depois da deflagração da Operação Lava Jato é que soube do nome verdadeiro do doleiro.

Youssef é um dos principais protagonistas do escândalo de corrupção na Petrobras e firmou um acordo de delação premiada com a força tarefa da Lava Jato.

O depoimento de Maranhão foi prestado em junho passado em um dos inquéritos que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) desde março de 2015 como desdobramento da Lava Jato para apurar depoimentos prestados por Youssef e outros delatores sobre diversos parlamentares. O doleiro havia dito que Maranhão integrava um grupo de parlamentares do PP “de menor relevância” no PP que recebia pagamentos do esquema de R$ 30 mil a R$ 150 mil.

Maranhão foi intimado a prestar esclarecimentos ao delegado da PF Josélio Azevedo de Sousa a pedido da PGR (Procuradoria Geral da República) e com autorização do ministro relator no STF, Teori Zavascki.

O deputado afirmou que em 2011 tentou viabilizar seu nome, dentro do partido, para líder da bancada na Câmara e por isso decidiu procurar Youssef para que ele “pudesse indicar outros parlamentares do PP que poderiam lhe prestar apoio político”.

Ao explicar por que decidiu procurar o doleiro, Maranhão deixou dúvidas, atribuindo-as ao seu esquecimento. Disse não se recordar “quem foi a pessoa que lhe indicou Youssef” e que não saberia dizer se essa pessoa “foi uma pessoa do PP, alguém do seu relacionamento profissional ou pessoal”.

Maranhão disse que pegou uma carona para ir ao escritório de Youssef em São Paulo, mas não soube dizer o endereço.

O deputado afirmou que tinha a expectativa de que Youssef pudesse lhe ajudar “em razão da recomendação que recebeu sobre a pessoa” do doleiro, mas não sabia se ele era “político ou ocupante de cargo eletivo”. Em resposta a uma pergunta da PF, Maranhão reconheceu que “não procurou outras pessoas fora do meio político a fim de obter apoio à sua candidatura”. Ele disse que desistiu da candidatura logo depois.

A PF encontrou, como aponta relatório policial datado de setembro passado, um registro de entrada de Maranhão, de 2 de dezembro de 2011, no escritório de Youssef na avenida São Gabriel, em São Paulo, com uma fotografia e dados pessoais do deputado.

Outra operação da PF, deflagrada em setembro de 2013, a Miqueias, também identificou contatos de Maranhão com outro doleiro, um dos principais de Brasília, Fayed Traboulsi. Em dezembro passado, o site de notícias brasiliense “Metropoles” revelou uma conversa telefônica interceptada pela PF na qual Maranhão e Traboulsi combinam uma reunião. Na conversa, que ocorreu em novembro de 2012, Traboulsi chamou Maranhão de “meu deputado”, que retribuiu chamando-o de “meu irmão”.

OUTRO LADO

Procurado, por meio de sua assessoria, para falar sobre os contatos de Maranhão com Youssef e com Traboulsi, Maranhão não havia se manifestado até a publicação deste texto.

O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, que defende Traboulsi, informou que não tinha conhecimento dos telefonemas trocados entre seu cliente e Maranhão, mas que procuraria Traboulsi para se informar. Ele não havia conseguido localizá-lo até a publicação deste texto.

 

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