A escola de samba Unidos de Fátima pisará forte mais uma vez este ano na Passarela do Samba Chico Coimbra, com o enredo “ Antonio de Paula, o mestre da Artesania, Celebração da Cultura Negra no Quilombo de Fátima,
em que presta significativa e justa homenagem ao seu mais ilustre componente, o artesão Antônio de Paula Rocha, um dos fundadores da agremiação carnavalesca.
A História do homenageado se confunde com a própria história da Unidos, que ajudou a fundar, no dia 28 dezembro de 1956 em formato de bloco, nas cores preto e branco, com o nome de Turma da Última Hora. Depois mudou o nome para Correio do Samba, adotando as mesmas core e posteriormente para Unidos de Fátima, quando mudou para as cores branco, azul e amarelo.
Em 1984, a Unidos de Fátima começou a se despontar como uma escola grande, quando fez o enredo sobre a Festa da Juçara, conquistando o inédito 3º lugar.
A partir de 1984 a Unidos de Fátima ficava sempre em 3º lugar até 1990. Entretanto, por várias vezes foi apontada para ser a grande campeã, mas numa época que só ganhavam a Turma do Quinto e a Flor do Samba, ela sempre perdia na nota dos jurados. Em 1990, A Escola apresentou um desfile de vencedora falando sobre “Bombagira”, o público aplaudia e vibrava, mas os jurados não se sensibilizaram.
Foi campeã pela primeira vez somente em 1991, repetindo o título em 1994.
Mostrando ter uma memória privilegiada para os seus 84 anos, Antônio de Paula conversou com o editor do blogue, onde relata a trajetória de uma das mais simpáticas escolas de samba de São Luís, conhecida como a “Namoradinha da Cidade”, destacando alguns de seus fundadores e ex-presidentes.
BDJ – Como surgiu a Unidos de Fátima?
Antônio de Paula- Fui convidado para fazer os instrumentos de percussão, do bloco Turma da Última Hora, em 1957. O bloco foi fundado no dia 28 de dezembro daquele ano e, um ano depois, foi modificado para Correio do Samba, em homenagem à rua do Correio, uma das mais conhecidas e movimentadas do bairro. Em 1959, foi decidido a mudança para Unidos de Fátima, após uma tentativa fracassada de se juntar a Correio do Samba com a Marambaia, para qye o bairro tivesse apenas uma representante no Carnaval.
BDJ- O senhor pode dar detalhes dessa história?
Antônio de Paula –Dirigentes da Correio e da Marambaia haviam se encontrado e articulado pela manutenção de apenas uma escola de samba no bairro, com o nome de Unidos de Fátima. Só que, quando a Marambaia reuniu todo o seu grupo, muita gente foi contra. Eu recebi essa informação de um dos diretores na porta da Igreja. Apesar do recuo da Marambaia, decidimos pela manutenção do nome Unidos de Fátima, que hoje é uma das grandes do nosso Carnaval.
BDJ- Quem foi o primeiro presidente da Correio do Samba?
Antônio de Paula – O primeiro presidente da Correio do Samba foi o José Raimundo, já falecido, que era funcionário do Tribunal Regional Eleitoral. Ele também foi o primeiro presidente da Escola quando mudou o nome para Unidos de Fátima. Teve como presidente Teófilo Saraiva Baldez.
BDJ- E sua história nessa agremiação, como é, quais os cargos exercidos?
Antônio de Paula – Entrei como artesão, para fazer os instrumentos de percussão, como faço até hoje. Fui diretor, intérprete e até presidente e contiuo até hoje na diretoria, sempre ajudando minha escola querida.
BDJ- Sua relação com os presidentes que passaram, como era?
Antônio de Paula- Sempre a melhor possível. Posso citar um grande número, como o Mário Almeida, o Arnaldo Miranda, o Cosmo Ferraz ex-vereador de São Luís e o vereador Chico Carvalho responsável pelo grande impulso da Unidos de Fátima. Foi com ele que ganhamos dois carnavais, em 1991 e 1994. Posso até dizer que a história da Unidos se divide entre antes e depois de Chico Carvalho.
Atualmente temos como presidente o cantor Ribão, que também é o intérprete. Um homem de fibra, que luta muito para mantar a escola viva.
BDJ- Como se sente sendo homenageado pela escola que ajudou a fundar?
Antônio de Paula –Difícil dar essa explicação. É uma mistura de orgulho, gratidão, carinho e muita emoção. Muito bom ser homenageado em vida, saber que o nosso trabalho foi e está sendo reconhecido.