A fascinante história da maranhense que foi moradora de rua em São Paulo e hoje comanda uma poderosa Ong de apoio aos necessitados

A história de vida de Maria Eulina Reis Silva não deixa dúvidas de que ela não é uma pessoa comum. A presidente e fundadora da ONG Clube de Mães do Brasil cresceu em uma fazenda no interior do Maranhão, morou nas ruas de São Paulo por quase dois anos, depois de ter sido expulsa pelo marido de sua prima Francineti,  com quem tinha ido morar na capital paulistana.

-Ele pegou minha mala e me jogou na rua, afirmando que havia se casado com uma pessoa e não com uma família-, relata Maria Eulina.

Casou-se com um executivo poderoso e hoje cuida de adultos e crianças que precisam de ajuda. Todos os dias 48 crianças ficam na entidade depois que saem da escola e enquanto os pais estão trabalhando.

Maria Eulina é uma pessoa simples. Trabalha vestindo calça de moletom, camiseta e tênis, brinca com as crianças e se envolve em todas as atividades da casa. A sua força de vontade transparece no olhar, que brilha ao falar de sua vida e do trabalho que realiza, e só se recolhe ao se lembrar do marido, que morreu em 2000. Seu dia-a-dia é colocar a mão na massa para fazer a ONG andar, principalmente nas atividades rotineiras. Sair em busca de patrocínio não faz seu perfil. Para ela, seu trabalho deve comover a sociedade, e as empresas devem procurá-la para apoiar o Clube de Mães, e não o contrário. E nem as dificuldades financeiras pelas quais a entidade passa fazem Maria Eulina mudar de ideia: sua missão é construir.

“Eu morava nas ruas e um dia, estava no Parque Dom Pedro e um carro quebrou na minha frente. Uma mulher desceu do carro e eu vi que ela estava muito brava. Então fui conversar com ela, e ela se acalmou. Era a Vânia. Ela me perguntou se eu queria ir para a casa dela, e eu aceitei na hora. Vi que era a minha chance de sair das ruas. A Vânia foi um anjo que Deus colocou na minha vida. Ela percebeu que eu tinha uma formação, que eu poderia trabalhar, e me levou para a empresa em que ela trabalhava, a Vigor. Ela era secretária e eu virei telefonista. Foi lá que eu conheci o Alex. Ele era executivo. Foi outro anjo que Deus colocou no meu caminho. Ele me apoiou muito, devo a ele a vida que eu tenho como mulher de iniciativa.”

“Vivendo nas ruas, eu descobri que, para a sociedade, você vale o quanto você pesa. E o seu peso é medido em dinheiro, na sua conta bancária, no ouro, no diamante que você tem. Eu observava todo mundo, principalmente na época de Natal, com todas aquelas sacolas nas mãos, fingindo ser quem não eram para agradar os outros. Vi muito desperdício. Me alimentei do lixo, e eram muitas sobras. Então um dia, debaixo de uma ponte, eu pensei: Deus, se um dia você me tirar daqui, eu quero ser sua funcionária Quero trabalhar em benefício da obra humana. Hoje eu acho que faço só um pouquinho do que eu posso fazer, e não sei se vou ter tempo de realizar mais. Mas tudo o que eu faço é para o futuro, nada é imediato.  Faço todos os trabalhos de que o clube precisa. Limpo peixe, costuro, limpo salas. Não quero me distanciar dessa troca de sentimentos que eu tenho com as pessoas que eu ajudo, que eu procuro ajudar. Eu poderia sair em busca de patrocínio de empresas, mas acho que o meu trabalho mais importante é aqui dentro do Clube de Mães. Não sou eu que tenho de ir atrás. As pessoas e as empresas que têm de ver o trabalho que nós desenvolvemos aqui e vir nos oferecer ajuda. Por isso eu faço muitas palestras, sobre cidadania e responsabilidade social: para ajudar a divulgar e manter o trabalho que nós fazemos”, ressalta.

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