O exemplo de Sálvio Dino

 

(Djalma Rodrigues)

Costumo dizer que bebi de boas e cristalinas fontes, quando o assunto é jornalismo. No final de 1978, adentrei pela primeira vez a redação de um matutino. Era O Jornal, localizado ali na rua Cândido Ribeiro, onde ainda funciona a Edigraf. Levado por Udes Cruz, fui ser revisor. Em 1979, já era repórter. Pelas mãos de Mauro Bezerra e Djard Ramos Martins, fui ser editor do Jornal do Tocantins, em Imperatriz. Nesse noticioso, o atual deputado federal Hildo Rocha era o administrador e Silvan Alves, o fotógrafo.
Lá montamos as equipes de esportes, sob o comando de Marcelo Rodrigues. A reportagem de polícia ficou a cargo de Nilson Santos e, depois chegaria o professor universitário Iran de Jesus Passos, para me ajudar na área política. O jornal fluiu rápido, virou coqueluche em toda a região. Tinha apenas 22 anos e enfrentei meu primeiro grande desafio profissional.
Deputado no segundo mandato (havia sido cassado no primeiro, em 1964), o advogado, jornalista, escritor e imortal Sálvio Dino, pai do governador Flávio Dino, nos fazia visitas semanais na redação. Nos relatava o panorama político e nos deixava orgulhosos de sua companhia. O jornal tinha uma propósito político. Auxiliar a candidatura de Luiz Rocha ao governo do Estado.
Passadas as eleições, com a vitória de Rocha, o matutino foi vendido para o então prefeito de Imperatriz, Ribamar Fiquene. Voltei para São Luis e cada um da equipe procurou seu caminho.
Em 2003, a convite de Hildo Rocha, então prefeito de Cantanhede, organizei o trabalho midiático na campanha que o levaria à presidência da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (FAMEM). Sacramentada a vitória, fui ser o coordenador de Comunicação. Sálvio Dino estava na Assessoria Jurídica.
Um reencontro emocionante. Sua presença marcante, enriqueceu a entidade municipalista. Na última sexta-feira, fui entrevista-lo na Assembleia Legislativa, por conta da palestra que proferiu na segunda (25), sobre os 184 anos do Poder Legislativo e a importância histórica de 13 livros raros que foram restaurados.
Sálvio Dino estava feliz como uma criança. Agradeceu ao presidente Othelino Neto pela lembrança de seu nome. Contou casos e disse que estava como o filho pródigo que volta à casa paterna.
Por ocasião da palestra, com o plenário e a galaria lotadas de convidados ilustres, Sálvio Dino deu uma autêntica aula de história, para, no final, dizer que tem dois projetos: Escrever um livro sobre os grandes oradores da política maranhenses e outro a respeito da importância das mulheres do Maranhão na vida pública.
Fiquei maravilhado. Um senhor de 87 anos, Sálvio Dino mostrou muita lucidez, com uma palestra saborosa, daquelas que prendem o expectador, que entristece quando chega ao final. Alegra pelo fato de um homem brilhante, da estatura de Sálvio Dino, com o peso da idade, ainda mergulhar em projeto futuro, ao invés de envergar o pijama, calçar os chinelos descansar o dia todo no sofá, de frente para a TV.
Não! Sálvio Dino continua altivo, produtivo, e com uma linha de raciocínio que deixa muitos jovens a anos luz de sua impetuosidade. Sálvio maravilhou a plateia e deu grande exemplo, um exemplo que deve ser seguido por estas e pelas futuras gerações de políticos e de intelectuais do Maranhão.
Parabéns, Sálvio Dino! o Maranhão lhe tem uma grande dívida de gratidão.

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