Fraude, furto e convite para porrada marcam eleição para presidência do Senado

(Djalma Rodrigues)

 Foi o saudoso   jornalista, poeta e romancista Bernardo Coelho de Almeida, que certa noite, entre generosos copos de cerveja, me afirmou que o Senado era como um conselho de notáveis. Aglutinava um grupo geralmente formado por ex-governadores, ex-ministros e figuras exponenciais das áreas empresarial e industrial. Disse-me, que, diferentemente de outras casas parlamentares, no Senado o clima sempre havia sido mais ameno, sem discussões acaloradas, sem insultos, sem deboches e sem perturbação. Um verdadeiro Éden da política, na opinião do grande beletrista.

Bernardo Almeida era, na época, suplente do então senador João Castelo. Até recentemente, muita gente afirmava que o Senado era uma área de conforto para  a elite política brasileira. No entanto, a imagem do Senado não era essa que Bernardo Almeida pintou pra mim. Em 1963, o então  senador Arnon de Mello, pai do senador  Collor de Mello, matou a tiros, em plenário, o colega de parlamento, José Kairala.

Passados mais de  meio século, o Senado vem a protagonizar uma das mais tristes cenas da política nacional, quando da  eleição do presidente  da Casa, em pleito vencido pelo novato Davi Alcolumbre (DEM-AP), um jovem político de apenas 41 anos. Vários foram os episódios deprimentes, numa disputa que começou na sexta-feira, foi adiada para este sábado.

Primeiro ato: A  senadora Kátia Abreu, aquela que jogou um copo de vinho no rosto do senador José Serra, durante uma festa em Brasília, furtou uma pasta com documentos do senador que se elegeu presidente, quando este dirigia a sessão plenária da sexta-feira.

Segundo ato: Na mesma sexta-feira, os senador Tasso Jereissati  discutiu com o então candidato Renan Calheiros. Este o convidou para a porrada, lembrando aqueles desordeiros de rua que costumeiramente recorriam a esse expediente para provocar tumulto, durante  minha adolescência aqui em São Luis.

Terceiro ato:  Já neste sábado, na primeira votação, veio a fraude. Durante a votação, apareceu um voto a mais. Ao invés de 81 sufrágios, 82. De quem foi o mal feito?

Nova votação. Renan Calheiros, o candidato patinho feio, desistiu logo após o início. Mais tumulto, com muita gente defendendo novo pleito. Mas o senador José Maranhão, que presidia os trabalhos, foi firme e  prosseguiu a votação. Alcolumbre levou no primeiro turno, com 42 votos.

Agora, uma pergunta. Qual a semelhança desse Senado que emergiu das urnas no ano passado? Picadeiro ou campo de batalha? Você, leitor, é quem pode definir.

 

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