Ministro do Turismo já redigiu sua carta de demissão

Dilma e Henrique Alves

Dilma e Henrique Alves

O ministro Henrique Eduardo Alves (Turismo) redigiu carta em que pede demissão do governo Dilma Rousseff. O peemedebista, próximo ao grupo do vice-presidente Michel Temer, é o primeiro dos sete integrantes do partido a pedir para deixar o primeiro escalão do governo da petista.

A decisão do ministro foi oficializada minutos após o PMDB fechar questão sobre o desembarque do governo, que será oficializado nesta terça (29).

Na carta, Henrique Eduardo Alves cita o vice-presidente e diz que “o momento nacional coloca agora o PMDB, meu partido há 46 anos, diante do desafio de escolher o seu caminho, sob a presidência de meu companheiro de tantas lutas, Michel Temer”.

“Todos —o governo que assumi e o PMDB que sou— sabem que sempre prezei o diálogo permanente. Diálogo este que –lamento admitir– se exauriu”, diz o ministro na carta.

Henrique Alves encerra o documento dizendo que pede demissão por “coerência” e cita a “luta por um Brasil melhor”. Ele ainda menciona a lealdade ao PMDB ao se dirigir diretamente a Dilma na carta de demissão.

“Estou certo de que sendo a senhora [Dilma] alguém que preza, acima de tudo, a coerência ideológica e a lealdade ao seu próprio partido, entenderá minha decisão”.

 

Temer se encontra com Lula e diz que rompimento é definitivo

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(Jornal o Globo)

BRASÍLIA – O vice-presidente Michel Temer encontrou-se no início da noite de domingo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Paulo. Segundo relatos de peemedebistas, Temer traçou um panorama da situação interna do PMDB, cujo clima para a reunião do diretório nacional é pelo rompimento, e disse ao ex-presidente que não há mais condições de se reverter o quadro.

Há pelo menos duas semanas, Lula tentava encontrar-se com o vice para tenta um acordo de convivência, mas Temer evitava o encontro. Na conversa de ontem, Lula indagou inclusive sobre a possibilidade de adiamento da reunião do diretório marcada para esta terça-feira. Mas, segundo peemedebistas, Temer disse que o resultado pró-rompimento já estava consolidado e que não seria mais possível “segurar o partido”.

— O rompimento é definitivo — teria dito Temer a Lula.

O líder do governo no Senado diz que, se Temer assumir, será o próximo a cair
A presidente Dilma Rousseff foi informada da conversa entre os dois ainda ontem por Lula, que desembarcou nesta segunda-feira em Brasília para — na impossibilidade de reverter o quadro — buscar a maior dissidência possível no partido.

O ex-presidente lamentou nesta segunda-feira a saída do PMDB do governo, em entrevista à imprensa estrangeira. Ele disse, no entanto, não significará um abandono total do partido.

— Vejo com muita tristeza o PMDB abandonar o governo ou se afastar. Pelo que eu estou sabendo, os ministros do PMDB não sairão e nem a Dilma quer que eles saiam — disse Lula.

O vice-presidente, por sua vez, se reuniu com peemedebistas para conseguir o desembarque unânime do partido do governo Dilma. Na noite de domingo, o vice-presidente Michel Temer recebeu em um jantar no Palácio do Jaburu o líder do partido no Senado, Eunicio Oliveira (CE), o vice-presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), e o presidente da fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco. Pela manhã desta segunda-feira, recebeu para um café o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, um dos que ainda resistem em deixar o governo.

 

OAB protocola novo pedido de impeachment de Dilma na Câmara

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A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) protocolou na tarde desta segunda-feira (28) novo pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O documento se somará agora a outros 11 pedidos pendentes de análise pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Houve confusão entre grupos pró e contra o governo no salão verde da Câmara quando os membros da OAB chegaram para protocolar o documento. (veja no vídeo acima)

No pedido de impeachment, a OAB acusa Dilma de crime de responsabilidade ao:

– tentar interferir nas investigações da Operação Lava Jato, inclusive no caso da nomeação do ex-presidente Lula, que é investigado, como ministro da Casa Civil;

– conceder renúncia fiscal à Fifa para a realização da Copa do Mundo de 2014;

– ter autorizado as “pedaladas fiscais”, que são atrasos no pagamento a bancos para maquiar as contas públicas.

“A sociedade espera celeridade na apuração de todos esses casos. É isso que nós queremos e é isso que a OAB espera. Esperamos serenidade, que as pessoas tenham calma, esperamos que esse ódio que está instalado diminua. Não podemos colocar uma classe contra a outra, pessoas contra si”, afirmou o presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia.

Ele afirmou que não houve encontro com o presidente da Câmara para falar sobre o pedido, porque a OAB entende de Cunha, que é investigado na Operação Lava Jato e responde a processo no Conselho de Ética da Casa, deve se afastar do cargo.

“Não encontrei o presidente Eduardo Cunha. Eu tenho uma posição, que é uma posição da OAB no que diz respeito à legitimidade do presidente da Câmara dos Deputados. Nós entendemos que o presidente da Câmara dos Deputados tem que se afastar da Câmara. Portanto, por não reconhecermos legitimidade nele, nós entregamos essa peça no protocolo”, disse Lamachia.

Questionado se acha que o pedido da OAB deveria ser aceito no lugar do processo que já tramita na Câmara, Lamachia disse que essa decisão compete aos parlamentares.

Avaliação de juristas ligados ao Planalto é de que o pedido de impeachment da OAB tem maior embasamento jurídico do que o pedido já acolhido por Cunha e em andamento na casa, informa o colunista de política do G1 Gerson Camarotti, que registrou com exclusividade o momento da entrega do documento no protocolo da Câmara.

Decisão

A decisão da OAB tem por base a aprovação, no último dia 19, de um relatório que aponta suposto comentimento de crime de responsabilidade pela petista no atual mandato. No dia 18, a entidade já havia decidido apoiar o pedido de afastamento de Dilma.

Em reunião do Conselho Federal, 26 das 27 bancadas estaduais da OAB votaram a favor do apoio à instauração do processo – somente a do Pará votou contra o apoio.

Nesta segunda, um grupo de advogados entregou um pedido ao presidente nacional da OAB para que adiasse a entrega do pedido de impeachment e que fizesse uma nova consulta aos membros da Ordem – dessa vez consultando diretamente os advogados. Humberto Gós, um dos membros que assina o pedido, afirma que há um “discenso na base da advocacia”.

Prefeitura lança edital de licitação do Sistema de Transporte Público

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A Prefeitura de São Luís realizou na manhã desta segunda-feira, o lançamento do edital de licitação do Sistema de Transporte Público de São Luís.

O evento contou com a presença do prefeito Edvaldo Holanda Júnior, o secretário municipal de trânsito e transporte (SMTT), Canindé Barros, o vereador Pavão Filho e demais autoridades.

Com o edital, a prefeitura abriu espaço de livre concorrência para que empresas possam administrar a sistema de transporte público na capital maranhense.

O atual sistema de transporte da cidade conta com 27 empresas e 874 ônibus, com 168 linhas, atendendo aproximadamente 550 mil usuários, com estimativa de 6,4 mil viagens diariamente.

A gestão municipal aponta que a licitação traz benefícios como a quebra de monopólio e a substituição imediata de cerca de 200 coletivos.

O edital será publicado ainda hoje. Após a assinatura da licitação, dentro de um ano, todos os coletivos devem ser climatizados. “Nós sabemos da sensibilidade do tempo, mas precisamos continuar caminhando e honrando os compromissos firmados”, pontuou o prefeito Edivaldo Holanda Júnior.

De acordo com o secretário da SMTT, para chegar até o edital de licitação a prefeitura teve que percorrer um longo caminho. Pois muitas etapas tiveram que ser cumprida desde a bilhetagem eletrônica até o Bilhete Único. “A população não acreditava que este edital de licitação iria sair. Mas para chegarmos aqui teve que haver uma implementação e requalificação da bilhetagem eletrônica, recarga embarcada e bilhete único. Essa licitação vai ser o diferencial para o transporte coletivo em São Luís”, ressaltou.

O novo sistema contempla as funcionalidades já existentes, como o Bilhete Único de Integração Temporal e a recarga embarcada e a biometria facial (que combate as fraudes no uso dos benefício de meia passagem e gratuidade), além da substituição imediata de cerca de 200 ônibus com idade fora da média recomendada pelo edital; acessibilidade em toda a frota; inserção, no sistema, de ônibus biarticulado; substituição gradativa da frota convencional por ônibus com ar-condicionado, com 180 climatizados já no primeiro ano de vigência do contrato.

 

 

Cota única do IPTU pode ser paga até esta quinta-feira nas agências bancárias

O prazo para o pagamento da cota única e primeira parcela do Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) 2016 sem juros e multa vence nesta quinta-feira (31). Quem optar pelo pagamento à vista terá direito ao desconto de 15% no valor do imposto. O pagamento pode ser efetuado em qualquer agência bancária, nas casas lotéricas ou correspondentes bancários autorizados.

Caso o contribuinte não tenha recebido o carnê do IPTU até a data do vencimento, está disponível no site da Secretaria Municipal da Fazenda (www.semfaz.saoluis.ma.gov.br), a emissão do Documento de Arrecadação Municipal (DAM) para pagamento do IPTU.

SEGUNDA VIA

Para imprimir a Guia DAM no site, basta clicar no banner do IPTU 2016, colocar a Inscrição do Imóvel, CNPJ ou CPF, inserir as letras de segurança, marcar a opção cota única ou 1ª parcela, imprimir o boleto e efetuar o pagamento em qualquer agência bancária, nas casas lotéricas ou correspondentes bancários autorizados.

Outra opção é solicitar a 2ª via do IPTU na Central de Atendimento do IPTU 2016, que funciona no 1º andar do prédio anexo da Secretaria Municipal de Fazenda (Semfaz), localizado na Avenida Kennedy, 1455 – Bairro de Fátima, das 8h30 às 16h.

 

Moro envia ao STF lista da Odebrecht apreendida na Lava Jato

Sérgio Moro

Sérgio Moro

Foto: Paraná Portal

O juiz federal Sérgio Moro encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a planilha da empreiteira Odebrecht, que lista 200 políticos que supostamente teriam recebido propina da empresa e todos os autos do processos envolvidos na 23ª e 26ª fases da Operação Lava Jato, batizadas de Acarajé e Xepa.  A planilha foi apreendida em uma busca da Polícia Federal na casa de Benedicto Barbosa da Silva Júnior, um dos executivos da empresa, na 23ª fase da operação Lava Jato.

A lista envolve pagamentos a pessoas com foro por prerrogativa de função, como deputados e senadores.

No despacho, o juiz afirmou que “o ideal seria antes aprofundar as apurações para remeter os processos apenas diante de indícios mais concretos de que esses pagamentos seriam também ilícitos”. O juiz também remeteu o inquérito que envolve o marqueteiro João Santana e sua esposa Mônica Moura. Fica a critério do STF decidir a fatia dos inquéritos que vai julgar e se devolve parte deles para a Justiça Federal, em Curitiba.

O juiz federal Sérgio Moro decretou na última quinta-feira (24) sigilo aos documentos da 26º fase da Operação Lava Jato, batizada de “Xepa”, deflagrada na última terça-feira (22). O sistema de processos da Justiça Federal deixou de permitir os acessos aos documentos, assim como aconteceu com os processos referentes à 23ª fase da Operação, que também corre em segredo de justiça e tem relação com a nova fase.

VEJA NA ÍNTEGRA:

PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA Nº 5003682-1­6.2016.4.04.7000/PR
REQUERENTE: POLÍCIA FEDERAL/PR­
ACUSADO: ZWI SKORNICKI­
ACUSADO: FERNANDO MIGLIACCIO DA SILVA­
ACUSADO: JOAO CERQUEIRA DE SANTANA FILH­O
ACUSADO: MONICA REGINA CUNHA MOURA­
ACUSADO: MARCELO RODRIGUES­
ACUSADO: MARIA LUCIA GUIMARAES TAVARES­
ACUSADO: VINICIUS VEIGA BORIN­
ACUSADO: BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUN­IOR
ACUSADO: MARCELO BAHIA ODEBRECHT­
DESPACHO/DECISÃO­
TRATA-SE DE PROCESSO NO QUAL FOI AUTORI­ZADA BUSCA E APREENSÃO EM ENDEREÇOS VINC­ULADOS A JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO­, MÔNICA REGINA CUNHA DE MOURA, ZWI SKOR­NICKI, GRUPO ODEBRECHT E EXECUTIVOS E PR­ESTADORES DE SERVIÇOS RELACIONADOS AO GR­UPO ODEBRECHT.
A APURAÇÃO INICIAL TEVE POR OBJETO DEPÓ­SITOS EFETUADOS EM CONTA SECRETA CONTROL­ADA POR JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO ­E MONICA REGINA CUNHA DE MOURA ATRAVÉS D­E CONTAS SECRETAS CONTROLADAS POR ZWI SK­ORNICKI E PELO GRUPO ODEBRECHT. TAMBÉM A­BRANGE DEPÓSITOS EFETUADOS POR ZWI SKORN­ICKI EM CONTAS SECRETAS CONTROLADAS POR ­PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO E EDUARDO COSTA­ VAZ MUSA, GERENTES DA PETRÓLEO BRASILEI­RO S/A – PETROBRÁS.
O PRESENTE FEITO TEVE DESDOBRAMENTO NO ­PROCESSO 5010479-08.2016.4.04.7000, COM ­NOVAS BUSCAS E APREENSÕES RELACIONADAS A­O ASSIM DENOMINADO SETOR ESTRUTURADO DO ­GRUPO ODEBRECHT E QUE ESTARIA VINCULADO ­À REALIZAÇÃO DE PAGAMENTOS SUBREPTÍCIOS ­PELO REFERIDO GRUPO EMPRESARIAL.
JUNTADA NESTES AUTOS, EM 22/03/2016, PA­RTE DO MATERIAL APREENDIDO NAS BUSCAS E ­APREENSÕES.
NA RESIDÊNCIA DO INVESTIGADO BENEDICTO ­BARBOSA DA SILVA JÚNIOR, FORAM APREENDID­AS PLANILHAS QUE RETRATAM PAGAMENTOS EFE­TUADOS A DIVERSOS AGENTES POLÍTICOS, ALG­UNS COM FORO PRIVILEGIADO.
CONSTATADO O FATO, DECRETEI SIGILO SOBR­E OS AUTOS NOS TERMOS DA DECISÃO DE 23/0­3/2016 (EVENTO 370).
DIANTE DO FATO, O MPF PETICIONOU INFORM­ANDO A IDENTIFICAÇÃO DESSAS PLANILHAS NO­ EVENTO 352, ARQUIVO AP-INQPOL6 ATÉ O AR­QUIVO AP-INQPOL11. REQUEREU A REMESSA DO­ PROCESSO E DO 5010479-08.2016.4.04.7000­ AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA PROSSE­GUIMENTO DAS APURAÇÕES EM RELAÇÃO A ESSE­S PAGAMENTOS E A MANUTENÇÃO PERANTE ESTE­ JUÍZO DA COMPETÊNCIA EM RELAÇÃO AOS PAG­AMENTOS EFETUADOS POR ZWI SKORNICKI E PE­LO GRUPO ODEBRECHT A JOÃO CERQUEIRA DE S­ANTANA FILHO E A  MÔNICA REGINA CUNHA DE­ MOURA, BEM COMO AOS PAGAMENTOS DE ZWI S­KORNICKI A PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO E ED­UARDO COSTA VAZ MUSA.
DECIDO.­
A INVESTIGAÇÃO ESTÁ MAIS AVANÇADA EM RE­LAÇÃO AO SEU OBJETO INICIAL, OU SEJA, AO­S PAGAMENTOS EFETUADOS POR ZWI SKORNICKI­ E PELO GRUPO ODEBRECHT A JOÃO CERQUEIRA­ DE SANTANA FILHO E A  MÔNICA REGINA CUN­HA DE MOURA, BEM COMO AOS PAGAMENTOS DE ­ZWI SKORNICKI A PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO­ E EDUARDO COSTA VAZ MUSA.
OBSERVO, ALIÁS, A RECENTE PROPOSITURA P­ELO MPF DE DENÚNCIA CONTRA ZWI SKORNICKI­, JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO, MÔNIC­A REGINA CUNHA DE MOURA E OUTROS, DANDO ­ORIGEM À AÇÃO PENAL 5013405-59.2016.4.04­.7000.
TAMBÉM MAIS AVANÇADA EM RELAÇÃO AOS INV­ESTIGADOS HILBERTO MASCARENHAS ALVES DA ­SILVA FILHO, LUIZ EDUARDO DA ROCHA SOARE­S, FERNANDO MIGLIACCIO DA SILVA, OLIVIO ­RODRIGUES JÚNIOR, MARCELO RODRIGUES, OS ­TRÊS PRIMEIROS OS EXECUTIVOS DA ODEBRECH­T QUE, EM COGNIÇÃO SUMÁRIA, LIDERAVAM O ­SETOR DE OPERAÇÕES ESTRUTURADAS DA ODEBR­ECHT E OS DOIS ÚLTIMOS PRESTADORES DE SE­RVIÇOS PARA ESSE SETOR, PELO MENOS EM RE­LAÇÃO AOS PAGAMENTOS POR ELES EFETUADOS ­EM RELAÇÃO A AGENTES DA PETROBRÁS, MEDIA­NTE TRANSFERÊNCIAS POR CONTAS SECRETAS M­ANTIDAS NO EXTERIOR.
ESSES FATOS EM TESE PODEM CARACTERIZAR ­CRIMES DE CORRUPÇÃO E DE LAVAGEM DE DINH­EIRO.
OBSERVO, POR OPORTUNO, QUE, A PEDIDO DA­ AUTORIDADE POLICIAL E DO MPF, ZWI SKORN­ICKI TEVE A PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA ­POR DECISÃO DE 05/02/2016 NESTES AUTOS (­EVENTO 8), FERNANDO MIGLIACCIO DA SILVA TEVE A PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA  POR ­DECISÃO DE 11/02/2016 NESTES AUTOS (EVEN­TO 20), ESTANDO EM TRÂMITE PROCESSO DE E­XTRADIÇÃO, POIS PRESO NA SUÍÇA, JOÃO CER­QUEIRA DE SANTANA FILHO E MONICA REGINA ­CUNHA MOURA TIVERAM A PRISÃO PREVENTIVA ­DECRETADA POR DECISÃO DE 03/03/2016 NEST­ES AUTOS (EVENTO 225), HILBERTO MASCAREN­HAS ALVES DA SILVA FILHO, LUIZ EDUARDO D­A ROCHA SOARES, FERNANDO MIGLIACCIO DA S­ILVA, OLIVIO RODRIGUES JÚNIOR E MARCELO ­RODRIGUES TIVERAM A PRISÃO PREVENTIVA DE­CRETADA POR DECISÃO DE 15/03/2016 NO PRO­CESSO 5010479-08.2016.4.04.7000 (EVENTO ­12).
EM PRINCÍPIO, NÃO HÁ A PRESENÇA DE AUTO­RIDADES COM FORO PRIVILEGIADO NOS CRIMES­ QUE MOTIVARAM A DECRETAÇÃO DA PREVENTIV­A, OU SEJA, CONSIDERANDO, PORTANTO, APEN­AS OS PAGAMENTOS A JOÃO CERQUEIRA DE SAN­TANA FILHO A  MÔNICA REGINA CUNHA DE MOU­RA E AOS AGENTES DA PETROBRÁS, TANTO POR­ ZWI SKORNICK COMO PELO SETOR DE OPERAÇÕ­ES ESTRUTURADAS DA ODEBRECHT.
JÁ QUANTO AOS PAGAMENTOS IDENTIFICADOS ­EM PLANILHAS APREENDIDAS NA RESIDÊNCIA D­O INVESTIGADO BENEDICTO BARBOSA DA SILVA­ JÚNIOR, É PREMATURA QUALQUER CONCLUSÃO ­QUANTO À NATUREZA DELES.
NÃO SE TRATA DE APREENSÃO NO SETOR DE O­PERAÇÕES ESTRUTURADAS DA ODEBRECHT, ATRA­VÉS DO QUAL ERAM REALIZADOS OS PAGAMENTO­S SUBREPTÍCIOS, E O REFERIDO GRUPO ODEBR­ECHT REALIZOU, NOTORIAMENTE, DIVERSAS DO­AÇÕES ELEITORAIS REGISTRADAS NOS ÚLTIMOS­ ANOS.
DE TODO MODO, CONSIDERANDO A APREENSÃO ­E IDENTIFICAÇÃO DE TAL PLANILHA COM BENE­DICTO BARBOSA DA SILVA JÚNIOR, QUE RETRA­TAM PAGAMENTOS DO GRUPO ODEBRECHT A AUTO­RIDADES COM FORO PRIVILEGIADO, TALVEZ LÍ­CITOS, É O CASO DE REMETER ESTE PROCESSO­ E O DE Nº 5010479-08.2016.4.04.7000, AO­ SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
O IDEAL SERIA ANTES APROFUNDAR AS APURA­ÇÕES PARA REMETER OS PROCESSOS APENAS DI­ANTE DE INDÍCIOS MAIS CONCRETOS DE QUE E­SSES PAGAMENTOS SERIAM TAMBÉM ILÍCITOS.
A CAUTELA RECOMENDA, PORÉM, QUE A QUEST­ÃO SEJA SUBMETIDA DESDE LOGO AO EGRÉGIO ­SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
QUANTO ÀS INVESTIGAÇÕES MAIS AVANÇADAS ­EM RELAÇÃO AOS PAGAMENTOS EFETUADOS POR ­ZWI SKORNICKI E PELO GRUPO ODEBRECHT A J­OÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO E A  MÔNI­CA REGINA CUNHA DE MOURA, BEM COMO AOS P­AGAMENTOS DE ZWI SKORNICKI A PEDRO JOSÉ ­BARUSCO FILHO E EDUARDO COSTA VAZ MUSA, ­CABERÁ IGUALMENTE AO SUPREMO TRIBUNAL FE­DERAL, SE ASSIM ENTENDER, CINDIR AS APUR­AÇÕES E DEVOLVER ESTA PARTE A ESTE JUÍZO­.
ASSIM, DECLINO A COMPETÊNCIA DESTE PROC­ESSO E O DE Nº 5010479-08.2016.4.04.7000­, BEM COMO DOS CONEXOS, AO EGRÉGIO SUPRE­MO TRIBUNAL FEDERAL
PROMOVA A SECRETARIA DOWNLOAD INTEGRAL ­DESTE PROCESSO, O DE Nº 5010479-08.2016.­4.04.7000 E DA AÇÃO PENAL 5013405-59.201­6.4.04.7000, E REMETAM-SE ELES AO EGRÉGI­O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, COM URGÊNCIA­, PARA ANÁLISE. PROMOVA AINDA, SUCESSIVA­MENTE, O DOWNLOAD DOS PROCESSOS CONEXOS,­ REMETENDO-OS, EM SEGUIDA, À SUPREMA COR­TE.
O MATERIAL APREENDIDO, POR SEU VOLUME, ­DEVE PERMANECER NA POLÍCIA FEDERAL EM CU­RITIBA, À DISPOSIÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL­ FEDERAL.
CIÊNCIA AO MPF, DEFESAS E AUTORIDADE PO­LICIAL.
CURITIBA, 28 DE MARÇO DE 2016.­

DOCUMENTO ELETRÔNICO ASSINADO POR SÉRGIO­ FERNANDO MORO, JUIZ FEDERAL

Lula tem plano secreto para evitar prisão: pedir asilo à Itália

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(Revista Veja)

Numa crise que já revelou tramas e enredos antes inimagináveis, nada mais parece capaz de provocar surpresa nem espanto – e, no entanto, surpresa e espanto insistem em aparecer. Nos últimos dias, VEJA apurou o fio da meada que leva a um plano secreto destinado a tirar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil, caso sua prisão seja decretada. O plano prevê que Lula pediria asilo a uma embaixada, de preferência a da Itália, depois de negociar uma espécie de salvo-conduto no Congresso, que lhe daria permissão para deslocar-se da embaixada até o aeroporto sem ser detido – e, do aeroporto, voaria para o país do asilo.

A cronologia do plano, de acordo com os detalhes que VEJA conseguiu levantar, pode ser resumida como se segue.

Domingo, 6 de março. Sob o impacto da 24ª fase da Operação Lava-Jato, na qual foi levado coercitivamente para depor na Polícia Federal, Lula reuniu seus principais conselheiros. Ali, debateram duas alternativas. A primeira era uma intervenção no governo de Dilma Rousseff, com Lula assumindo de fato o comando do país, como se tentou fazer com sua nomeação para a Casa Civil. A outra era uma solução mais drástica, sugerida por conselheiros para os quais o problema não era apenas político: Lula deixaria o Brasil de tal modo que pudesse se apresentar como vítima de uma perseguição política. Surgiram quatro opções de destino: Cuba, Venezuela, França e Itália.

Segunda, 7. A cúpula do PT, com base na discussão do dia anterior, destacou um emissário para sondar o regime cubano sobre o nível de proteção que Lula receberia de Havana caso se asilasse ali. A Venezuela foi logo descartada da lista em razão de sua instabilidade política. França e Itália continuaram no horizonte. As sondagens se prolongaram por quatro dias, até que, na quinta-feira, 10 de março, os promotores do Ministério Público, numa trapalhada jurídica, pediram a prisão preventiva de Lula. O ambiente ficou pesado e as negociações ganharam mais tração.

Quarta, 16. Enquanto o país ouvia as gravações da conversa telefônica entre Dilma e Lula, na qual a força-tarefa da Lava-Jato colheu indícios de que os dois agiam para obstruir a Justiça, uma sondagem desenrolava-se a quinze minutos do Palácio do Planalto: na embaixada da Itália. O embaixador daquele país, Raffaele Trombetta, promovia um jantar para quarenta convidados. Entre eles, aliados do ex-presidente com atuação destacada no mundo jurídico e no Congresso. Em determinado momento do convescote, Trombetta teve uma conversa franca e reservada com os emissários do ex-presidente. Foi perguntado sobre possíveis desdobramentos caso Lula se refugiasse no prédio da embaixada italiana e desse prosseguimento ao pedido de asilo político. Trombetta prometeu estudar as consequências. (Procurado por VEJA na semana passada, o embaixador Trombetta repassou o telefone a seu chefe de gabinete, Alberto La Bella, que se assustou ao ser perguntado sobre o plano de asilo para Lula. Disse La Bella: “Isso foi uma conversa particular do embaixador. Não sei o que dizer. O ministro Lula está no país. Acho difícil essa saída”.)

Manhã de sábado, 19. Um dia antes, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, suspendera a posse de Lula como ministro da Casa Civil, numa decisão que caiu como uma bomba no PT. Como havia perdido o foro privilegiado e seu caso voltara às mãos do juiz Sergio Moro, em Curitiba, Lula passava novamente a correr o risco de ser preso preventivamente a qualquer momento. Lula resolve envolver-se pessoalmente no plano, que até aqui vinha sendo tocado sem a sua intervenção direta. Lula quis detalhes do assunto. Perguntou como deixaria o país sem ser capturado pela Polícia Federal, como seria o contato com as autoridades estrangeiras e quais seriam os desdobramentos para a sua família.

Noite de sábado, 19. Diante dos questionamentos de Lula, um pequeno grupo de advogados e políticos reuniu-se num endereço nobre de Brasília e detalhou de modo mais concreto o plano de emergência. Mesmo sem contar ainda com a resposta do embaixador Raffaele Trombetta, o grupo decidiu que a melhor opção era realmente a Itália. O fato de a ex-primeira-dama Marisa Letícia ter cidadania italiana e de o direito ser extensivo aos filhos igualmente investigados na Lava-Jato facilitava as coisas. Na reunião, os conselheiros debateram o roteiro jurídico para que o ex-presidente pudesse ser autorizado a deslocar-se da embaixada em que viesse a se asilar até o avião em que partiria para o exterior. Ficou acertado que seria necessária “uma saída negociada” com as principais forças políticas de oposição, já que o salvo-conduto teria de ser previamente aprovado pelo Congresso. A missão política foi delegada ao advogado Sigmaringa Seixas, ex-deputado do PT, e ao ex-ministro Nelson Jobim, que tem bom trânsito junto a diversos partidos. No PMDB, o primeiro a ser procurado foi o presidente do Senado, Renan Calheiros. Em seguida, acionou-se o ex-ministro Moreira Franco, por sua proximidade com o vice-presidente Michel Temer.

Plano de governo -PMDB prepara ajuste para cortar subsídios e diminuir gasto público

Temer, líder do PMDB

Temer, líder do PMDB

Oficialmente, o PMDB confirma que para se manter no debate econômico de maneira mais consistente, prepara uma ampliação do “Uma Ponte para o Futuro”, documento lançado no final do ano passado com propostas para a retomada do crescimento econômico. As medidas agora em discussão tratam da revisão de gastos na área social e uma nova política para essa área. Estão em debate um leque amplo, que inclui fim de subsídios, revisão na abrangência de programas sociais, mudanças na concessão de bolsas de estudos e até alternativas para tornar o SUS mais eficiente. Extraoficialmente, porém, quem teve acesso aos textos já produzidos entende que está em gestação um plano de governo.

 

No documento “Uma Ponte para o Futuro”, o partido tratou de temas como reforma do orçamento, privatizações e abertura comercial. Agora, dezenas de economistas estão sendo consultados e já leram diferentes versões de um novo capítulo que trata especificamente de uma proposta de agenda social. Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães, que coordena do trabalho, confirmou que há várias medidas em análise e comentou algumas levantadas pela reportagem.

 

Ex-governador do Rio de Janeiro e ex-ministro em duas ocasiões no governo de Dilma Rousseff – de Assuntos Estratégicos e da Aviação Civil -, Moreira é próximo ao vice-presidente Michel Temer. Faria parte de um restrito grupo de assessores de Temer e estaria encarregado de propor programas numa possível transição política.

 

A implementação das medidas, num eventual governo de transição, ficaria a cargo de um novo ministro da Fazenda. Entre os cotados está o economista Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, que tem trânsito em vários partidos e credibilidade no mercado. Outro nome é o do economista Armínio Fraga. Também ex-presidente do BC, teria sido titular da pasta se Aécio Neves tivesse ganhado a última eleição. Fraga já tem na cabeça as medidas que considera vitais para tirar o país da crise. Ele mesmo as listou em artigo publicado no Estado em setembro do ano passado. Coincidência ou não, são parecidas com as defendidas agora pelo PMDB. Há dúvidas, porém, se aceitariam, uma vez que ministros da transição, a pedido de Temer, não poderiam integrar o governo que emergiria da próxima eleição.

 

Ao explicar as medidas em gestação, Moreira Franco enfatizou que a meta é fazer o governo gastar o que tem, não o que quer. “Avaliamos medidas da área social que possam beneficiar a população, combater a pobreza e, ao mesmo tempo, manter o equilíbrio fiscal e a saúde das contas públicas: são medidas que já foram usadas no Brasil, que são adotadas em vários países.”

 

Segundo ele, já há consenso que é preciso rever subsídios. Um deles é o uso do FGTS, a fundo perdido, para financiar o programa Minha Casa, Minha Vida. “Isso precisa ser enfrentado antes que vire um grande problema: estão levando o uso do FGTS ao limite – e o fundo é do trabalhador, precisa ser remunerado, não dá para fazer graça com o dinheiro do outros.”

 

Também será revista a concessão de subsídios empresariais e setoriais. Eles passariam a ser vinculados a metas de desempenho e prazos predefinidos. Quem não cumprir o acertado, perde o benefício.

 

Na área educacional, a discussão é ampla. O Prouni, programa para universidades privadas, seria estendido ao Ensino Médio. O Pronatec se tornaria mais seletivo. Um estudo feito do Ministério da Fazenda concluiu que a maioria de seus alunos, ao final do curso, não conseguia emprego.

 

Haveria regras mais rígidas para o Fies, o Fundo de Financiamento Estudantil. “O Fies é eficaz, mas precisa de meritocracia”, diz Moreira. “Não pode ocorrer como no ano passado, quando vimos 3 milhões de alunos perdidos, sem repasses, ouvindo a desculpa que havia problema no sistema de informática, mas era falta de dinheiro para todo mundo.” Avaliou-se limitar o ensino gratuito nas universidades federais. A discussão não avançou.

 

Moreira confirmou que há propostas para programas sociais, mas não deu detalhes. Segundo o Estado apurou, o combate à desigualdade será mantido, mas vai se concentrar no atendimento nos 10% mais pobres, que estão abaixo da linha de pobreza (por critérios internacionais, quem vivem com menos de US$ 1 dólar por dia).

 

Existe ainda a leitura de que é fundamental fazer uma intervenção no SUS. O sistema é vital, mas está fora de controle. Não há, porém, clareza sobre como reorganizá-lo. Ao final, as propostas de cunho social vão se somar as da área macroeconômica para criar um pacote de reestruturação dos gastos. As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo”.

Esquema de propina da Odebrecht funcionava desde governo Sarney

Foto: Roosewelt Pinheiro segunda-feira, 31 de outubro de 2005 Sessão não deliberativa    Tribuna: Senador José Sarney (PMDB-AP) em discurso Local: Plenário do Senado Federal   OBS: Solicitamos sua atenção para o cumprimento da Lei do Direito Autoral n.º   5988, de 14 de dezembro de 1973, Cap. IV, Parágrafo 1º do artigo 82º, que determina: "A fotografia quando divulgada, indicará de forma legível, o nome de seu autor". O crédito deverá ser dirigido à Roosewelt Pinheiro / Agência Senado.

Foto: Roosewelt Pinheiro

Pedro Lopes*
Do UOL, em São Paulo

26/03/201606h00

A 26ª fase da operação Lava Jato expôs, na última terça-feira (22), a existência de um “departamento de propina” na empreiteira Odebrecht, que teria sido utilizado para movimentar altas somas de dinheiro em pagamentos ilícitos para agentes públicos e políticos principalmente em 2014. O esquema, no entanto, pode ser muito mais antigo. Documentos mostram que, durante o mandato presidencial de José Sarney (1985-1990), procedimentos bem semelhantes aos apontados pelos investigadores da Lava Jato envolviam 516 agentes públicos, empresários, empresas, instituições e políticos. Entre eles, há ex-ministros, senadores, deputados, governadores, integrantes de partidos como PSDB, PMDB e PFL (atual DEM).

UOL teve acesso a quase 400 documentos internos da empreiteira, a maioria datada de 1988, detalhando remessas e propinas a diversos políticos. A documentação estava de posse de uma ex-funcionária da Odebrecht. Como no esquema divulgado pela Lava Jato na terça-feira (22), eram utilizados codinomes para os receptores dos pagamentos e as propinas eram calculadas a partir de percentuais dos valores de obras da empreiteira nas quais os agentes públicos estavam envolvidos.

A Odebrecht afirmou “que não se manifestará sobre o tema”. Todos os políticos ouvidos negaram qualquer envolvimento em esquema de propinas com a construtora.

Reprodução/UOL

Chamada “Relação de Parceiros”, a lista cita nomes de políticos com respectivos codinomes

Na documentação chamada “Livro de Códigos”, havia uma lista, batizada de “Relação de Parceiros”, que detalha os codinomes de políticos, agentes públicos e empresários relacionados às obras da Odebrecht nas quais teriam atuado.

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Um dos nomes que aparecem é de Antonio Imbassahy, atual deputado federal pelo PSDB – que tinha o codinome “Almofadinha”, e estaria relacionado à obra da barragem de Pedra do Cavalo, na Bahia. Imbassahy presidiu a Desenvale (Companhia do Vale do Paraguaçu) nos anos 1980, quando era filiado ao PFL. A Desenvale foi o órgão público responsável pela obra de Pedra do Cavalo.

Anotações revelam pagamentos de propinas pela Odebrecht desde os anos 80, afirma ex-funcionária

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Também do PSDB, Arthur Virgílio, atual prefeito de Manaus, recebe o codinome “Arvir”. Do PMDB, são citados Jader Barbalho (“Whisky”), atualmente senador, ligado à obra da BR-163, no Pará, e o ex-ministro de Minas e Energia, senador Edison Lobão (“Sonlo”). Os filhos do ex-presidente José Sarney, Fernando e José Filho, aparecem com os codinomes “Filhão” e “Filhote”; Roseana Sarney, como seu nome de casada, “Roseana Murad”, aparece como “Princesa”.

Na lista, está também o ex-presidente e atualmente senador recém-desfiliado do PTB, Fernando Collor de Mello (“Mel”), relacionado a um emissário submarino construido na década de 1980, quando ele era governador de Alagoas. Há também o nome de Aroldo Cedraz, atual presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), de codinome “Toldo” e ligado à obra adutora do Sesal – ele ocupava na época os cargos de presidente da Cerb (Companhia de Engenharia Rural da Bahia) e de secretário de Recursos Hídricos e Irrigação da Bahia.

O já falecido ex-deputado federal e governador do Mato Grosso, Dante Oliveira (1952-2006), que ficou famoso como o autor do projeto que pedia eleições diretas para presidente nos anos 1980, tinha o apelido “Ceguinho” e estaria relacionado a obras de canais em Cuiabá, cidade onde foi prefeito por três mandatos.

“Esquema sempre existiu, sempre foi esse”

“O esquema naquela época era mais ou menos como esse divulgado essa semana, só não tão organizado assim. Esse esquema de propina, de fraudar licitações, sempre existiu na empresa. Aliás em todas as grandes, o esquema sempre foi esse”, explica Conceição Andrade, ex-funcionária da empresa e que trabalhou no departamento responsável pelos pagamentos – a antecessora de Maria Lúcia Tavares, que delatou o esquema atual na Lava Jato.

“Eram porcentagens de valores das obras. Era feito o fechamento, e determinava um percentual. A partir daí ocorria o superfaturamento e o pagamento. Tudo isso era feito através de transações bancárias e dinheiro. É bem semelhante ao que foi divulgado na Lava Jato, mas hoje tem um departamento específico para isso. Naquela época era feito em nível de gerência, mas acredito que tenha funcionado em diretoria e presidência também”, completa Conceição.

Reprodução/UOL

Lista com 516 nomes cita políticos, a exemplo do senador Edison Lobão (PMDB-MA)

“Quando fui demitida e peguei os pertences pessoais, esses documentos estavam no meio da caixa, acabaram vindo junto. As pessoas recomendaram que me desfizesse, mas achei bom guardar. É preciso traçar um paralelo, mostrar que isso é antigo. Alguns desses crimes podem até estar prescritos, mas isso tudo mostra que o esquema vem de bem antes. A saída é reforma, não é demonizar o PT”, explica a ex-funcionária.

Investigação

Em 2015, Conceição encaminhou toda a documentação detalhando as propinas para o deputado federal Jorge Solla (PT-BA). Solla apresentou tudo em dois âmbitos: na Polícia Federal e na CPI da Petrobras.

Os documentos foram entregues ao delegado Bráulio Galloni, que, por sua vez, remeteu tudo para Curitiba, sede da força-tarefa da Lava Jato. Atualmente, estão na Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da Polícia Federal.

Outro Lado

O deputado federal Antonio Imbassahy afirmou que é “um despropósito” a menção ao seu nome na “Relação de Parceiros” da Odebrecht. “Como homem público sempre tive uma relação baseada na decência com a Odebrecht e com qualquer empresa.”

O prefeito de Manaus, Artur Virgílio Neto, enviou nota ao UOL, na qual afirma:

“Meu pai, que tinha nome igual ao meu, era, nessa época, um simples senador cassado. Eu era um ex-deputado, prefeito de Manaus entre 1989 e 1992, distante dos governos federais desse período, que nunca se relacionou com a empresa Odebrecht.

Não fui e não sou parceiro de empresas e, em meio a esse charco todo, sempre me mantive nos limites da seriedade pública.

Considero no mínimo precipitada a formulação da pergunta sobre “propina”. Equivaleria a eu perguntar ao jornalista se ele vende opinião em matérias ou artigos. Perdoe-me a dureza, mas sou cioso do patrimônio de honradez que herdei e que transmito aos meus filhos.

Desviar o foco dessa lama que vem cobrindo o Brasil pode terminar servindo de válvula de escape para os que têm culpa real nos desmandos éticos que desmoralizam o Brasil.

Nos meus dois mandatos de prefeito, não houve nenhuma obra dessa empresa [Odebrecht]. Espero, sinceramente, que um veículo do peso e da respeitabilidade de vocês saiba respeitar a honra de quem a possui.”

Advogado responde por Lobão e Sarney

O advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, negou que seus clientes, o senador Edison Lobão (PMDB-MA) e a ex-governadora Roseana Sarney, tenham cometido qualquer ato ilícito.

“O Brasil passa por um momento de criminalização da política. Isto é muito grave. Vamos afastar da atividade política, que é essencial para qualquer país, as pessoas de bem. E a delação passou a ser prova para incriminar, sem sequer investigar. Um país punitivo não serve para a democracia. A palavra do delator normalmente é falsa e estranhamente seletiva.”

UOL entrou em contato com o assessor de imprensa de Collor, que informou não ter conseguido contato com o gabinete dele em Brasília. A reportagem ligou para os telefones do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e de seus assessores, mas ninguém atendeu aos telefonemas. A assessoria do TCU não respondeu aos questionamentos da reportagem. O UOL não conseguiu contato com Fernando Sarney e José Sarney Filho.

 

Ex-deputado corrupto dedura Lula, irmã de Aécio e FHC em delação premiada

Lula e FHC, farinha do mesmo saco

Lula e FHC, farinha do mesmo saco

BELA MEGALE

DE SÃO PAULO

O ex-deputado federal Pedro Corrêa (PE), ex-presidente do PP, cita políticos da base do governo e da oposição em sua delação premiada, negociada por cerca de oito meses e assinada há duas semanas com a PGR (Procuradoria Geral da República).

A Folha teve acesso a alguns trechos da delação de Corrêa, preso em Curitiba, chamados de “anexos”. O acordo ainda precisa ser homologado pelo Supremo.

Em um destes anexos, intitulado “Mesada de Augusto Nardes”, o ex-parlamentar mira o atual ministro do TCU (Tribunal de Contas da União).

Afirma que, entre 2003 e 2005, quando Nardes era deputado federal pelo PP, ele estava entre os nomes da bancada da Câmara que recebiam propina arrecadada pelo deputado José Janene (morto em 2010) junto à Petrobras e outros órgãos com diretorias indicadas pelo PP.

Corrêa lembra que, quando Nardes foi nomeado ministro do TCU, em 2005, foi destruído um recibo que comprovava o pagamento da propina. Era, segundo Corrêa, um recibo de valor “baixo”, algo entre R$ 10 mil e R$ 20 mil.

Isso foi feito, de acordo com o ex-deputado, porque o documento poderia “prejudicar a nomeação”.

O pernambucano também apresentou uma lista de operadores de propina e incluiu o nome de Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e uma de suas principais assessoras, como a responsável por conduzir movimentações financeiras ligadas ao tucano.

A citação a ela é a primeira numa lista que inclui nomes como Marcos Valério, operador do mensalão, e Benedito Oliveira, o Bené, investigado na Operação Acrônimo, que apura suspeitas de irregularidades na campanha de Fernando Pimentel (PT) ao governo de Minas Gerais, no ano de 2014.

REELEIÇÃO

Também foi apresentado um anexo sobre o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que tem como foco a votação que aprovou a emenda constitucional possibilitando a sua reeleição, em 1997.

Segundo o relato, o ex-presidente FHC contou com apoio financeiro do empresariado para aprovar o projeto da reeleição.

Olavo Setubal, do Banco Itaú, morto em 2008, é mencionado como alguém que ajudou FHC.

“Olavo Setubal dava bilhetes a parlamentares que acabavam de votar, para que se encaminhassem a um doleiro em Brasília e recebessem propinas em dólares americanos”, diz o anexo, citando o relato do ex-deputado federal pernambucano.

A delação de Corrêa deve causar impacto, entre outros motivos, porque ele teve quase 40 anos de vida política, parte deles presidindo o PP, legenda que integrou a base aliada dos presidentes FHC, Lula e Dilma.

Passaram por seu crivo nomeações como a de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, um dos primeiros delatores da Lava Jato.

A colaboração está consolidada em pouco mais de 70 anexos, cada um com um tema. São cinco referentes a Lula e cinco a Dilma.

LULA

Um dos fatos apontados por Corrêa envolvendo Lula, como revelou a revista “Veja” no ano passado, foi uma reunião com a participação dele, do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, e de José Eduardo Dutra, na época presidente da Petrobras, para acertar a nomeação de Costa para a diretoria da estatal, em 2004.

O ex-parlamentar e outros integrantes da cúpula do PP defendiam a nomeação, enquanto Dutra, sob pressão do PT, era contra.

Corrêa disse, porém, que Lula atuou em nome do indicado e revelou detalhes da conversa.

“Mas Lula, eu entendo a posição do conselho. Não é da tradição da Petrobras, assim, sem mais nem menos trocar um diretor”, disse Dutra, na época presidente da estatal.

Lula respondeu, segundo Corrêa: “Se fossemos pensar em tradição nem você era presidente da Petrobras e nem eu era presidente da República”, teria dito.

De acordo com o relato, 15 dias depois deste diálogo, com a nomeação de Costa, o PP destravou a pauta do Congresso Nacional.

Apesar das revelações, há pouca prova documental apresentada pelo ex-parlamentar, um dos motivos que levaram sua negociação a ser uma das mais longas da Operação Lava Jato.

Os fatos narrados por Corrêa são vistos como “uma crônica política” que ajudará a completar lacunas de outras colaboraçõe