Greve da Meia Passagem completa 40 anos nesta terça-feira

Foi exatamente no dia 17 de setembro de 1979 que um grupo de estudantes da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) deu início à lendária Greve da Meia Passagem, que se tornou histórica pelos confrontos entre os grevistas e as polícias Civil e Militar, com registros de prisões, torturas, perseguições, ônibus e até viaturas policiais incendiados. Figuras hoje de relevo na política, na Magistratura e em outras áreas estiveram à frente do movimento.

Podemos citar, dentre eles, o juiz Agenor Gomes, o empresário e ex-vereador Renato Dionísio, o promotor e ex-deputado estadual Juarez Medeiros, o ex-prefeito de Cururupu, Francisco Pestana, além de jornalistas e outras figuras que se projetaram em suas áreas posteriormente.

Os estudantes queriam o cumprimento de uma lei municipal já sancionada pela Prefeitura, de 1958 e de autoria do então vereador Carlos Alberto Pinto (já falecido). O governador do Estado era João  Castelo,  pagaria pelo resto da vida uma culpa que disse não ser sua, por haver colocado as forças de segurança para reprimir a greve.

-Eles estavam fazendo baderna. O problema era do Mauro Fecury (prefeito da época), mas ele preferiu viajar sem dar atenção para o problema e eu até hoje pago o pato-, era o que dizia Castelo todo mês de setembro em anos posteriores, quando os grevistas comemoraram o evento aproveitavam para criticar o ex-governador, principalmente quando ele estava candidato a algum cargo eletivo.

Numa das disputas que perdeu para Jackson Lago para a Prefeitura de São Luis, Jackson foi cáustico com o opositor, durante um debate na TV.

“Eu sempre defendi a democracia. Nunca coloquei e jamais colocarei a polícia pra espancar estudantes”, disse Jackson em meio ao embate verbal. Castelo perdeu a eleição..

Já no ocaso da vida política, os dois se juntaram. Jackson recebeu o apoio de Castelo em sua campanha para o governo e, em retribuição, o governador nomeou Castelo para a poderosa Emap e logo em seguida lhe deu total sustentação para a prefeitura da capital.

Depois disso, não se falou mais na greve e João Castelo deixou de ser criticado pelos movimentos de esquerda principalmente pela ruidosa militância do PDT.

JUAREZ DE VICE

Da segunda vez que Castelo concorreu à prefeitura, teve como seu companheiro de chapa, exatamente o radialista, advogado, ex-deputado e agora promotor de Justiça Juarez Medeiros, um dos líderes do PSB, que aceitou a incumbência com respaldo da então prefeita Conceição Andrade e do ex-deputado federal José Carlos Sabóia.

Durante a greve, consta que Juarez teria sido sequestrado por policiais e evado para local ermo no bairro do Turu, onde teria sido espancado. Apesar da lembrança do movimento deixar de ter a força de antigamente, quando era usado para destronar Castelo durante suas campanha, a greve da Meia Passagem é um marco histórico em São Luís, em se  tratando de movimentos populares.

Há quem  diga ainda que a greve só tomou aqueles proporções, descambando para a violência, quando os universitários receberam a adesão dos estudantes secundaristas. Essa greve ainda é um prato cheio para acadêmicos em suas dissertações.

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