Me fixei, neste domingo, no Fantástico da TV Globo. Considero um programa de formato já cansado, sem os atrativos de anos atrás. Mas como tinha interesse nos resultados da jornada esportiva, e atraído pelas chamadas, deixei momentaneamente um dos canais fechados e me dediquei ao jornalístico dominical.
Eis que uma matéria me chama a atenção: Discorria sobre o desemprego e os seus efeitos maléficos, após 13 anos de enganação petista. O que me causou mais estupefação foi o desespero de um jovem casal que hoje reside de favor na garagem da residência de um amigo.
Com menos de 30 anos, os dois narram a história. Comerciários, se apaixonaram e viveram, por alguns anos, o sonho dourado de uma era. Pensavam que estavam no paraíso prometido por Lula e sua quadrilha.
Casaram, tiveram filhos e sonharam num futuro melhor.
Veio a crise e os dois foram demitidos sumariamente de seus empregos. Mergulharam no mar da miséria e do desalento. Os filhos tiveram de ser entregues aos avós. Chegaram a dormir na rua. Um amigo os acolheu.
As imagens, fortíssimas, mostram o casal se amontando entre uma cama, uma geladeira vazia e um fogão. Ambos são filmados, posteriormente, na função que exercem atualmente: Catadores de ferro velho. Dizem que conseguem, no máximo, R$ 15 por dia, o que mal dá para a alimentação.
Prestei muita atenção no relato, nesse drama que levou minha esposa, Elineusa às lágrimas. Comentei com ela que as desigualdades sociais no Brasil são gritantes. Enquanto um casal desempregado vive nesse submundo, querendo a todo custo qualquer ocupação que possa garantir o sustento da família, juízes federais que auferem mais de R$ 30 mil de salário ameaçam greve pela manutenção do salário-moradia, na base de R$ 4.3 mil.
Enquanto esses dois jovens expõem ao mundo essa chaga nacional, promovida por um governo corrupto, um ex-ministro da administração Temer é flagrado com mais de R$ 5 milhões num apartamento.
Há, hoje, uma grande horda de desempregados e de famintos no Brasil, em contradição a uma casta formada por políticos, magistrados e servidores públicos bem remunerados, que provocam toda essa contradição no que concerne à distribuição de renda.
Milhares são deserdados de todo aparato social no Brasil, que beneficia um grupelho e deixa escapar montanhas de dinheiro pelo ralo da corrupção.
Outros exemplos foram mostrados, com gente desempregada falando de suas desilusões, mas a epopeia desse casal desesperado e as lágrimas da Elineusa me fizeram refletir profundamente sobre as mazelas sociais de um Brasil que está distante anos luz de ser uma nação próspera e exemplar.