Embora sabendo do seu crítico estado de saúde, desde que foi acometido de um AVC, no dia 15 de julho de 202, custei a acreditar na morte do amigo Silvan Alves, um dos profissionais mais ecléticos, inteligentes e carismáticos de nossa Comunicação.
Quarenta anos passam com uma meteórica rapidez. Construímos, juntos, uma história, mais de 40 décadas atrás. Iniciamos no jornalismo mais precisamente em 1979, no extinto O Jornal, que era localizado na rua Cândido Ribeiro, no Centro Histórico da cidade.
Eu como revisor e ele como fotógrafo. Silvan tinha apenas 17 anos e eu, 21. O matutino logo seria incorporado ao Sistema Difusora de Comunicação, da família Bacelar. Os Bacelar, junto com o então governador, João Castelo, iniciaram um processo de expansão do grupo e fundaram, em 1980, em Imperatriz, o Jornal do Tocantins.
A essa altura, eu já havia sido promovido para a redação e coordenava um caderno de economia e fazia reportagens policiais. Os saudosos Mauro Bezerra e Djard Ramos Martins decidiram que eu seria deslocado para editar o Jornal do Tocantins, ficando a parte administrativa com o ex-deputado federal Hildo Rocha.
A equipe foi formada e Silvan fazia parte dela, além de Iran de Jesus dos Passos, atualmente professor da UEMA, Batalha, até hoje trabalhando com Hildo Rocha, Amor de Jesus, o Amorzinho e Raimundo Silva, fotomecânicos, o diagramador Parangaba e Jocildo Moraes, irmão do Jaci Moraes, que era o revisor.
Em Imperatriz, completamos o grupo, com Nilson Santos, na reportagem policial, e Marcelo Rodrigues no esporte, além de uma colunista social de nome Tereza. O jornal foi lançado depois de um árduo trabalho de organização. Muitas noites insones.
Eu e Silvan tivemo um péssimo cartão de visitas na segunda edição do matutino. Estávamos na Exposição Agropecuária de Imperatriz (Expoimp), numa noite de sexta-feira, quando tivemos a atenção despertada por dois estampidos de revólver. Um soldado do 50° BIS havia assassinado um comerciante com dois tiros na cabeça, à queima-roupa.
Decidimos abrir o jornal, cuja edição já havia sido fechada, para noticiar o episódio. Dias depois, eu, o Silvan e o motorista do matutino, cujo nome me foge à memória, ficamos no meio de um cerrado tiroteio entre policiais federais e capangas de latifundiários, numa estrada de terra batida, no então distrito de Ribeirãozinho, atualmente município de Governador Edison Lobão.
Foram muitos os perrengues e o Silvan jamais fugiu da raia. Era um fotógrafo diligente e muito corajoso. Depois de alguns meses, seguimos rumos diferentes. Vim para São Luís e ingressei no extinto Serviço de Imprensas e Obras Gráficas do Estado (Sioge), a convite de Djard Ramos Martins e o Silvan foi para o Rio de Janeiro.
Ficou pouco tempo no Rio e rumou para Brasília. Na Capital Federal, morou na casa do ex-presidente do STJ, Edson Vidigal e trabalhou no Correio Braziliense. De volta a São Luís, começou sua carreira de radialista, na Rádio Ribamar, migrando posteriormente para a Mirante AM, onde, durante vários anos, apresentou um programa no começo da madrugada.
Posteriormente, iniciou suas atividades como repórter e apresentador do programa policial, se transferindo depois para a Rádio Educadora e depois para a TV Difusora, onde apresentava o programa Bandeira 2. Também atuou na Rádio Difusora e também na Timbira.
Inquieto, Silvan disponibilizava pouco tempo para o lazer. Paralelamente às atividades em rádio e TV, também trabalhava em jornais impressos. Atuou ainda comigo no Jornal de Hoje, ainda como fotógrafo e também no O Imparcial, onde era repórter e fotógrafo.
Na minha concepção, um dos maiores comunicadores de nossa geração. Muito produtivo, também se destacava pela alegria. A última vez que o encontrei, em perfeito estado de saúde, foi durante a votação da gestão de Douglas Cunha para a presidência do Sindicato dos Jornalistas, quatro anos atrás.
Silvan Alves foi um exemplo de profissional probo, competente e muito sereno. Deixa uma grande lacuna em nossa comunicação. Vá com Deus, meu amigo Silvan. Você deixa um grande legado para sua família, seus colegas e para toda a sociedade.